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23/09/2023 às 11h35min - Atualizada em 23/09/2023 às 11h03min

Live-Actions de animes e a fórmula para o fracasso

Ao se adaptar um anime ou mangá, quais características devemos levar em conta para criar e avaliar?

Isabelle Lima - Editado por Letícia Nunes
Foto e Reprodução: Divulgação | Edição: Isabelle Lima


Com o recente sucesso da série live-action da Netflix de One Piece, a tão famosa e odiada maldição dos live-actions de animes deu uma pausa temporária. Live-actions são adaptações cinematográficas de animes ou mangás, que usam atores reais e efeitos especiais para representar elementos e estilos difíceis de criar na vida real. Adaptações de grandes nomes como: Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco, Death Note, são muito criticadas entre a comunidade consumidora e fã de seus respectivos animes. Mas, o que todos têm em comum, é justamente a sua fórmula para o fracasso.

 

Podemos então citar características que são decisivas para considerar um live-action um fracasso ou um sucesso:

 
  1. ATUAÇÃO

 

Esse é claro, vai desde a escolha dos atores, até o esforço que esses atores fazem para interpretar o papel. Um exemplo claro e atual é a forma como os atores escolhidos para One Piece se entregaram aos papéis. Eles realmente encarnaram como seus personagens, o que garantiu uma melhor atuação. Nossos dubladores brasileiros também não ficam de fora. 

 

O filme de Attack On Titan (Shingeki no Kyojin) é um dos filmes e tem a atuação considerada fraca, sem emoção, com a adaptação desmanchando ao longo do filme como se faltasse verba, o que nos leva ao próximo item.

 
  1. ORÇAMENTO

 

A maioria das obras famosas adaptadas até hoje foram feitas por pessoas fora da bolha japonesa, especificamente os americanos. É certo que eles possuem mais verba para aplicar na produção, mas é justamente por estarem nas mãos de outras pessoas que o medo do material não ser adaptado do jeito certo cresce. Afinal, são costumes, tradições e modos de vida diferentes, uma vez que essas narrativas fazem sentido na lógica oriental. E é numa tentativa de ‘ocidentalizar’ esses costumes que a adaptação pode se perder e se transformar em algo totalmente diferente que só lembra o material de origem, ao invés de adaptar.

 

Death Note de 2017 é o maior fracasso de exemplo possível. A história foi americanizada o suficiente para virar apenas mais um clichê de romance adolescente ao invés da trama de suspense que conhecemos. O fracasso fica mais estampado ao saber que a adaptação japonesa foi mais fiel ao mangá ao ponto de ser convertida em trilogia.

 

Adicionamos ainda os custos com efeitos especiais. Os animes e mangás são conhecidos por serem cartunescos, e como itens fantasiosos e estilizados. A simples tentativa de trazer para a vida real esses elementos é desafiadora. Ou apenas malfeita. Destacamos aqui Cavaleiros do Zodíaco, que descartou completamente as grandes cenas dos torneios cósmicos, cores vibrantes e mágicas, transformando o filme num vídeo cinza e sem cor, e é claro, mais uma vez ocidentalizando toda a história.

 
  1. FIDELIDADE AO MATERIAL

     
     

O filme pode não ter bons atores, pode não ter bons efeitos, mas não ser fiel ao material é uma das piores coisas que se pode cometer. Ao assistir algum tipo de adaptação, seja de anime, mangá ou até mesmo de livros, a primeira coisa que os grandes fãs fazem é comparar com o material de origem. O desafio de equilibrar a história sem exagerar e manter a fidelidade do conteúdo original é o passo mais importante de uma adaptação.

 

É aqui que vemos o sucesso de One Piece mais uma vez. Seu criador, Eiichiro Oda, participou efetivamente na produção, o que rendeu uma fidelidade maior a série, mesmo adaptando mais de 100 episódios do anime/mangá em apenas 8 episódios da série. O que mostra o sucesso em condensar e resumir informações cruciais e o equilíbrio em trazer para a realidade.

 

Em contraste a isso, o fracasso de Dragon Ball Evolutions é nítido. A ideia em si já era errada, pois Dragonball sempre foi algo pitoresco e exagerado, e foi duramente criticado pela falta de respeito ao conteúdo original, história confusa, péssimo desenvolvimento dos personagens, e efeitos especiais de qualidade duvidosa. Seu fracasso foi tão grande que o autor, Akira Toriyama, foi a público e negou estar envolvido na produção, uma vez que sempre advertiu que a história estava indo por caminhos contrários e diversas vezes foi ignorado.

 

Então, qual seria a fórmula do sucesso?

 

Sem sombra de dúvida, os dois fatores principais para serem levados a sério são nada mais nada menos que seguir o material de origem e compreender as características do anime/mangá que o fizeram ter sucesso. Ouvir os criadores, pois são eles que praticamente fizeram surgir aquele universo e os entendem melhor, é um bônus. 

 

Esperamos que as adaptações sigam o modelo da série de One Piece, e que sejam mais cuidadosas, a fim de honrar as histórias que marcaram gerações.



REFERÊNCIAS:
RAMOS, D. 5 piores live-actions de anime. CanalTech, 2023. Disponível: < https://canaltech.com.br/entretenimento/piores-live-action-anime/ >. Acesso em: 23. de set. de 2023.

FILMELIER, R. Os Cavaleiros do Zodíaco + 5 piores adaptações de anime para live-action. Disponível em: < 
https://www.filmelier.com/br/noticias/piores-adaptacoes-anime-live-action >. Acesso em: 19 set. 2023.

OMELETE. Os live-actions de anime mais bizarros. Disponível em: < 
https://www.omelete.com.br/webstories/animes-live-bizarros/ >. Acesso em: 19 set. 2023.
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