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26/02/2022 às 23h07min - Atualizada em 26/02/2022 às 21h56min

O sofrimento que o ruído traz: saiba o que é misofonia

Sara de Farias - Editado por: Gabriela Gouveia
Arte disponível em Cultura Inquieta


É comum nos afastarmos de sons desagradáveis como o ruído de unhas arranhando de um quadro negro ou o som produzido pelo atrito entre dois isopores. Porém, quando os sons do dia-a-dia tem a capacidade de irritar um individuo a ponto de afetar seu cotidiano de maneira significativa, ele pode estar sofrendo de um problema de saúde pouco conhecido pela sociedade.
 
“Seja uma goteira, o ‘tic tac’ do relógio, até mesmo a deglutição alheia (que difere de pessoa para pessoa), o som entrava repetindo e se repetindo, apesar de ser baixo eu ouvia tão alto que parecia estar lá dentro do meu ouvido” , expõe Abigail Aquino, jornalista, designer social e produtora de conteúdo. 
 
A Síndrome da Sensibilidade Seletiva a Sons, também chamada de Misofonia, é uma condição do sistema auditivo que causa irritação muito forte e desproporcional ao ouvir sons específicos e repetitivos de baixa frequência. Esse problema piora gradativamente e traz cada vez mais sensibilidade a sons considerados “irritantes”. A falta de tratamento adequado pode ocasionar comorbidades como: estado de alerta, transtorno do sono, perda de foco, tensão muscular, isolamento social, depressão e ansiedade.

“Algumas pessoas acabam tendo toc e arrancam cabelo ou cílios e durante a crise brigam ou agridem verbalmente, eu apertava os dentes, tanto que cheguei a quebrar seis”, declara Abigail, que conviveu com este problema por cerca de 30 anos. Ela relata que a área de sua vida mais afetada foi a profissional: “Por meu trabalho exigir foco, não conseguia trabalhar e acabei passando por muita necessidade, perdi meus clientes, minhas falas se tornaram incoerentes e ninguém entendia completamente meu raciocínio”. Ela ainda conta que muitas pessoas não acreditam que existe esta síndrome, uns provocam o gatilho e dizem que é brincadeira. Entretanto, ela também encontrou pessoas prestativas que levaram em conta sua condição. 

 
A chave para a melhora está no tratamento desta síndrome neurocomportamental que envolve áreas da saúde como otorrinolaringologia, psiquiatria, fonoaudiologia, entre outras. A seguir uma lista de alguns dos tratamentos feitos por Abigail Aquino:
 
Otorrinolaringologia

Por se tratar de uma síndrome que afeta o sistema auditivo, o primeiro profissional da saúde a se buscar para o diagnóstico e a definição do tratamento é o otorrinolaringologista. Terapias específicas da área podem ajudar como a de Dessensibilização Sonora, cujo objetivo é amenizar o desconforto que o paciente apresenta para os sons. 
 
Terapia e Psiquiatria

Este tratamento consiste em ajudar a pessoa a pensar e a concentrar-se em um som agradável, evitando focar sua atenção em sons desagradáveis que estão à sua volta. Também é essencial para tratar problemas psicológicos associados à síndrome em si e os efeitos de se lidar com ela em sociedade, os efeitos podem incluir como ansiedade e depressão.

Reprogramação Cerebral

É uma técnica da psicanálise que trabalha o subconsciente, para eliminar resquícios de convicções negativas que atrapalham no desenvolvimento de áreas da vida. Pensamentos, sentimentos e outras situações de cunho psicológico psicanalítico que estão associados aos traumas e conflitos que poderão gradativamente ser amenizados e substituídos.

Acupuntura - Relaxamento

Esta terapia milenar originária da China, consiste no estímulo de pontos específicos do corpo para promover a saúde e tratar doenças. Já foi comprovado cientificamente que esta técnica aumenta a endorfina no sangue durante e após a sessão. Este relaxamento traz muitos benefícios como diminuição do estresse e da ansiedade.

Ginástica Holística
 
A prática da ginástica holística funciona em três níveis: pedagógico, terapêutico e preventivo. São realizados exercícios com diferentes materiais, como bastões, bolas e o peso do próprio corpo, sempre em busca da consciência, para que cada um possa identificar e corrigir desalinhamentos estruturais de forma natural.

É importante ressaltar a relevância da busca por profissionais especializados na Síndrome da Sensibilidade Seletiva a Sons para melhor orientação no tratamento, a Associação Virtual Brasileira de Misofonia dispõe de uma lista de profissionais por todo o Brasil, a fim de ajudar quem esteja procurando uma solução para esse problema.

Os tipos de tratamento variam de pessoa para pessoa, mas a melhora é significativa. Misofônicos relataram grandes melhoras e até cura, como no caso de Abigail, que se vê livre deste mal há pouco mais de um ano. “Não tinha esperança quando iniciei o tratamento, mas no processo acabei aprendendo a reprogramação do cérebro, de forma que não me irritam profundamente os gatilhos, porque aprendi usar a plasticidade do cérebro a meu favor, aprendi tirar o foco do barulho”, menciona a jornalista.

Referências: 

FONOTOM. Misofonia e Hiperacusia: qual a diferença entre elas e como lidar com o problema?; 13 nov 2021. Disponível em: https://fonotom.com.br/2021/11/13/misofonia-e-hiperacusia/. Acesso em: 26 de Fevereiro de 2022.

PSICANÁLISE CLINICA. Reprogramação Mental feita em 5 etapas; 19 jul 2019. Disponível em: https://www.psicanaliseclinica.com/reprogramacao-mental/. Acesso em: 26 de Fevereiro de 2022.

RAMIREZ, Gonzalo. Misofonia: o que é, sintomas, causas e tratamento; Dez 2021. Disponível em: https://www.tuasaude.com/misofonia/. Acesso em: 26 de Fevereiro de 2022.

CETN - CENTRO DE ESTUDOS DE TERAPIAS NATURAIS. Porque é que a acupuntura relaxa?; Disponível em: ​https://www.cetn.com.br/noticias/porque-e-que-a-acupuntura-relaxa/. Acesso em: 26 de Fevereiro de 2022.

Conheça a ginástica holística e aproveite os benefícios; 26 dez 2018. Disponível em: https://blog.fisiotrauma.com.br/conheca-a-ginastica-holistica-e-aproveite-os-beneficios/. Acesso em: 26 de Fevereiro de 2022.

MENEZES, José Paulo. Reprogramação Mental: como ela pode te ajudar; 1 jun 2021. Disponível em: https://zenklub.com.br/blog/palavra-de-especialista/reprogramacao-mental-como-ela-pode-te-ajudar/. Acesso em: 26 de fevereiro de 2022.

 

 

 


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