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13/08/2021 às 18h50min - Atualizada em 13/08/2021 às 18h46min

O problema do acúmulo de resíduos e invenção de proteínas a partir de plásticos

Os pesquisadores Ting Lu e Stephen Techtmann conseguiram construir uma tecnologia capaz de transformar os resíduos de plástico em proteínas comestíveis

Ana Beatriz Diogo Rodrigues - Editado por Andrieli Torres
ONU/Saeed Rashid

 


Uma ave voa sobre o mar e precisa se alimentar, mas está confusa. Será que tudo isso que está boiando é alimento? Infelizmente, ela é surpreendida ingerindo um lacre de plástico e fica presa. Uma situação semelhante acontece com uma tartaruga marinha que ao tentar voltar para a superfície não consegue se movimentar pois ficou presa em uma sacola plástica. Assim, dois animais têm suas vidas privadas pela ação humana que descartou plástico nos mares. 

Essas histórias se repetem todos os dias nas águas do mundo. A grande extensão dos mares se tornou um monstruoso abrigo de lixo. Estima-se que todos os anos são descartados em torno de 6.4 milhões de toneladas de lixo nos mares e nos oceanos e estudos apontam que há cerca de 250 mil toneladas de lixo boiando nos oceanos. Os plásticos representam de 60% a 80% desse lixo marinho, que demoram centenas de anos para finalmente se decomporem. 

Esse acúmulo de resíduos traz diversas consequências para a fauna e os ambientes marinhos. Porém, os impactos não conseguem ser medidos com certeza pois os dados são calculados a partir dos animais que aparecem mortos na costa marinha. Com a ingestão desses detritos, as espécies podem sofrer maiores problemas durante o tempo, como a extinção de animais.

Pensando nessa problemática, e no acúmulo de lixo em espaço terrestre também, os pesquisadores Ting Lu e Stephen Techtmann conseguiram construir uma tecnologia capaz de transformar os resíduos de plástico em proteínas comestíveis. O processo utiliza microorganismos para realizar biologia sintética microbiana. Esses agentes quebram as moléculas de polímeros (famílias de moléculas são capazes de formar o plástico) e transformam em material orgânico possível de ser ingerido.

Os alimentos desse processo são nutritivos , além de serem personalizados de acordo com cada produção. No momento o produto desse processo é uma espécie de pó nutritivo e pretendem aperfeiçoar para atingir outros parâmetros. Os pesquisadores ganharam o prêmio 2021 Future Insight Prize com essa transformação. O prêmio é patrocinado pela Merck, empresa alemã de ciência e tecnologia, o prêmio foi um milhão de euros.

Os pesquisadores foram motivados em dois parâmetros para a construção do projeto. O primeiro motivo foi uma chamada do órgão financiador Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa para a inscrição de “maneiras interessantes e criativas de lidar com resíduos”. “O conceito-chave do nosso projeto é converter uma forma de material em outra”, diz Lu, um dos autores do projeto. “Nesse caso, transformamos resíduos plásticos em alimentos”,

Já o outro é seguido por um questões pessoais. Os cientistas analisaram também a questão da fome e pensaram em soluções para a escassez de alimentos. Mesmo com a boa intenção dos pesquisadores, o problema da fome ainda é um assunto muito amplo e precisa ser estudada políticas públicas que sejam benéficas para todas as pessoas. Mas isso é assunto para toda hora.

 

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