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04/04/2022 às 22h18min - Atualizada em 26/03/2022 às 13h02min

Por que o Brasil é tão racista?

Estrutural, velado ou explicito, o racismo ainda é forte no país

Mateus Borges - Revisado por Flavia Sousa
Mão fechada apontando para cima, é um símbolo de resistência (Foto: Reprodução/ Unsplash)
Com seus 521 anos de história, mais da metade o Brasil passou escravizando pessoas pretas, sendo o último país a libertar escravos da américa latina, e as poucas políticas governamentais contribui para que atualmente o Brasil continue sendo um país racista.

Quando os portugueses invadiram o Brasil, em 1500, escravizaram os donos nesta terra, os índios, mas a Europa já transportava negros da África para serem escravizados em seus territórios, então os portugueses resolveram fazer o mesmo no Brasil. Os navios negreiros eram um negócio lucrativo.
 
Em 335 anos de escravidão, foram transportados mais de 4,8 milhões de escravos para o Brasil, outros de 670 mil morreram no caminho, e seus corpos jogados no mar. Dados na organização The Trans-Atlantic Slave Trade Database.
 
Em 1831 o Brasil parou a importação de escravos através da Lei 7 de novembro, conhecida como  Lei Feijó, neste  período a Europa já estava abolindo a escravatura, o que só veio ocorrer no Brasil em  1888 quando a Princesa Isabel promulgou a Lei Áurea de 13 de maio, que libertava todos os escravos que ainda existiam no país. A Lei Áurea possui apenas dois artigos:
  • Art. 1º É declarada extinta, desde a data desta Lei, a escravidão no Brasil.​
  • Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário.
Com isso, há mais de 130 anos o Brasil não possui mais escravos e, todas as pessoas – independente de cor- são consideradas livres.
 
Mas por que tantos anos depois, o Brasil se mantém como um país racista, mesmo tendo a maior população negra fora da África?
 

A lei Áurea garantiu a liberdade dos escravos, mas o governo não garantiu condições de trabalho, ou moradia. Não foi dado direitos, nem meios para que estes ingressassem, e constituíssem suas vidas na sociedade.

Desde então, a população negra enfrenta batalhas por leis, e representatividade. O descaso é tanto que, somente em 2003 foi criado o Dia da Consciência  Negra, dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, grande nome de resistência preta do Brasil.

Há também espalhado pelo país diversas homenagem em monumentos, que exalta histórias dos Bandeirantes, movimento criado para capturar negros quer haviam fugido da escravidão, entre outros que acaba reforcando que o Brasil sempre falhou no combate ao racismo.
 

Leia mais: Como monumentos influenciam na permanência do racismo estrutural
 
Para Tati Pereira, ativista das causas das pessoas pretas e secretária de Estado de Juventude do Maranhão, o Brasil é um país racista no trabalho, na escola e em todos os lugares.

“A população negra é a grande maioria que está analfabeta e, é a grande maioria que foi vítima da covid. A gente observa inclusive nos espaços de poder de decisão, nós somos minoria, no entanto somos maioria no país.

Há mais de 130 anos que, legalmente, não existe escravos no Brasil e com uma das maiores população negra do mundo o país ainda enfrenta graves problemas no combate ao racismo, seja por leis ainda sem credibilidade – por não punir como deveria - ou a falta de abordagem nas escolas sobre racismo, acaba levando a falas preconceituosas.

 
  1. “Acho que cabelo crespo ficaria mais bonito alisado”
  2. ​“Acredito que todas as vidas importam”
  3. “Não vejo nada demais chamar de Criado Mudo”
  4. “Ela é uma negra bonita dos traços finos”
  5. “Somos todos iguais”

Todas essas falas têm teor racista, porque desconsidera o real valor das pessoas pretas, e das centenas de anos que foram submetidas a escravidão.
 

No Brasil atual, além no racismo estrutural, e velado ainda há muitos casos de racismos explícitos, como o caso que a enfermeira Laura Cristina Cardoso enfrentou recentemente, segundo o G1, ao atender um paciente e, ouviu da mãe dele “E agora, filho? Ela é negra” e o racismo continuou com a resposta do filho “Tudo bem, mamãe. Ela está usando luvas”.

A ativista Tati Pereira acrescenta que é importante continuar lutando e fortalecendo o papel do povo preto por igualdade e equidade “É fundamental não só para nós pretos, mas para toda a sociedade, para fazer reflexão sobre o processo de escravidão que aconteceu no país e todos os direitos foram negados aos negros, e continua sendo negado”.

O negro ocupa os postos de trabalho mais precários e salários mais baixos, e a situação piora quando se trata da mulher negra que é a mais afetada com os piores trabalhos e os piores salários no Brasil.

Na pesquisa do IBGE de 2019, o salário de pessoas pretas era 45% menor que de pessoas brancas, mesmo que o grau de escolaridade dos seja o mesmo.
 
O uso da ciência para justificar racismo
No filme Django Livre (2007) o personagem Calvin Candie interpretado por Leonardo DiCapprio faz uma demonstração de qual é a diferença do crânio do homem Branco, e do homem negro.

Cena do filme 'Django Livre' (Reprodução Sony Pictures - Clarina Batista\Youtube)


Frenologia – termo citado no vídeo- vem do grego Fhenos= mente, e, logos= estudo, foi uma pseudociência desenvolvida por um médico alemão chamado Franz Joseph Gall (1758-1828).
Eles acreditavam que a capacidade intelectual estava ligada diretamente ao tamanho do cérebro e desta teoria surgiu a Craniologia que foi usada por muito tempo para justificar o racismo, como visto no trecho do filme.
 
Racismo é crime, e não há ciencia que o justique. O crime de racismo está no código penal brasileiro, no parágrafo 3, art.140, podendo ser denunciado diretamente na delegacia mais próxima, ou ligando no 190. Também serve para casos ocorridos na internet.

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