Sweet Tooth é uma série da Netflix baseada nos quadrinhos de mesmo nome de Jeff Lemire. A produção estreou na plataforma de streaming em 2021 e agora em 2023 chegou com sua segunda temporada. Além de já ter a terceira e última temporada já confirmada. A série tem como personagem principal o pequeno Gus (Christian Convery), um menino híbrido que vê sua vida mudar com a morte do pai e a invasão do local onde morava. Assim, Gus embarca em uma aventura em busca de respostas ao lado de Jepperd (Nonso Anozie) ou Grandão.
Mas Sweet Tooth não é apenas uma série de aventura em busca de resposta com uma ótima trilha sonora. Mas sim uma série sobre preconceitos, esses muito presentes em nossa sociedade. A primeira temporada caiu como uma luva na nossa realidade de 2021, onde a pandemia da Covid-19 ainda era bem forte, e uma parcela das pessoas culpavam os chineses pela doença. Da mesma forma que na série uma doença aparece simultâneo ao surgimento dos híbridos e as crianças são culpadas pela tal doença.
E apesar da primeira temporada já abordar bastante a questão do preconceito com os híbridos, isso fica ainda mais claro na segunda. Com menos cenários e com as crianças em questão passando a maior parte do tempo no zoológico o público vê como o diferente, e taxado como culpado, é tratado. As crianças são usadas em experimentos para que uma cura para a doença seja feita, e no processo não importa se vão morrer ou viver. Até porque a equipe intitulada de “Os Últimos Homens” é treinada para persegui-los.
O passado de Jepperd também fica mais claro na temporada em questão, inclusive seu período na equipe dos Últimos Homens. Ele se juntou ao grupo como uma forma de escape e descobrir coisas. Mas independente do motivo fez o que fez, posteriormente passa por uma reflexão e muda sua forma de pensar. Até passando a proteger as crianças que tanto caçou. Jepperd seria como as pessoas que destilam ódio e preconceito, as vezes por ignorância própria ou influência de outros, mas que consegue mudar e ver que isso é errado.
Sweet Tooth mostra como ser diferente pode ser associado com coisas nesse caso até acontecimentos, ruins. E as minorias da vida real não são tratadas de maneira diferente, quando não são invisibilizadas, como é o caso da população de rua por exemplo, elas são olhadas com maus olhos. Vivemos em uma sociedade em que políticos fazem campanha para “Cura Gay”, em que empresas conhecidas no Brasil têm trabalhadores em condições análogas a escravidão e tratam diferentes seus servidores de certos estados.
O preconceito está presente em todos os pilares da nossa sociedade. Muitas vezes vêm de uma criação familiar, mas existem àqueles que quebram o ciclo e se desvinculam da criação que tiveram. Só que esses ainda são minoria. Se em nossa sociedade que é globalizada, repleta de acesso a informação, com o Brasil sendo um país de várias culturas, muitos foram os comentários sobre os hábitos dos chineses, como eles eram os culpados pela Covid-19 e como a vacina ia “vim com um microchip para roubar nossos dados”, imagine se do nada surgissem crianças híbridos e uma doença mortal.
A série não é tão fantasiosa quanto possa parecer, na verdade ela retrata perfeitamente a sociedade. Com pessoas que desde o início defendem o diferente e até formam grupos, mas também pessoas que desde o início atacam e crucificam. Com pessoas que devido a família acabam por escolher e fazer certas coisas que não concordam tanto. Com uma busca pela cura custe o que custar, afinal o mundo está um caos e a pessoa que tanto ama cada dia está mais perto da morte.Sweet Tooth é uma série sobre a realidade vista de um outro ponto de vista, é uma série para gerar reflexão.
REFERÊNCIAS:
ABINARA, Bruna. A mensagem delicada no apocalipse de Sweet Tooth. Valkirias, 30 de ago de 2021. Disponível em: <https://valkirias.com.br/sweet-tooth/ >. Acesso em: 08 de mai. de 2023
Fonte: Netflix / Reprodução: TecMundo
