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05/07/2019 às 14h02min - Atualizada em 05/07/2019 às 14h02min

Palácio do Catete: acervo vivo da história republicana brasileira

Luxuoso, o antigo palacete já recebeu 18 presidentes da República

Alexandra Machado - Editado por Jéssica Belo
http://museudarepublica.museus.gov.br/o-museu/
Reprodução/Blog Como Viaja
Para quem deseja conhecer a história da república, o Palácio do Catete é um ótimo passeio para fazer na cidade do Rio de Janeiro. Localizado no bairro de mesmo nome, o palácio abriga o Museu da República, mas seu maior acervo é a própria arquitetura da construção, de estilo eclético e inspiração neoclássica, além do belíssimo jardim externo. O lugar também  já foi sede e moradia de ex-presidentes do Brasil, como Getúlio Vargas, seu último habitante.

História

O palácio foi construído entre 1858 e 1867 pelo comerciante e fazendeiro de café Antônio Clemente Pinto, Barão de Nova Friburgo. Vários artistas estrangeiros de renome trabalharam na arquitetura do prédio, por exemplo, o arquiteto Gustav Waehneldt e os pintores Emil Bauch, Gastão Tassini e Mario Bragald. Erguido no Rio de Janeiro, a então capital imperial, demonstrava o poder da elite cafeicultora do Brasil escravocrata do século XIX.
Passados 20 anos da morte do Barão e de sua esposa, o palácio foi vendido para o Governo Federal, no mandato de Prudente de Morais, e foi adquirido para sediar a Presidência da República, anteriormente instalada no Palácio do Itamaraty.
Para receber os presidentes e suas famílias, o local passou por uma reforma orientada pelo engenheiro Aarão Reis, que contou com ajuda de pintores brasileiros como Antônio Parreiras e Décio Villares e o paisagista Paul Villon, que redesenhou os jardins. A instalação de luz elétrica também acentuou a grandiosidade da construção.


Jardins - Foto: Mariana Viaja

O também chamado Palácio das Águias, por causa das esculturas na fachada, deu lugar a importantes articulações políticas, como as declarações de guerra à Alemanha, em 1917, e contra o Eixo, em 1942. Nesse mesmo ano também foi decretado o Cruzeiro como moeda nacional. Lá também aconteceu, pela primeira vez na história, a interpretação de uma música popular em um Salão Nobre brasileiro – “Corta-Jaca”, por Chiquinha Gonzaga, compositora e maestrina carioca, em 1914.
Momentos de comoção nacional também fazem parte da história do palacete, como o velório do presidente Afonso Pena, em 1909, e o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, encerrando uma das maiores crises político-militares do país.
O atual museu foi sede do poder republicano durante 64 anos, onde 18 presidentes usufruíram de suas instalações em seus mandatos. Juscelino Kubitscheck foi o responsável por encerrar a era presidencial do edifício, que teve a capital federal transferida para Brasília em abril de 1960. O Palácio do Catete, sob decreto presidencial, foi preparado para receber o Museu da República, inaugurado em 15 de novembro do mesmo ano.

O tour pelo museu

Visitar o Museu da república é conhecer a história do Brasil. No térreo, a sessão ‘Encontro com o visitante’ mostra documentos sobre as memórias do edifício e a organização das exposições. Um portão de ferro dá início ao tour, que exibe uma entrada grandiosa com seis colunas de mármore que levam à escadaria do hall de entrada. O hall é repleto de luminárias, esculturas e estuques no teto. A decoração dessa parte do palácio sugere que ali seria um espaço para recepcionar visitas e, posteriormente, virou setor burocrático do governo – secretarias, biblioteca, gabinetes e salas de audiência. Nesse piso ainda há o Salão Ministerial, que servia para reuniões do presidente com seus ministros.


Entrada do palácio - Foto: site do Museu da República


Salão Ministerial - Foto: site do Museu da República

O segundo andar, chamado “piso nobre”, recebia festas e cerimônias, tanto na época do Barão, quanto da Presidência. O espaço é luxuoso e as decorações de cada salão mostravam como a burguesia daquele século era poderosa. Uma galeria de vitrais alemães, representando musas e figuras mitológicas, servia de antecâmara da capela, onde os moradores do palácio faziam suas orações. Na era republicana, a capela só foi utilizada para fins religiosos no casamento da filha do presidente Rodrigues Alves e no velório do presidente Afonso Pena.
O Salão Francês, também conhecido como Salão Azul, entre a Capela e o Salão Nobre, apoiava as recepções do palacete. O Salão Nobre recebia as principais comemorações; as pinturas verticais nas suas paredes mostram seres mitológicos da música e das artes; no teto, pinturas em semicírculo remetem à vida de Apolo, deus da música e da poesia. No Brasil República, sobre as portas desse espaço, foram postas as Armas da República.


Salão Francês - Foto: site do Museu da República


Salão Nobre - Foto: site do Museu da República

Outras salas anexas como o Salão Pompeano, o Salão Veneziano (ou Amarelo), o Salão Mourisco e o Salão de Banquetes também estão no piso nobre.
O último andar era destinado aos quartos da família do Barão de Nova Friburgo e, mais tarde, às famílias dos presidentes. O aposento presidencial foi marcado pelo suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954.


Salão Veneziano - Foto: site do Museu da República

Quarto de Getúlio Vargas - Foto: Almanaque da Cultura

Acervo

As exposições do Museu da República, tanto as temporárias quanto as de longa duração, e os eventos culturais que lá acontecem mostram aos visitantes um panorama da história republicana brasileira. Diversas fotografias, documentos, objetos, utensílios e obras de artes dos séculos XIX e XX estão expostos nos salões do palácio.
Para visitar o Palácio do Catete, basta descer na estação de metrô do Catete e andar por menos de 20 metros até o palácio. Funciona de terça à sexta-feira, de 10h às 17h e aos sábados, domingos e feriados, das 11h às 18h. A entrada custa apenas R$6,00; às quartas-feiras e domingos, é gratuita.

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