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04/08/2022 às 21h56min - Atualizada em 12/06/2022 às 09h25min

Relações entre moda e política se estreitam e roupas ecoam lutas sociais

O vestir é político, a indústria da moda consciente e inconscientemente se liga aos nossos ideais

Mateus Macêdo - labdicasjornalismo.com
Foto: Reprodução/Instagram/@meninosrei

No terceiro dia do SPFW, durante o desfile da Meninos Rei, marca dos irmãos Júnior e Céu Rocha, um modelo usando uma mochila de entrega, como a dos motoboys, levantou um cartaz com os dizeres: “Chega! Fora, Bolsonaro”.

 

Há alguns anos temos visto com frequência desfiles em que as roupas ecoam às lutas sociais, fazem denúncias e críticas, seja a um comportamento ou governo. É nesse contexto que muitas marcas e estilistas revelam os seus valores, junto aos holofotes das passarelas e estreitam cada vez mais as relações entre moda e política.

 

A vestimenta como identificação de orientação ou partido político não é algo novo. Como é o caso do uniforme do exército nazista, facilmente identificável pelas cores e as suásticas nos braços, e do Exército Vermelho da União Soviética, com suas budiónovkas, distintivo que era utilizado no chapeú dos russos. Relação que se aprofunda ainda mais com a participação de grandes figuras da moda em tais grupos militares.

Como Hugo Boss, fundador da grife Hugo Boss, que fez o design dos uniformes do exército nazista e, Coco Chanel, fundadora da grife
Chanel, que agiu como agente nazista identificada pelo número F-7124, servindo como mediadora entre os alemães e as suas importantes conexões que incluíam o então homem mais rico da Europa e ex-amante dela, duque de Westminster, e o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Winston Churchill. 

 

Com isso, vemos a moda como ferramenta de expressão e política, termos que, para muitos, parecem ser completamente opostos, mas que se interligam constantemente no nosso dia a dia. Afinal, entende-se que política é um termo referente à sociedade e ao ato de viver em conjunto. O termo “política” vem do grego “politikos”, que fazia referência aos cidadãos que viviam na “polis” que, por sua vez, referia-se à cidade e à sociedade organizada.

 

Para além da questão partidária, a moda entra também no campo dos movimentos sociais e exaltando as lutas das minorias através das roupas. Em 2016, a grife francesa Christian Dior anunciou a estilista italiana Maria Grazia Chiuri como sua nova diretora criativa, a primeira mulher a ocupar o posto nos 70 anos de existência da marca

Desde a sua estreia na Semana de Moda de Paris, em setembro de 2016, Maria Grazia inclui camisetas e suéteres com slogans que promovem os direitos das mulheres, a liberdade e a independência na maioria das suas coleções prêt-à-porter. 

     

                                                                                                                                                                 

Em 2016, a estilista italiana estampou a  frase “We should all be feminists” ("devemos ser todos feministas", em português), da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie e, em 2019, foi a vez do slogan “Sisterhood Global”, em português, “Sororidade é global” , inspirado no livro da poeta Robin Morgan, durante o desfile da Dior na semana de moda de Paris.

 

O vestir é político. Moda não é só tendência e consumo, ou simplesmente roupa é também o reflexo comportamental de um certo período. Assim, a moda diz muito sobre uma sociedade e o seu momento cultural em diversos âmbitos seja no consumo, na produção, na representação ou uso econômico e político, por isso, a indústria da moda consciente e inconscientemente se liga aos nossos ideais.


 
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