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27/07/2019 às 22h50min - Atualizada em 27/07/2019 às 22h50min

“Carne limpa” fará parte do mercado em 2021

Carne produzida em laboratório será a próxima inovação no ramo alimentício

Daiana Pereira - Editado por Thalia Oliveira
Fotografia: Gazeta do Povo
Startups do mundo inteiro estão em busca de desenvolver a “carne limpa”, produzida em laboratório, a partir de células troncos de animais. Com base no primeiro teste do tipo, realizado em 2013, profissionais da engenharia alimentar e outros setores viram uma ideia que poderia ter resultados  positivos para o meio ambiente, animais e alimentação dos seres humanos. E por meio das intensas pesquisas que estão em desenvolvimento, um hamburguer com carne produzida em laboratório poderá surgir no mercado já em 2021.

O processo consiste em retirar uma amostra de células do animal, sem matá-lo, e adicionar uma enzima que libere a célula-tronco do músculo. Essa célula-tronco é capaz de se replicar e se diferenciar, fazendo com que ocorra o crescimento das fibras musculares e crie um hamburguer, por exemplo.

Embora pouco comentada, há intensas pesquisas de startups na corrida para a produção da carne em laboratório. Algumas empresas estão auxiliando na capitalização para os estudos. Esse é o caso da Tyson Foods, multinacional americana. Ela está investindo milhões de dólares em startups para acelerar as pesquisas.

A Biomimetic Solutions Limited, empresa brasileira, sediada em Londres, Inglaterra, já contém vários planos piloto para a produção de carne em laboratório. O objetivo dela é produzir carne a partir de uma única célula do animal e criar carne de boi, peixe, frango e porco. Com a mesma textura e sabor da carne tradicional.

No entanto, para a comercialização desse alimento no Brasil, será  necessária uma mudança cultural. Um país que costuma realizar churrasco aos finais de semana,  será difícil aceitar a ideia de primeira, além do possível preconceito. Em pesquisa realizada pelas redes sociais, 58,3% das pessoas não comeriam a carne produzida em laboratório, já 41,6% comeria sem problemas. Embora haja resistência por parte de alguns por desconfiar do método ou por simplesmente preferir a carne tradicional, existem pessoas abertas à ideia.

A carne de laboratório se juntará às outras inovações no ramo alimentar, como o caso do glúten, lactose, vegetarianismo e veganismo.
 
Consequências

De acordo com Mark Post, professor da Universidade de Maastricht e executivo-chefe da empresa MosaMeat, com a produção de carne em laboratório seria reduzido drasticamente a quantidade de animais usados na pecuária. Ele disse em entrevista ao Globo Rural, em 2018, que no mundo existem 1,5 bilhões de bois. Com essa mudança, seria necessário apenas 30 mil.

Devido às preocupações com o meio ambiente nos últimos anos, se tornou necessário encontrar alternativas para reduzir os gases poluentes, como as emissões de CO2 e Metano (gás produzido pelo pum da vaca e do boi) na atmosfera. Para que essa produção de carne consiga diminuir os gases poluentes, será necessário o uso de energia renovável nas empresas, ou estará apenas reduzindo o gás metano. E isso já é um fator muito discutido por cientistas e ambientalistas.

Além dos gases poluentes, dados da Organização das Nações Unidas, ONU, apontam que 2 bilhões de pessoas vivem sob estresse hídrico e ainda haverá um aumento de demanda por água de 20 a 30% até 2050. E o maior utilizador de água é o Agronegócio.
 
Termo “Carne limpa”

Um dos possíveis nomes para essas carnes produzidas em laboratório é “carne limpa”. Isso se deve ao fato de a carne não entrar em contato com nenhum parasita, como na pecuária tradicional. Além de evitar bactérias, fungos e qualquer outro tipo de problema que afete a saúde.

A carne ainda terá a dosagem aconselhada de gordura, o que prevenirá os consumidores de problemas de saúde.

Porém, esse termo já está gerando conflito entre pecuaristas e pesquisadores de startups. Os pecuaristas alegam que usar o nome de “carne limpa” estará omitindo ao consumidor como ela foi feita, além de igualar à carne tradicional.

Em entrevista com a Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, rotular os produtos de “carne limpa” é incorreto. “A Embrapa prefere não utilizar o termo "carne limpa" para designar esse tipo de produto. É uma expressão inadequada, que pode prejudicar o mercado de carnes tradicionais, que no Brasil são obtidas por meio de processos cada vez mais sustentáveis e que respeitam o meio ambiente e o bem-estar animal. “

Mas a empresa brasileira afirma que será um mercado promissor no futuro, mas o Brasil precisará de muito investimento, ciência e preços competitivos no mercado nacional e internacional.
 
 
 
 
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