A derrota de 8 a 0 para o Corinthians é uma marca que o Palmeiras Feminino vai carregar por muito tempo. Nessa hora, muita gente busca explicações sobre como isso foi possível. A questão é complexa e esse vexame é um replay de um outro anterior.
Em 10 de setembro de 2022, o mesmo Corinthians aplicou um 4 a 0 no mesmo Palmeiras, mas no Allianz Parque. Muita gente se perguntou como as Palestrinas estavam tão apáticas e abaladas.
O motivo: a dupla de zaga foi excluída da partida um dia antes do jogo. Uma corrente diz que o técnico Ricardo Belli cometeu xenofobia contra argentina Agustina, a sua companheira tomou as dores, e a dupla saiu do clube. O caso segue na justiça.
Esse problema abriu a porta para inúmeras acusações contra o treinador e o diretor Alberto Simão, poste do Alexandre Mattos, que enfiou esse cara no time. O site Dibradoras as revelou, porém a diretoria e conselheiros não apuraram os fatos, ainda obscuros. Diferente do Santos, que demitiu toda sua cúpula após uma acusação de assédio sexual.
O pior, o Palmeiras soltou uma nota em tom de ameaça a quem fez as acusações. O mesmo time adora dizer falar que é de todos, e a sua presidente dedicou o título do Paulistão as mulheres. A mesma presidente que não fiscaliza o trabalho no feminino e só postou uma foto em que cumprimentou Amanda Gutierrez.
Depois do jogo, as atletas divulgaram um texto conjunto com promessa de reviravolta e ela veio com os títulos da Libertadores e Paulista.
Porém na virada para 2023 muitas jogadoras saíram como a zagueira Day, goleira July e meio campistas Patricia Sochor, Byanca Brasil e Ary Borges. Chegaram Amanda Gutierrez,Yamila Rodrigues, a goleira Natasha e lateral Sorisso. Apesar das críticas a goleira Amanda, Belli sequer testou a selecionável , e a Yamila era segunda opção, pois o poste do Simas, preferia a Letícia Moreno.
Com saídas importantes, o Verdão perdeu a pegada no meio-campo e o “algo a mais”. Resultado: não venceu um clássico na temporada. Além disso, por minutos não foi eliminado da primeira fase do Paulista para Ferroviária.
O pior resultado antes do 8 a 0 tinha sido a derrota de virada para o São Paulo em casa. Pior porque o Tricolor não investe tanto na categoria, mas o time do Morumbi conseguiu feitos melhores no ano. Chegou na semifinal do Brasileiro e na final do estadual após desbancar o Santos, na Vila.
Mas a Libertadores virou um refúgio para o Palmeiras. Equipe conseguiu chegar até a final com um futebol, se não foi dos melhores, eficiente. Mesmo assim, não conseguiu derrotar o Corinthians na decisão.
Depois, o técnico Belli subiu no salto e após uma vitória de 11 a 1 sobre o SKA criticou a convocação da seleção brasileira. O jênio ficou magoado depois que o competente Arthur Elias convocou dez corinthianas. Pois é.
Talvez isso tenha sido combustível para a super goleada, talvez até mesmo a recusa da Zaneratto em cumprimentar a Tarciane tenha dado um gás a mais para as Brabas. E elas as Alvinegras marcaram cinco gols em um segundo tempo disputado no sol do meio-dia de um domingo de 40 graus. Mas de qualquer forma um 8 a 0 é inaceitável
O time masculino já perdeu de seis, de sete e se manteve. O problema é que uma categoria que sofre com preconceitos pode sofrer um grave abalo.
Além disso, o Palmeiras não tem uma estrutura para o clube na capital e não tem categoria de base, por isso não vai disputar a primeira Copinha feminina. Também não estará na Ladies Cup de dezembro. Prova da perda de sua relevância.
O Palmeiras deveria demonstrar culhão e nesta segunda mesmo anunciar a saída do Simão e do Belli. Mas até o começo da tarde de terça (14) agora se calou. Optou por não dar o placar do jogo no Twitter e não falou mais nada. Topou servir ser feita de boba pelo Corinthians.
O Palmeiras não é o SKA Brasil, um time semiamador montado pelo Edmilson para dar oportunidade a quem precisa. Não é o Ceará, que perdeu investimento na categoria com rebaixamento do Vozão para série B. Nem o Realidade Jovem, time criado por uma mãe para realizar o sonho da filha de jogar futebol. Essas equipes tomaram oito gols ou mais do Corinthians na temporada.
Mas como futebol é dinheiro e politicagem, os detentores dos podres poderes se divertem e bajulam o deus dinheiro, enquanto torcedor sofre.
No fim da tarde de terça, o Palmeiras, numa nota lacônica e puxa saco, anunciou saída do técnico Ricardo Belli sem apurar as denúncias. Uma despedida pela porta dos fundos. É pouco: Alberto Simão tem que sair também. Aí dá para começar a pensar em montar um time decente. Com ele, não dá.
A marca da vergonha. Reprodução: Globo Esporte
