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26/06/2022 às 15h26min - Atualizada em 26/06/2022 às 14h55min

Conheça Skam: Série norueguesa que inovou a indústria do entretenimento

A trama foi lançada em 2015, ganhou remakes ao redor do mundo e ainda faz sucesso nas redes sociais.

Ana Beatriz Magalhães - Revisado por Flavia Sousa
Elenco feminino de 'Skam'. (Fonte: Séries Maníacos/Reprodução)
Devido a infinidade de séries presentes nas plataformas de streaming, é comum que algumas se tornem verdadeiros tesouros escondidos entre os outros conteúdos. Enquanto muitas produções esbanjam e se destacam por conta de grande elenco e roteiros nada originais, as produções estrangeiras mostram ser uma tímida descoberta cada vez mais promissora. 

Nesse contexto, está Skam. A série norueguesa foi lançada em 2015 e finalizada em 2017 e, mesmo sem uma produção grandiosa e efeitos especiais, fez sucesso e ainda ganhou remakes ao redor do mundo. Estados Unidos, Holanda e França são alguns dos países que adaptaram a história. 

 

A versão original, Skam, que em tradução livre significa ‘vergonha’, foi produzida pela emissora NRK e escrita e dirigida por Julie Andem. A série teve quatro temporadas, sendo cada uma delas focada em um personagem diferente, retratando os dramas comuns que o envolvem. Aborda a vida cotidiana dos adolescentes da escola Hartvig Nissen (Hartvig Nissens Skole), e se passa na capital da Noruega, Oslo. A narrativa traz em seu roteiro temas que vão desde paixões adolescentes a intolerância religiosa e transtornos mentais, sempre com cuidado, realismo e sinceridade ao retratá-los. 
 

As histórias contadas em Skam 

Mesmo com um baixo orçamento, Skam consegue criar uma narrativa impecável, em que os diálogos são simples e, ao mesmo tempo, profundos. Além disso, seus personagens promovem identificação muito rápido, já que ainda mostra a rotina e normas culturais da Noruega e retrata angústias e traumas vividos por adolescentes do mundo todo. 

Na primeira temporada, por exemplo, Eva, a protagonista da vez, lida com a insegurança e falta de amigos, problemas comuns da adolescência. A narrativa, que segue a perspectiva da jovem de 16 anos, mostra que sua realidade é consequência de seus atos do passado e ela busca, desesperadamente, reverter e se redimir. Nesses episódios, é possivel ver a garota lutar para conseguir aprovação de todos, desde seu namorado Jonas, até suas ex amigas.

 

 Já na quarta e última temporada, o público acompanha Sana e seu dilema em acompanhar suas amigas nas festas e eventos ou seguir as tradições de sua religião, o islamismo. Ela sofre intolerância religiosa e seus costumes e crenças não são compreendidos. Assim, ao longo dos episódios, o público assiste o desenvolvimento de um assunto que é, normalmente, pouco comentado em séries teen.
 

Julie Andem faz um ótimo trabalho ao retratar a raiva que Sana sente por toda a opressão e racismo que sofre. Com muito cuidado e honestidade, é abordado como ela é vista ao seguir aquilo que acredita. Desde o início da série, ela foi alvo de preconceito por causa de sua religião, inclusive por parte de suas melhores amigas, ao julgá-la por não ter relações sexuais, usar o hijab e até mesmo ir às festas, mas não ingerir bebida alcoólica.

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Na maioria das vezes, ela se isola – por não se encaixar na cultura norueguesa – ou precisa ficar na defensiva para se proteger e ser respeitada e, por isso, é vista como agressiva e arrogante. Sana busca conforto e acolhimento nas amigas, mas nem sempre consegue e é muito mal compreendida e, por isso, não consegue se expressar. 

É interessante prestar atenção nos diálogos da série, em como eles são delicados e proporcionam empatia e identificação. Além disso, também a maneira como o silêncio é usado se destaca: se as conversas são importantes, a ausência delas também dizem muito. Há cenas em que o silêncio intensifica uma mensagem ou as emoções que transitam em cena, e a tornam muito mais forte do que se um diálogo estivesse acontecendo.

 

O formato de Skam

Outro fator inovador foi o uso de tecnologia e o conceito de tempo real na série. Ao longo da semana eram postados pequenos clipes, cada um com o dia da semana e o horário mais o acontecimento do dia, e no final da semana saía o episódio completo. Além disso, também explora muito a interatividade. Cada personagem tem um perfil no instagram e posta conversas, fotos, vídeos que condizem com a história. Esses meios foram fundamentais para a imersão do telespectador com a obra, já que era possível acompanhá-los dentro e fora da série.

É diferente, criativo e uma ótima jogada de marketing, pois aumenta a curiosidade e o engajamento dos espectadores, que sentem como se os personagens fossem, de fato, pessoas reais. 

 

Os remakes

Em um dos diálogos da série, é apontado a existência de multiversos, em que os personagens em questão ficariam juntos em todos os universos possíveis. Nesse contexto, parece que a arte virou realidade, já que, com o final de Skam, inúmeros remakes foram produzidos, nos quais o enredo é basicamente o mesmo, mas alguns detalhes são acrescentados ou retirados.

Em todas as versões, alterações são feitas para condizer com os costumes do país. Alguns remakes tem se arriscado mais nas alterações de cenas e personagens, enquanto outras trazem mais do mesmo, apenas com atores diferentes. Até agora existem sete versões da série sendo elas: Skam France (versão francesa), Skam Itália (versão italiana), Druck (versão alemã), Skam Austin (versão norte-americana), Skam Espanha (versão espanhola), Skam NL (versão holandesa) e WTFock (versão belga).

 
De maneira geral, Skam serve de referência para inúmeros jovens ao tratar de temáticas polêmicas com conversas realistas e sutis que provocam identificação. Ela exibe como todos esão conectados uns aos outros e como as emoções podem se espalhar tão facilmente. Como foi dito por Jonas na última cena do seriado: “o medo se espalha, mas com sorte, o amor também”. 

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