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06/08/2021 às 11h11min - Atualizada em 06/08/2021 às 10h55min

As olimpíadas como símbolo do patriotismo e ferramenta de vitrine às modalidades esquecidas

O Skate, um esporte que já foi muito marginalizado, mostra sua grandeza ao mundo tornando-se um esporte olímpico

Vitoria Fontes - Editado por Andrieli Torres
Foto.: Rebeca Andrade posa com bandeira brasileira após conquistar o ouro no salto olímpico | Reprodução.: AFP
Os Jogos Olímpicos são responsáveis por oferecer visibilidade para as modalidades menos favorecidas, transformando-se em uma espécie de vitrine para a exposição de jovens talentos. O evento que acontece a cada quatro anos, traz consigo o objetivo de transmitir ao público a riqueza e sensibilidade do esporte.

Por mais longe que tentemos deixar a política do esporte, em algum momentos ambos irão se encontrar, afinal, o movimento esportivo é muito rico para apenas servir de entretenimento, a base do esporte tem a política em dois âmbitos, o alicerce e a negligência.


Quando falamos sobre o país sede dos Jogos Olímpicos, claramente iremos observar avanços socioeconômicos e estruturais acontecendo. Em 2016, o Brasil foi escolhido para sediar as Olímpiadas, a cidade eleta foi o Rio de Janeir, que recebeu as delegações e serviu de cenário para o espetáculo, logo, contou com um investimento de 29,6 bilhões envolvendo entidades públicas e privadas.
 

A glória em Pequim


Para muitos as olimpíadas de Pequim foi o grande estopim da trajetória vitoriosa brasileira dentro da competição em diversas modalidades. Recheada de acontecimentos marcantes, o evento levou à China a maior delegação de toda sua trajetória contando com 277 atletas e a participação em 32 modalidades com esportistas brasileiros, além disso, bateu o recorde alcançando 133 mulheres brasileiras participantes nos jogos.

Reprodução.: Vitoria Fontes

Anteriormente, o Brasil nunca havia conseguido conquistar a classificação para disputar a natação, logo, os jogos de Pequim foram essenciais para este feito. O tabu foi quebrado com a aparição de Cesar Cielo que conquistou a medalha de ouro nos 50 metros livres e ainda garantiu o Brasil no pódio conquistando o bronze nos 100 metros, assim, tornando-se o maior destaque mundial das piscinas por conta de sua velocidade sem comparação.

Foto.: Cesar Cielo vibra após conquistar o ouro nos 50m livres | Reprodução.:  AFP

O prestígio veio também no atletismo e agora com uma mulher, Maurren Maggi, a primeira brasileira da história a subir ao pódio olímpico após conquistar o ouro no atletismo e em provas individuais cravou 7,04m na final do salto em distância superando em um centímetro sua adversária russa Tatyana Lebedeva. 

Foto.: Maurren Maggi comemorando após conquistar o ouro no atletismo | Reprodução.:  AFP

A consagração do vôlei feminino veio dentro e fora das quadras em 2008, a equipe comandada pelo técnico José Roberto Guimarães que foi campeão nos Jogos de Barcelona em 1992 com o vôlei masculino, ficou muito próxima da conquista em Atenas 2004 após cair para a Rússia e posteriormente não conseguir conquistar o bronze diante da Cuba.

Foto.: Atleta Jaqueline e o técnico José Roberto Guimarães conversando sobre as táticas do jogo | Reprodução.:  AFP

Após campanha impecável em Pequim totalizando oito vitórias, 24 sets vencidos e apenas um perdido, a equipe consagrou-se campeã depois da vitoria contra os Estados Unidos por três sets a um, tendo assim, a atleta Paula Pequeno eleita a melhor jogadora de vôlei daquela Olimpíada.

Além da conquista do primeiro lugar no pódio olímpico três vezes, o Brasil conquistou medalhas em outras modalidades, como: futebol feminino, vôlei masculino, vela com a dupla masculina e o vôlei de praia com Marcio Araújo e Fabio Luiz conquistaram o segunda lugar mais alto do pódio, por fim, o terceiro lugar ficou com o futebol masculino, judô, taekwondo, 100 na natação, vela com a equipe feminina e no vôlei de praia com Ricardo Santos e Emanuel Rego.


Reprodução.: Vitoria Fontes

O pódio londrino


O judô com Rafael Silva, Mayra Aguiar e Felipe Kitadai garantiram o bronze, o ouro veio com Sarah Menezes atleta piauiense que disputou a final do peso ligeiro (48kg).

Foto.: A judoca Sarah Menezes vibra emocionada após a conquista do ouro | Reprodução.: London 2012 (Divulgação)

A ginastica artística com Arthur Zanetti fez história nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012 após levar o título de primeiro atleta do país a subir ao pódio olímpico escrevendo seu nome como o latino-americano de todos os tempos a conquistar um ouro na modalidade em Olimpíadas.

Foto.: O ginasta Arthur Zanetti beijando a medalha de ouro conquistada | Reprodução.: Reuters

Anfitriões em 2016


Os jogos olímpicos do Rio de Janeiro serviram para reerguer atletas de altíssimo nível que passaram por momento traumáticos, como foi o caso do ginasta Diego Hypolito que ficou fora do pódio em Pequim e em Londres caiu na fase classificatória com uma performance que pegou todos de surpresa, a derrota resultou em uma crise depressiva profunda para o atleta que com muito empenho e confiança da torcida brasileira conseguiu a conquista do ouro e se rendeu a muita emoção.

Foto.: Performance de Diego Hypolito em seu salto | Reprodução.: Roberto Castro

“Não consigo acreditar que é real. Isso mostra que se você acreditar no sonho, é possível. Em uma Olimpíada eu caí de bunda, na outra literalmente de cara, na terceira eu fiquei de pé. Eu nem era tão bom agora como era nas outras, mas consegui uma medalha. É inexplicável. Nunca desistam dos seus sonhos” - Diego Hypolito

A delegação brasileira conquistou também o ouro com o vôlei de quadra, futebol, vôlei de praia masculino, Martine Grael e Kahena Kunze nas velas, Robson Conceição no boxe, Thiago Braz no atletismo e Rafael Silva no judô.

A prata ficou com Isaquias Queiroz e Erlon de Souza representando a canoagem velocidade, Ágata e Bárbara com o vôlei de praia, Arthur Zanetti com a ginastica artística, Felipe Wu no tiro esportivo e Diego Hypolito com a ginastica artística.

O terceiro lugar no pódio também contou com a presença dos brasileiros, sendo: Taekwondo com Maicon Siqueira, Isaquias Queiroz na canoagem velocidade, Poliana Okimoto na maratona aquática, os judocas Rafael Silva e Mayra Aguiar.

 

 

O desafio em Tokyo


Foi necessário nos reinventarmos diante de um mundo assolado por uma pandemia causada pelo coronavírus, que nos impactou em todos os cenários possíveis, e com o esporte não seria diferente. Em um primeiro momento, os jogos seriam realizados em 2020, mas por conta do alto índice de infectados e morte, foi prorrogado para 2021 e nesse intervalo os atletas de todos os continentes precisam se reinventar em suas rotinas de treinamento para conseguirem chegar em Tokyo nas melhores condições possíveis.
 
Atletas como Darlan Romani  que compete na categoria de arremesso de peso teve seu patrocínio perdido e precisou fazer seus treinamentos em um terreno baldio sem a estrutura e equipamentos necessários, porém, tais condições não o impediram que ele chegasse até Tokyo e desempenhasse uma trajetória linda e emocionante, que levou às lagrimas todos os brasileiros que enfrentavam o fuso horário para acompanhar a conquista do quarto lugar.


Foto.: Performance de Darlan Romani em seu arremesso de peso | Reprodução.: BBC

A vitrine para novos talentos

Quem não se emocionou com Rayssa Leal de apenas 13 anos conquistando a prata no Skate, um esporte que já foi muito marginalizado e hoje mostra sua grandeza ao mundo tornando-se um esporte olímpico.

Foto: Rayssa Leal, 13 anos, garante a prata no Skate | Reprodução.: BBC

O surf também contou com belíssima atuação de Ítalo Ferreira, o atleta que começou surfando em prancha de isopor alcançou o lugar mais alto no pódio trazendo o ouro para o Brasil e mostrando o quanto a modalidade de potencial de crescer ano após ano.


Foto.: Ítalo Ferreira emocionado sendo carregado por seus companheiros após conquistar o ouro | Reprodução.: BBC

Rebeca Andrade marcou a história da Olimpíada, tornando-se a primeira ginasta brasileira negra a subir em dois pódios conquistando prata e o inédito ouro na disputa de salto.


Foto: Rebeca Andrade após conquistar o ouro no salto olímpico | Reprodução:  AFP

"É muito legal, porque a gente não vê muitas pessoas negras no esporte. Hoje em dia que está aparecendo mais. A gente pode se espelhar. Abro as redes sociais e um monte de página falando sobre minha música, sobre minha série. É muito bom ter meu trabalho reconhecido", destacou. Ao som de "Baile de Favela", de MC João, que Rebeca Andrade alcançou seu maior feito pelas Olimpíadas.

A paixão ao esporte


Após tantos momentos conturbados, as olimpíadas de Tokyo nos trouxe de volta o orgulho de vestir o verde e amarelo de nossa bandeira, o entusiasmo em burlar o cansaço e apoiar nossos guerreiros mesmo com o fuso horário, a alegria de ver jovens talentos conseguindo alavancar suas modalidades para outro patamar.



Olimpíadas é mais que esporte, é a União de todos os continentes num único objetivo e é isso que os anéis olímpicos representam entrelaçados, mostrar de uma vez por todas que nunca foi, nunca será só um jogo. Olimpíadas é o amor correndo nas veias, são anos de preparação para aquele momento, é para muitos ou melhor todos, um sonho realizado.


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