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07/10/2021 às 21h41min - Atualizada em 07/10/2021 às 21h04min

“Um estranho no espelho” e a glamourização da carreira artística

Obra escrita por Sidney Sheldon retrata a realidade da busca pela fama na arte

Hellen Almeida - Editado por Andrieli Torres
Ilustração: Hollywood //Reprodução: Pinterest.

A beleza e o glamour da carreira artística são admiradas e até mesmo invejada por muitos, afinal, quem não gostaria de estar no tapete vermelho com roupas de gala confeccionadas por estilistas renomados, como se não bastasse ouvir toda uma multidão clamar por seu nome?

 
Bem, sinto muito por ser quem irá romper esta ilusão, mas é necessário: os casos de sucesso que vemos são uma mínima fração das milhares de pessoas que acordam diariamente e tentam arduamente viver da sua arte.
 

E até mesmo para aqueles que estão no estrelato, não é um mar de rosas, já foram relatados casos onde a vida artística mais parece um fardo. Como retratado na obra cinematográfica Judy — Muito além do arco-íris ao explorar a verdade por trás das câmeras na vida de Judy Garland (atriz mundialmente conhecida por dar vida a Dorothy em “O mágico de OZ”). E a obra literária “Um estranho no espelho” de Sidney Sheldon:

 

Matérias onde citamos Sidney Sheldon:

 

Conheça Um estranho no espelho:

 

O romance foi escrito por Sidney Sheldon (1917 – 2007) conhecido com o título de autor mais traduzido do mundo com mais de 300 mil exemplares em 180 países.

 

Um estranho no espelho  aborda a busca pelo estrelato em Hollywood dos protagonistas Toby Temple e Jill Castle, onde vemos paralelamente a quebra desta ilusão da profissão artística para ambos, submetidos a muito trabalho sujo, sexo por interesse e intrigas nos bastidores”. Ganhou uma adaptação cinematográfica em 1993 dirigida por Charles Jarrott.


 

Com base nesta obra levanta-se o questionamento: como de fato é a vida de quem busca viver de arte? Para isso, contamos com o depoimento da atriz, roteirista, produtora Isadora Mesquita e da escritora e tradutora Gabriela Edel.   

 

A escolha da arte como carreira

 

Isadora conta que desde os 10 anos já sabia que queria ser atriz e desde então tem muito apoio da sua família e amigos para seguir seu sonho de ser atriz. Participou de peças escolares e cursos sobre a área até finalmente prestar o vestibular e ingressar na Universidade Federal da Bahia. 

 

“É um caminho consideravelmente instável, então muitos ficam receosos quando alguém da família ou ciclo próximo escolhe carreira artística. Mas sempre tive muito apoio de familiares e amigos,” compartilha a atriz


 

Gabriela sempre esteve no meio artístico, porém depois de anos resolveu se aventurar na escrita e, para isso, assim como Isadora, fez cursos, participou de workshops e treinou sua escrita. Apesar do apoio de amigos e familiares, as obrigações da vida adulta bateram na porta, fazendo com que desse uma pausa no seu sonho

 

“Ao longo do caminho, eu tive algumas dificuldades, como o tempo para escrever, pois, sou tradutora e trabalho muitas horas por dia. Era difícil conciliar o trabalho com a escrita. Eu decidi começar o livro `Deusa Ísis em 2013, e desde então, sempre tive o apoio de todos", diz a escritora.

 

Nesse campo é tudo, menos glamour”

 

Quando perguntada sobre o glamour da vida artística, a tradutora afirma se tratar de uma grande ilusão, com ressalva para profissões como atores e músicos, por exemplo: 

 

“Eu suponho ser mera ilusão, a não ser que você se torne um best-seller, o que aqui no Brasil é bem difícil. Agora, com outras carreiras artísticas como a música, teatro, cinema, sim, com certeza se tornam famosos e acabam tendo glamour, reconhecimento e privilégios” afirma a produtora.
 


 

A jovem atriz e roteirista, no que lhe concerne, afirma que pensar nas artes cênicas como uma profissão de riqueza e fama é algo equivocado, tendo em vista que se trata de uma profissão desvalorizada no Brasil e como qualquer outra exige muita dedicação:

 

"Os cachês são absurdamente baixos, isso quando não querem o trabalho de graça, colocam a atuação como uma profissão de sonhos  e não veem toda a dedicação e trabalho [...] Nesse campo é tudo, menos glamour, é uma profissão que como outra qualquer precisa de muito estudo e dedicação. Atuar é muito mais do que decorar um texto”. Diz ela.

 

O espaço das mulheres no mundo artístico:

 

Ambas entrevistadas concordam que infelizmente as mulheres são desvalorizadas no meio artístico, mas gradualmente esta realidade tem mudado, com mulheres ocupando cargos como diretoras, escritoras e afins, como dito por Isadora e Gabriela respectivamente:

 

"Somos desvalorizadas em todos os cargos e na atuação isso não é diferente. Aos poucos temos mudado essa visão com mulheres roteiristas, produtoras, diretoras e isso é importante.”

 

“Nós mulheres estamos nos unindo cada vez mais para levantarmos nossas vozes. Este panorama vai mudar futuramente”.

 

Por fim, elas dizem saber se tratar de uma carreira desafiadora, mas com estudos e dedicação os impasses podem ser contornados:

 

“Estude, se dedique e corra atrás, é uma profissão como outra qualquer e exige muita responsabilidade e dedicação. Acho um privilégio viver várias vidas em uma só, dar voz e corpo a tantas pessoas diferentes”, conclui a jovem.

 

Os brasileiros são muito talentosos e precisamos expor nossa arte. Sei que viver dela, por vezes é difícil, mas poder mostrá-la ao mundo é muito gratificante”, incentiva a escritora

 

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