Sabe-se que a expressão mente e corpo não deve ser mais compreendida como duas dimensões distintas. Há estudos que apontam, inclusive, relação entre patologias físicas e psicológicas, como é o caso da relação entre doenças coronarianas, diabetes, hipertensão e até depressão.
Ao praticar exercício físico, sente-se uma sensação de bem-estar, leveza, melhora de aspectos como autoconfiança, autoestima, percepção da própria imagem, sensação de autocuidado e também melhora do humor, capazes de auxiliar na qualidade de vida e saúde mental de forma geral.
Além disso, o exercício físico, se praticado de maneira regular — nos referimos ao exercício, atividade ou esporte estruturados e periódicos — podem proporcionar ativação encefálica de áreas relacionadas ao aprendizado e memória, prevenir o envelhecimento, estimular a neuroplasticidade (fortalecimento e construção de conexões cerebrais a partir de estímulos que recebemos) e diminuir sintomas de ansiedade e depressão.
Segundo a doutoranda em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela UNESP de Bauru, Mayra Grava de Moraes,
"o exercício físico promove o aumento e melhora da circulação sanguínea encefálica, estabelecendo uma série de conexões e mensagens neurais. Assim, permite-se a liberação de neurotransmissores como dopamina (responsável por promover sensação de prazer, bem-estar, satisfação e recompensa), serotonina (direciona o humor, a impulsividade, a raiva e a agressividade) e noradrenalina (promove atenção, percepção, motivação e excitação). Por isso alguns estudiosos denominam como conhecimento comum a expressão "liberação de hormônios da felicidade", a sensação de bem-estar ao finalizar um treino".
Falando da relação entre atividade física e sensação de relaxamento, Mayra diz que a prática de exercício é capaz de propiciar momentos de foco absoluto na execução do movimento proposto, promovendo, portanto, uma sensação próxima das práticas meditativas como o mindfulness, que prioriza a atenção plena no aqui e agora, podendo reduzir pensamentos automáticos e ansiosos sobre os afazeres do cotidiano, preocupações em geral, e maior autocontrole sobre isso.
Assim sendo, o exercício físico possui inúmeros benefícios, como prevenção de transtornos de humor como depressão e ansiedade. Também pode ser utilizado como tratamento não medicamentoso auxiliar no diagnóstico e orientações psiquiátricas. Entretanto, cabe destacar que quadros moderados a graves de ansiedade e depressão devem ser tratados por médico psiquiatra, podendo ou não ser necessário uso de medicamentos psicotrópicos, associados à psicoterapia.