Nas últimas semanas presenciamos aqui no Brasil, o sucesso da série sul-coreana Round 6. Ela se tornou a produção mais vista da plataforma de streaming Netflix, atingindo o primeiro lugar em 90 países, e acabou escancarando, mais uma vez, o quanto a Hallyu está cada vez mais presente na cultura pop global.
Hallyu Wave ou Han Style, no português “onda coreana”, foi cunhada na década de 90, mais precisamente em 1997, por jornalistas chineses, com objetivo de expressar a febre que estava atingindo o país com o k-drama “What is love”. Para além do entretenimento, a Hallyu expressa a cultura pop sul-coreana como produto de exportação mundial, sendo uma forma de poder político do país, o soft power.
Desde 2010, o governo sul coreano, através do Ministério da Cultura, Esporte e Turismo, definiu seis aspectos que representam a Han Style: Hangul (idioma, escrita coreana), Hanji (a arte coreana), Hanguk-Eumak (instrumentos musicais tradicionais coreanos).
O país dispõe de um fundo voltado ao investimento da cultura popular. No início calculava-se US$1 bilhão, já em 2019, o investimento da Coreia do Sul foi multiplicado para US$ 6,4 bilhões. Sendo assim, percebemos que este é um mercado promissor e de sucesso, dentro e fora do ocidente. No ano passado, o país faturou cerca de R$7,5 bilhões, devido ao sucesso de Dynamite, hit do grupo sul-coreano BTS, gerando 8 mil novos empregos.
O mercado da moda já é algo grande no leste asiático há anos. Idols e grandes personalidades coreanas são fotografadas em suas roupas em aeroporto, sendo considerado um evento fashion para a mídia local. Cabelos coloridos, maquiagem, roupas, já são símbolos da cultura pop sul-coreana há muito tempo mas porquê ainda é tratado como algo exótico ao olhar ocidental?
A Hallyu e a indústria da moda
Sendo um fenômeno da cultura pop mundial, a Hallyu afeta também a moda e as tendências. Apenas com o figurino dos jogadores da série Squid Game, o tênis clássico branco da marca Vans já teve um aumento de quase 8 mil por cento em vendas.
A influência chegou às marcas de luxo, e neste ano, a Louis Vuitton, apresentou a coleção masculina outono-inverno em Seul, capital da Coreia do Sul, transmitindo o evento através do Youtube. O fashion film contou com os embaixadores da marca, o grupo sul-coreano BTS. Além disso, com o sucesso de Squid Game, a marca também assinou com a atriz e modelo Jung Ho-yeon.
A xenofobia e o racismo anti-amarelo, são assuntos complexos e que estão presentes em todas as camadas sociais. Mesmo na moda, o fenômeno da onda coreana ainda é tratada como passageiro e de nicho. A jornalista, Érica Imenes, compartilhou sua opinião sobre esse assunto e afirma que, com o aprofundamento dessas questões sociais e raciais, a Hallyu poderá se beneficiar.
“O mercado está, mesmo que bem lentamente, se tornando mais diverso por conta das movimentações sociais acontecendo em paralelo ao redor do mundo. Com o aprofundamento dessas questões sociais e raciais, a Hallyu e suas vertentes podem e vão se beneficiar, com certeza, ocupando espaços que são de direito não só da Cultura Coreana, mas de qualquer cultura ou figura que sempre ficou à margem por ser considerado "minoria", explicou a jornalista.
“A Hallyu não pode ser tratada como "o outro / o exótico / o passageiro", e, sim, como uma indústria tão poderosa quanto outras indústrias ocidentais”, finaliza a jornalista.