Flávia Dias vice-presidente da Não me Kahlo diz; " O cenário só vai mudar quando os homens participarem de fato da luta das mulheres. Terapia também ajuda a reverter esses comportamentos. O paciente precisa ter confiança para desabafar e disposição de mudança. Se não há está constatação, acredito que, no fundo o homem não quer mudar e é muito feliz com sua masculinidade tóxica. Eles também têm o papel de levar esse discurso aos amigos, nas rodas de conversas, seria muito importante a abordagem da estrutura patriarcal que a sociedade está inserida. Assim irão ajudar e fortalecer o movimento das mulheres.
Carlos Cavalcante, 24 anos, estudante de medicina. Diz; Já passei por situações que me deixaram incomodado, perto de outros homens. Felizmente minha família sempre promoveu discussões sociais. Então sempre vi com outros olhos piadas e comentários sobre as mulheres. Ouvi uma vez que para você ser homem sempre tem que estas "caçando" mulheres. Quando você se emociona ou não ri de piadas ofensivas, automaticamente perde a sua masculinidade na visão dessas pessoas.
O Psicólogo Diego Trujilo, explica que a raiz desse problema está na cultura assimétrica das relações de gêneros construídas por valores patriarcais que reiteram o machismo. Está construção histórica colocou os homens no lugar de poder, que reconhecem e tratam as mulheres como propriedades e objetos que pertencem a eles. E que mulheres não podem desviar daquilo que eles desejam e esperam delas; sendo o sacrifício de si, recato, cuidado, passividade e servidão. Essa cultura produz um modelo de masculinidade tóxica, que produz homens agressivos, violentos, que precisam do poder de ser viris e reconhecidos por outros homens. Este por sua vez tem dificuldade de reconhecer mulheres como sujeito de direitos que podem decidir o seu ir e vir e merecem respeito. Os homens com dificuldades de lidar com frustrações, perdas e sentimentos, aprenderam a ser beneficiados desde a infância e esperam que essas mulheres sejam passivas e estejam em um lugar de servidão e cuidado. Dentre as consequências desse comportamento está a Violência doméstica. Na psicólogia o reconhecimento é o primeiro passo, é primordial, pois a partir disso o homem decide se pretende mudar a forma de agir ou não.
O Governador do Estado do Pará, Hélder Barbalho, sancionou a Lei 9.278/2021 que torna obrigatório aos condomínios residenciais a denunciarem casos de violência domestica.
Os indicativos de violência são: inibição, vergonha, descrença, isolamento social, família e amigos, tristeza profunda, marcas físcas. Por vezes abuso de álcool, e remédios. O apoio familiar e do entorno social é de fundamental importância para que a mulher se sinta fortalecida e busque alternativas de enfrentamento. Como os serviços que ofertam atendimento psicológico individual e de grupo para mulheres. Além de orientação jurídica, delegacia da Mulher, defensoria Pública e abrigos. Todas essas redes de atendimento precisa ser conhecida pela população.
O apoio emocional, acolhimento, e a troca de vivência entre as mulheres são primordiais no caso de violência contra as mulheres, pois estas estão vulneráveis e fragilizadas emocionalmente. Todo esse apoio é de fundamental importância para a mulher tentar voltar a ter sua dignidade e vida normal.