Amor: Alguns dizem ser “fogo que arde sem se ver”, outros o identificam como borboletas no estômago e entre as definições mais recorrentes na sociedade, está essa: o amor é um sentimento cego.
Aprendemos em obras literárias, cinematográficas e afins que o amor se trata da junção de todas as definições citadas acima: é um sentimento cego, sabemos ser real quando sentimos borboletas no estômago e nossa alma se acende como um fogo em meio a escuridão. Qualquer sentimento menor que isso não pode ser considerado amor, será?
Apresentando Love is blind:
Pessoas distintas são unidas em um experimento com um único propósito: encontrar o amor e casar-se, todos os integrantes conversam entre si por horas, descobrindo afinidades e impasses até chegar — ou não — ao pedido de casamento.
Todavia, eles não veem um ao outro, estão em salas distintas e conversam por uma parede, tendo que se contentar com a voz do outro e seus depoimentos, deixando as aparências de lado. Curioso? Pois, este é o reality show Love is blind.
Uma produção dos Estados Unidos criada no início de 2020 e divulgada pelo serviço de streaming Netflix. O programa foi um sucesso no mundo todo e recentemente ganhou sua versão brasileira, intitulada Casamento às cegas. Onde buscam responder a seguinte pergunta:
Afinal: o amor é cego?
Após a sessão de diálogo nas cabines e se verem pela primeira vez para o tão esperado pedido de casamento é hora de curtir uma lua de mel para se conectarem fisicamente e após muito vinho, cachoeiras e amor, é hora de encarar a realidade.
Como inserir o amor da sua vida na rotina? Será que aquelas conversas lá do início serão o bastante para manter a relação? Normalmente é aí que os pássaros e fadas param de cantar e os desentendimentos começam, então: o amor cego pode tudo superar? É o que buscamos solucionar nesta matéria com os nossos convidados.
A fantasia idealizada que envolve o amor cego:
Quando questionados sobre o significado do amor cego, a cozinheira Thayná Drielli, afirma que para ela, este sentimento não é amor, mas sim paixão, uma fantasia idealizada:
"O amor cego é paixão. É o calor do momento, é a idealização em cima das suas expectativas sobre a pessoa. É você ver a pessoa como exemplar da perfeição", afirma.
Visão que vai de encontro com o dito pela psicóloga Bruna Telles, quando a mesma fala que se trata de algo idealizado e que pode trazer riscos para a saúde do indivíduo:
“O amor cego tende a não enxergar defeitos, falhas e faltas. Por isso, pode levar a quem o sente a fantasiar uma relação que não é real. Pode ser muito angustiante e acabar levando o sujeito a aceitar tudo em prol desse amor que pode até lhe fazer mal", diz a profissional.
“Só amor não sustenta uma relação”
Quando se cria uma relação com outro, se faz importante dialogar sobre o que se busca naquela relação, para Gustavo Mateus, 21 anos, o essencial para se buscar é “Honestidade, reciprocidade, responsabilidade, dedicação e compromisso”.
Esta conversa é adiada por muitos casais, seja por receio de perder o outro ou ainda, achar desnecessária. Entretanto, a psicóloga e neuropsicóloga Patrícia Souza diz que ela é essencial para alinhar objetivos e saber quando se posicionar e ceder:
Veja outras matérias com Patrícia Souza:
Riscos e soluções:
O estudante Gustavo, afirma que este sentimento apresenta seus riscos, pois com ele podemos desenvolver “baixa autoestima, falta de amor-próprio e dependência emocional”. A universitária Dominik aponta a “tristeza e a solidão” como maiores consequências.
As profissionais afirmam que a terapia pode ajudar o indivíduo a se compreender emocionalmente e também a origem deste amor idealizado, podendo evoluir o sentimento para algo saudável sem as características citadas por Gustavo e Dominik:
“A terapia ajuda a entender porque se ama assim e o que essa fantasia representa para si. Muitas vezes retira o sujeito de uma lógica repetitiva do gozo, levando-o a conceber — ressignificar — uma forma de amor real que seja suportável”.
“A terapia também tem por objetivo trabalhar o autodesenvolvimento e trazer clareza para a pessoa que nesse momento se encontra muito confusa e fragilizada” afirmam e concluem respectivamente Telles e Souza.
Mas para você: o amor é cego?