Reprodução: Instagram @leleburnierVocê provavelmente já se deparou com vídeos de “unboxing” e "comprinhas" feitos por influenciadores digitais e já deve até ter tido vontade de comprar determinado produto ou serviço por causa disso. É normal, afinal, a função do influenciador é influenciar. Mas até que ponto isso é positivo?
De acordo com uma pesquisa realizada pela QualiBest, ao menos 76% dos internautas brasileiros já consumiram produtos ou serviços após a indicação de influencers. Isso demonstra como o poder de persuasão de um influenciador pode ser grande nos seus seguidores, esse número se dá por vários fatores, mas especialmente por causa da relação de confiança que essas personalidades digitais constroem com seu público. Os famosos publiposts têm sido cada vez mais requisitados pelas empresas e marcas por isso, devido ao alto engajamento e retorno oferecido por essa bolha da internet.
A exemplo disso, encontramos os vídeos de compras nas redes sociais. É natural que eles estejam tão populares, primeiro veio o TikTok, uma rede social específica de vídeos, depois o Instagram começou a entregar mais desse conteúdo também. Ou seja, os influenciadores precisaram se adaptar. A verdade é que nem sempre os vídeos são publicidade, às vezes são só experiências compartilhadas e isso é positivo. Afinal, é muito melhor quando compramos algo sabendo informações antes, certo? Porém existem duas problemáticas nesse tipo de conteúdo.
A primeira é sobre o excesso. Ou seja, o consumo que vira consumismo, os tão famosos vídeos de “comprinhas” são exemplos disso. Geralmente, não são vídeos de produtos muito caros (a Shein é o maior caso dessa situação) e isso gera um sentimento de que você pode comprar muitas peças. A grande questão é que nunca se para pra pensar se você realmente precisa daquilo tudo, se faz sentido ter peças que você talvez nem use ou que até mesmo não condizem com o que você gosta. Talvez essa não seja a sua realidade, mas no mundo em que nós estamos, pensar antes de comprar é muito necessário, o consumo exacerbado, principalmente de roupas, geram problemas ambientais muito graves e que devem sim ser responsabilidade nossa. O consumo consciente é necessário na nossa sociedade.
Já a segunda questão está diretamente relacionada com os vídeos de arrume-se comigo e unboxing de influenciadores ricos. Esse tipo de conteúdo gera alguns questionamentos que podem ser negativos, como: “fico mais infeliz com o meu guarda-roupa depois de ver vídeos do tipo?”; “ser estilosa é ser rica?”; “como fica a ética desse trabalho?”; “isso não é incentivo ao consumismo desenfreado?”; “é responsabilidade do influenciador mesmo se responsabilizar ou cada um escolhe o que consome?”, entre vários outros.
A verdade é que esses sentimentos de “não ter o suficiente” para ser estilosa ou para comprar algo são mais comuns do que parece. Especialmente, porque os vídeos de unboxing, na maioria das vezes, são feitos com produtos de valores realmente altos e os arrume-se comigo se você for pesquisar as peças, não ficam muito atrás. A ideia não é apontar dedos ou falar mal do trabalho de ninguém, mas sim gerar uma reflexão sobre esse nicho dos fashion influenciadores e a responsabilidade deles com o público que eles conquistam.
Não, o objetivo não é falar que esse tipo de conteúdo deveria acabar e que os vídeos de compras são totalmente negativos. A verdade é que é possível sim trazer um conteúdo sobre moda e estilo de uma forma mais saudável, que te incentive a fazer escolhas mais assertivas e conscientes. Além disso, a gente sabe que é possível consumir esse tipo de conteúdo e não se sentir assim e se esse é o seu caso, saiba que isso é muito bom.
Trazer essa pauta para reflexão é uma forma de te fazer pensar sobre o conteúdo que você consome, os influenciadores que você acompanha e até que ponto eles tem te trago uma influência positiva.
