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26/02/2022 às 14h28min - Atualizada em 26/02/2022 às 13h40min

Arcane: o ponto de virada para as adaptações de jogos

A série da Riot baseada no mundo de League of Legends deveria servir de inspiração para as futuras produções derivadas dos videogames

Luann Motta Carvalho - Editado por Ana Terra

Quando surge um anúncio sobre um jogo ser adaptado para os cinemas, é bem possível que sua reação imediata vai ser de desconfiança. Completamente razoável. Afinal, os fracassos das adaptações de jogos são constantes desde os anos 90.

No entanto, desistir dessas adaptações não é a escolha dos produtores, pelo contrário. As produções audiovisuais baseadas em games continuam sendo uma tendência no mundo cinematográfico e televisivo. Recentemente tivemos um exemplo, com o filme Uncharted e o aclamado Tom Holland interpretando Nathan Drake. Mais para frente, a série The Last of Us será lançada nas telas da HBO – infelizmente só poderemos acompanhar em 2023.

O caminho a ser trilhado é árduo até as adaptações de jogos atingirem uma constância positiva desejada. Um paralelo que podemos estabelecer são com os filmes baseado nas HQs, em que poucos eram satisfatórios até os anos 2000, quando tivemos X-Men, Homem-Aranha e a trilogia do Batman de Christopher Nolan, por exemplo.

Então, ainda se espera por aquela série ou filme que poderá ser o ponto de virada dessas produções. Porém, o curioso é que essa reviravolta já está por nós e atende pelo nome de Arcane.

A série da Netflix desenvolvida pela Riot em parceria com o estúdio de animação francês Fortiche é simplesmente uma aula de como realizar uma produção baseada em jogos. Um detalhe é que o processo pode parecer complexo, mas a essência é bem simples: Arcane não é apenas uma série de fantasia que procura chamar seus fãs. A produção apresenta uma história que fascina até mesmo aqueles que não tem um pingo de entendimento sobre League of Legends.

Quem escreve esse texto, aliás, pode ser um exemplo de pessoa que tinha um contato bem mínimo com o MOBA antes de acompanhar a série. O que me chamou a atenção, em um primeiro momento, foi o estilo estético da animação que se mostra, de fato, fenomenal - um incrível trabalho do estúdio Fortiche ao misturar o 2D, o 3D e as a
rtes feitas à mão. Além da estética, o gênero de fantasia é algo sempre cativante e gera expectativas de um universo grandioso.

Como descrito, Arcane não permanece no solo do fanservice ou como uma simples produção animada de fantasia. Durante os três atos construídos, a série apresenta um enredo que envolve as cidades gêmeas de Piltover e Zaun. A primeira é um cenário steampunk e está comprometida com os avanços tecnológicos, enquanto que a outra é mais sombria e sofre com a intensa desigualdade, acentuada por conflitos do passado.

Eis que essa contraposição gera justamente os conflitos sociais e políticos que norteiam ações, atitudes, dúvidas e reações das corporações e indivíduos que compõem a região abordada. Nesse contexto, Arcane não pensa em impor rótulos e foge do maniqueísmo. As condutas e posicionamentos motivados por determinadas ocasiões transformam os personagens e moldam suas essências. Essa questão está presente desde o primeiro minuto da série, quando as irmãs Vi e Powder, que são de Zaun, estão em Piltover para afanar artefatos e as falhas da ‘missão’ acabam sendo o fio condutor das consequências que irão aparecer durante a história.

É a partir daí que vamos observando outra contraposição: Vi é a confiante e Powder é a insegura. Contudo, depois da passagem de anos e de eventos traumáticos, Powder se torna a maníaca Jinx, com condutas problemáticas originadas por tais traumas do passado. Esse arco respondia a pergunta que se fazia antes do lançamento da série: “Quais foram os motivos que levaram Jinx a se tornar a campeã sádica e insana de League of Legends?”. Arcane traz a resposta para os fãs e os não-fãs do MOBA.

Parênteses para falar da trilha sonora que é impecável e sempre devidamente executada pensando nas situações que vão se desenrolando em meio aos acontecimentos. A abertura de Arcane, inclusive, já poderia ser colocada como uma das grandes aberturas da história, com uma letra que é extremamente simbólica em relação à série.

Ou seja, o enredo se distanciou de construir rótulos e ao mesmo tempo, se afastou do rótulo negativo das adaptações de jogos. A série apresenta tudo que uma produção baseada em um game deveria trazer: é fiel ao seu gênero, ostentando uma arte lindíssima, e uma história perfeitamente desenvolvida e pensada em envolver qualquer telespectador que decida acompanhar a narrativa, mas que ainda assim, abre espaço para os fãs de LOL se deleitarem com os detalhes referenciados do game.

Nove episódios, três atos, e uma inspiração para as futuras produções. Arcane não apenas agradou aos amantes tradicionais de League of Legends, mas conquistou diversos novos fãs e aparenta ter um futuro de muito sucesso. Resta aguardar a segunda temporada para aprender um pouco mais com essa aula. A espera valerá a pena até 2023.

REFERÊNCIAS:
ALBUQUERQUE, João Victor. “Como Arcane revolucionou o mundo das adaptações de jogos”. CRITICAL HITS. Disponível em: <https://criticalhits.com.br/anime/como-arcane-revolucionou-o-mundo-das-adaptacoes-de-jogos/>. Acesso em: 2 de fevereiro de 2022.
TIBIRIÇÁ, Júlia. “Uma distopia épica em três atos: Arcane é uma experiência sensorial arrebatadora”. OMELETE. Disponível em: <https://www.omelete.com.br/series-tv/criticas/arcane-league-of-legends-netflix>. Acesso em: 2 de fevereiro de 2022.
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