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13/08/2021 às 10h28min - Atualizada em 13/08/2021 às 09h51min

“Conte-me seus sonhos": a obra levanta questionamentos sobre como lidamos com nossos traumas

Nossos traumas são esquecidos ou "apagados" no inconsciente para proteção?

Hellen Almeida - Editado por Larissa Bispo
Ilustração: moça com nuvem escura sobrevoando sua mente // Reprodução: Pinterest


Uma menina de dez anos, introvertida e tímida, apesar de tudo é sempre sorridente e sonhadora, brincando com suas bonecas imaginando que é uma princesa guerreira, ela é feliz, bem, ao menos foi um dia.

 

De uma hora para a outra esta garota se torna cabisbaixa, incapaz de olhar nos olhos de qualquer um. Seus sonhos são tomados por medos e já não é tão afetuosa, repleta de abraços como antigamente. 



 

Os pais estranham, mas como se da noite para o dia, ela volta ao “normal”. Palavra questionável, pois algo mudou em sua personalidade, mas não sabem dizer o que seria. “Ela está apenas crescendo, se tornando mais madura” foi a conclusão a que seus parentes chegaram.
 

O tempo passa, mas as marcas continuam presentes

 

Todavia, assim como o ciclo de vida das flores nas estações do ano, a menina de fato amadurece: hoje é uma adulta, se tornou executiva e está bem financeiramente. 

 
Entretanto, sempre se questiona acerca de sua vida pessoal: “Por qual razão nunca desejei um parceiro? Será que minha impaciência e praticidade influenciam nisso?” são uma das perguntas que rondam sua mente, esta que desde sua infância está gritando em desespero, medo e agonia “ME OUÇA!” ela diz, mas nunca a escutam.
 




 


Esta mulher - vamos chama-la de “Ashley Patterson”? - conclui que a resposta é simples como olhar para o céu e ter certeza que ele é azul: 
 

"Nunca desejei manter alguém ao meu lado pois não conheci alguém que despertasse meu interesse, e tão pouco preciso disso! Sou feliz sozinha” conclui nossa hoje não mais sonhadora: grande equívoco.

 

Quando tudo muda

Porém, em um factual dia nublado de chuva leve - como o choro da mente de Asheley, que já cansou de implorar por socorro - tudo muda: nossa antes princesa guerreira se torna suspeita de uma série de assassinatos. Ela não compreende, mas sua mente vê neste caso a chance de seu último suspiro: “Preciso ser ouvida, é agora ou nunca!”
 

História intrigante, não? Quer saber seu desfecho? Então leia “Conte-me seus sonhos”, obra do autor Sidney Sheldon (1917-2007), conhecido com o título de autor mais traduzido do mundo com mais de 300 mil exemplares em 180 países. Já falamos de outra escrita do autor nesta matéria.
 

 


Traumas do passado e seus fantasmas

 

E é com esta obra, reconhecida como a mais inusitada do autor, que um questionamento é feito: nossos traumas são realmente “apagados” de nossas memórias ou traços de sua existência ainda aparecem no cotidiano? Para esse debate convidamos uma psicóloga e neuropsicóloga para trazer seu parecer.

 

Patrícia é formada há cinco anos e seu trabalho tem foco na ansiedade e desenvolvimento pessoal. De acordo com ela, quando há uma barreira em determinada fase ou característica da vida do indivíduo e não se sabe o motivo - como o caso da protagonista citada acima -, há uma possibilidade de trauma passado a ser identificado:

 

“A pessoa sente que tem algo de errado, geralmente cria um bloqueio com relação a algo e fica estagnado em alguma área da vida sem saber o  porquê.” afirma a profissional.

 

A mesma até trabalhou com um exemplo onde, com seu paciente, encontrou a resposta em questões que sobrevoavam sua infância, esquecendo como um mecanismo de defesa: 

 
“O paciente que estava totalmente bloqueado por questões da infância e que não se recordava, na verdade preferiu esquecer como se fosse um meio da mente se defender.” diz Patrícia. 


 

 

A arte imita a vida?

 

Este “apagão” leva tempo para ser tratado e necessita que o indivíduo esteja confortável para abordar a questão, podendo ela ser física, emocional, entre outros. Sendo usado como mecanismo de defesa:

 
“Essas lembranças ficam guardadas no inconsciente, que é o lugar onde se encontram a maioria dos traumas. Ele é de difícil acesso. O objetivo é ressignificar o acontecimento para que aquilo não seja um peso na vida. Isso acontece como um mecanismo de defesa”. Explica a psicóloga.
 

Muitas das vezes, o que a sociedade aceita como características de uma personalidade forte pode ser uma consequência deste trauma, desejando aparecer para ser solucionado, podendo aparecer também como ansiedade ou depressão. Como dito por nossa convidada:

 
“Com certeza a ansiedade, depressão e outros transtornos da vida adulta podem, sim, estar relacionados a traumas ou eventos passados que a pessoa interpreta como algo ruim e com isso trouxe um reflexo negativo na vida adulta. Todo comportamento diferente ou estranho tem algo por trás”, declara a neuropsicóloga.
 

Como pedir ajuda?

 

Para finalizar, nossa profissional guardou um recado para aqueles que se identificaram com o caso e buscam ajuda. Se interessou pela história e deseja saber seu desfecho? Então leia “Conte-me seus sonhos”.

“Primeiro passo é entender que só através do autoconhecimento é possível compreender alguns compartimentos e curar muitas feridas. Aceitar que terapia não é só para quem tem transtorno e sim para pessoas que querem trabalhar seu desenvolvimento pessoal.Finaliza.
  
 
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