Com o recente sucesso da série live-action da Netflix de One Piece, a tão famosa e odiada maldição dos live-actions de animes deu uma pausa temporária. Live-actions são adaptações cinematográficas de animes ou mangás, que usam atores reais e efeitos especiais para representar elementos e estilos difíceis de criar na vida real. Adaptações de grandes nomes como: Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco, Death Note, são muito criticadas entre a comunidade consumidora e fã de seus respectivos animes. Mas, o que todos têm em comum, é justamente a sua fórmula para o fracasso.
Podemos então citar características que são decisivas para considerar um live-action um fracasso ou um sucesso:
Esse é claro, vai desde a escolha dos atores, até o esforço que esses atores fazem para interpretar o papel. Um exemplo claro e atual é a forma como os atores escolhidos para One Piece se entregaram aos papéis. Eles realmente encarnaram como seus personagens, o que garantiu uma melhor atuação. Nossos dubladores brasileiros também não ficam de fora.
O filme de Attack On Titan (Shingeki no Kyojin) é um dos filmes e tem a atuação considerada fraca, sem emoção, com a adaptação desmanchando ao longo do filme como se faltasse verba, o que nos leva ao próximo item.
A maioria das obras famosas adaptadas até hoje foram feitas por pessoas fora da bolha japonesa, especificamente os americanos. É certo que eles possuem mais verba para aplicar na produção, mas é justamente por estarem nas mãos de outras pessoas que o medo do material não ser adaptado do jeito certo cresce. Afinal, são costumes, tradições e modos de vida diferentes, uma vez que essas narrativas fazem sentido na lógica oriental. E é numa tentativa de ‘ocidentalizar’ esses costumes que a adaptação pode se perder e se transformar em algo totalmente diferente que só lembra o material de origem, ao invés de adaptar.
Death Note de 2017 é o maior fracasso de exemplo possível. A história foi americanizada o suficiente para virar apenas mais um clichê de romance adolescente ao invés da trama de suspense que conhecemos. O fracasso fica mais estampado ao saber que a adaptação japonesa foi mais fiel ao mangá ao ponto de ser convertida em trilogia.
Adicionamos ainda os custos com efeitos especiais. Os animes e mangás são conhecidos por serem cartunescos, e como itens fantasiosos e estilizados. A simples tentativa de trazer para a vida real esses elementos é desafiadora. Ou apenas malfeita. Destacamos aqui Cavaleiros do Zodíaco, que descartou completamente as grandes cenas dos torneios cósmicos, cores vibrantes e mágicas, transformando o filme num vídeo cinza e sem cor, e é claro, mais uma vez ocidentalizando toda a história.
O filme pode não ter bons atores, pode não ter bons efeitos, mas não ser fiel ao material é uma das piores coisas que se pode cometer. Ao assistir algum tipo de adaptação, seja de anime, mangá ou até mesmo de livros, a primeira coisa que os grandes fãs fazem é comparar com o material de origem. O desafio de equilibrar a história sem exagerar e manter a fidelidade do conteúdo original é o passo mais importante de uma adaptação.
É aqui que vemos o sucesso de One Piece mais uma vez. Seu criador, Eiichiro Oda, participou efetivamente na produção, o que rendeu uma fidelidade maior a série, mesmo adaptando mais de 100 episódios do anime/mangá em apenas 8 episódios da série. O que mostra o sucesso em condensar e resumir informações cruciais e o equilíbrio em trazer para a realidade.
Em contraste a isso, o fracasso de Dragon Ball Evolutions é nítido. A ideia em si já era errada, pois Dragonball sempre foi algo pitoresco e exagerado, e foi duramente criticado pela falta de respeito ao conteúdo original, história confusa, péssimo desenvolvimento dos personagens, e efeitos especiais de qualidade duvidosa. Seu fracasso foi tão grande que o autor, Akira Toriyama, foi a público e negou estar envolvido na produção, uma vez que sempre advertiu que a história estava indo por caminhos contrários e diversas vezes foi ignorado.
Sem sombra de dúvida, os dois fatores principais para serem levados a sério são nada mais nada menos que seguir o material de origem e compreender as características do anime/mangá que o fizeram ter sucesso. Ouvir os criadores, pois são eles que praticamente fizeram surgir aquele universo e os entendem melhor, é um bônus.
Esperamos que as adaptações sigam o modelo da série de One Piece, e que sejam mais cuidadosas, a fim de honrar as histórias que marcaram gerações.