Logo da série 'The White Lotus'. (Foto: Reprodução/ HBO)A série “The White Lotus” tem sido muito comentada por seu humor inteligente e pela forma como aborda questões sociais e culturais camufladamente.
A história se desenrola numa rede de hotéis, onde os personagens são apresentados como turistas em busca de uma experiência inesquecível. Porém, à medida que a trama avança, fica claro que a série é muito mais do que apenas uma comédia situacional.
O material audiovisual merece atenção, ao mostrar personagens que visualmente podem ser fúteis ou descartáveis, mas a partir do momento que a trama se desenvolve é possível observar a profundidade de personagens imprevisíveis.
A série usa de um gatilho muito influenciador que conquistou o público e a fez se tornar um grande sucesso na HBO. The White Lotus mostra para o telespectador quais são os problemas dos privilegiados brancos e ricos e torna o público uma espécie de “Voyeurista”, afinal ficamos curiosos em saber o que é privado e íntimo para personagens mimados e com seus “conflitos pessoais”. Isso para o público é algo envolvente que sai do comum e mostra uma realidade que sequer pensamos em um dia viver.
E é dentro dessa trama “fútil” que podemos observar como os anseios de ricos, e a partir de aí pensar além do proposto, no qual os nossos problemas que temos sequer chegam perto do drama dos personagens, revelando uma crítica a uma sociedade que vive de aparência, mas a que custo? O custo por se sentir bem socialmente para os demais, mesmo que isso não seja benéfico para o seu interior, um tipo de distorção social de uma classe abastada.
O drama dos dois casais da segunda temporada da série, Harper, interpretada por Aubrey Plaza, vive constantemente um conflito interno sobre a felicidade forçada do casal ao lado. O único problema é ser ética com o seu companheiro Ethan, que está preso num relacionamento conturbado por não saber impor e ser constantemente afetado pelos seus princípios de “rico” éticos.
Em contrapartida, o outro casal interpretado por Meghann Fahy e Theo James vivem um romance alienado e criaram o próprio conceito deles de amor e fica pressuposto para eles que ser rico te dar o passe de ser alienado e viver somente pelo o que te interessa.
O prazer de cada “The White Lotus”
Toda essa problemática de futilidades do branco, rico e privilegiado fica sustentada em algum ponto e a partir daí as suas ramificações. É possível falar que na primeira temporada, o motor que gerou boa parte do enredo foi o dinheiro como uma forma de opressão, visto que para nós o compromisso pode ser uma troca de papel-moeda e assim nos relacionarmos com os outros tendo valores ou não.
Na maioria dos episódios, os hóspedes protagonistas estão sempre envolvidos em situações que movimentam rios de dinheiro, desde a inquietação por não ficar no quarto mais luxuoso do hotel ou por querer financiar um novo negócio, ao ter uma catarse com alguém que acabara de conhecer.
É no desenvolvimento desses conflitos dos personagens que damos conta que o seu dinheiro e a sua noção de existência, só é possível quando se ignora a exploração dos outros.
Já na segunda temporada, é visível como o sexo pode ser porta para legitimação de traição, roubo, assassinato e exploração, e tudo isso, pode ser “naturalizado” por serem personagens ricos que abusam dos seus privilégios.
Afinal, grande parte do desenvolvimento dos personagens se deu por relações sexuais que resultaram em algum “anseio social”, revelando o famoso “white people problems”. Além disso, fica claro que é numa “Ilha de Fantasias” que ocorrem conflitos de valores éticos, discursos progressistas e sobre a farsa que cada personagem cria para si mesmo.
Confira o trailer da 2° temporada:
Trailer oficial de 'The White Lotus'. (Reprodução: HBO Max - Youtube)
