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20/11/2023 às 18h08min - Atualizada em 20/11/2023 às 11h52min

O furacão Madonna: Conhecida como "Rainha do Pop", ela vai além de ser apenas uma artista

Madonna é uma influência cultural que atravessa várias gerações devido à sua habilidade constante de se reinventar e à versatilidade em sua música, composição e apresentação visual.

Caroline Dantas - Revisado por Danielle Carvalho
Madonna em photoshoot para promoção do álbum "Like a Virgin". (Foto: Reprodução/Kenji Wakasugi)


Atualmente com 65 anos de idade e 40  anos de carreira, a rainha do pop Madonna é uma das figuras de maior impacto na cultura pop e aproveita sua visibilidade para além da expressão artística, incorporando temas sociais, feministas, sexuais, políticos e até religiosos em suas composições e discursos.

Começo da carreira 

Madonna Louise Veronica Ciccone, nascida em 1958 em Michigan, EUA, enfrentou desafios significativos durante sua infância e adolescência. No entanto, todos os obstáculos valeram a pena.

Aos 18 anos, Madonna deixou sua casa em busca de independência, rumo a Nova York, carregando apenas uma mala e 35 dólares no bolso. Vivendo na casa de estranhos, ela encontrou oportunidades de trabalho, economizou dinheiro e pagou por sua formação em balé e dança moderna. Em dois anos, expandiu seus talentos para incluir instrumentos musicais e começou a se apresentar em bares e boates com a banda The Breakfast Club. Iniciou sua jornada de composição e gravou uma de suas primeiras músicas, 'Everybody', em uma fita cassete, persuadindo um DJ a reproduzi-la.Rapidamente, a música tornou-se uma das favoritas nas noites de Nova York.

Madonna lançou seu álbum de estreia autointitulado em 1983, apresentando um estilo pop cativante e uma atitude ousada. O álbum gerou hits como "Holiday" e "Borderline". Ela seguiu com "Like a Virgin" (1984), que a impulsionou para o estrelato global com músicas como "Material Girl" e o título do álbum, "Like a Virgin". Sua imagem provocativa e seus videoclipes revolucionários ajudaram a solidificar sua posição como um ícone da cultura pop.



Como uma estrela internacional de renome, com dois álbuns aclamados e uma turnê bem-sucedida, Madonna está diante do que poderia ser seu próximo passo na carreira. Buscando cativar um público mais maduro, a artista imergiu na criação de um disco que rompesse com a sonoridade de seus trabalhos anteriores. Dessa busca surgiu “True Blue”, um marco considerável na reinvenção de sua trajetória. Essa transformação começou pelo visual, com Madonna adotando cabelos curtos e platinados, refletindo-se mais tarde na essência de suas composições musicais.

O single principal, “Live To Tell”, evidenciou essa mudança musical ao abandonar sua voz suave em favor de tons mais graves. Neste período, recém-casada com Sean Penn, faixas como essa revelaram um lado mais pessoal da artista, trazendo à tona suas inquietações dentro do relacionamento, com declarações de amor como a emblemática frase: "I searched the whole world for someone like you" de “True Blue”. Além disso, foi a primeira incursão de Madonna na música latina com a icônica “La Isla Bonita”.

Se haviam expectativas de que as polêmicas em torno da artista cessariam após o VMA, estavam completamente equivocadas. “Papa Don't Preach”, faixa de abertura do álbum, foi fortemente criticada devido à sua letra que abordava a gravidez na adolescência. No entanto, para Madonna, a mensagem da música era diferente. Não se tratava de apoiar uma ideologia específica, mas sim de demonstrar que as mulheres podem ser independentes e tomar decisões significativas em suas vidas sem depender da opinião alheia. Em “Open Your Heart”, o problema residia no videoclipe, no qual a cantora exibia uma postura considerada excessivamente sensual para um público infantil. Apesar da hesitação inicial da MTV em exibi-lo, posteriormente compreenderam que era uma expressão de liberdade feminina.

Para encerrar a década, Madonna lançou seu trabalho mais emblemático, possivelmente um dos álbuns mais importantes já lançados por uma mulher, devido ao seu valor histórico. No contexto do final dos anos 1980, a AIDS era um tema controverso, associada por muitos a um castigo divino à comunidade LGBT. A violência policial contra negros não recebia a mesma atenção que atualmente. Mulheres que desafiavam normas eram frequentemente estigmatizadas. Considerando todos esses elementos, é possível compreender melhor o impacto de sua obra de 1989.

O início da divulgação ocorreu por meio de uma campanha publicitária com a Pepsi, um acordo milionário em que o primeiro single do novo trabalho foi apresentado. No entanto, Madonna deixaria de ser vista apenas como uma cantora pop polêmica para se tornar uma figura que transcendia esse estereótipo. Em 3 de março de 1989, “Like a Prayer” estreou na MTV, provocando choque entre fundamentalistas religiosos e conservadores da sociedade.

Quebra de barreiras.

Madonna é uma verdadeira pioneira que moldou o mundo da música e da cultura de uma forma que poucos conseguiram. Ela não apenas quebrou barreiras; ela as pulverizou, redefinindo o que significava ser uma artista revolucionária. Com uma coragem incomparável, ela desafiou não apenas as normas da sociedade, mas os limites do próprio entretenimento. Sua música não só embalou gerações, mas também fundiu gêneros, criando uma nova sonoridade que ecoou em todo o planeta.

Desde o começo de sua trajetória, Madonna quebrou barreiras, falando sobre sexo, sexualidade feminina e feminismo. Ela também levantou outras bandeiras importantes, como direitos das pessoas LGBTQIAPN+ e desmistificação de pessoas com HIV/Aids. Conhecida por quebrar várias barreiras ao longo de sua carreira:

Barreiras Culturais e Sociais: Ela desafiou as normas culturais e sociais da época com sua música, performances e estilo provocativo, empoderando muitas mulheres e marginalizados.

Barreiras na Música: Madonna foi uma das primeiras artistas a combinar música pop com elementos de música eletrônica, dance e outras influências, mudando a paisagem musical e influenciando gerações de artistas.

Barreiras de Gênero e Sexualidade: Ela abriu caminho para discussões sobre sexualidade, quebrando tabus com sua atitude ousada, letras provocativas e performances que desafiavam as normas de gênero.

Barreiras na Indústria do Entretenimento: Madonna não só foi uma cantora e compositora de sucesso, mas também se aventurou na atuação, na direção e empreendimentos, desafiando as expectativas sobre o que uma artista pop poderia alcançar.

Barreiras de Idade: Ela desafiou as expectativas da indústria do entretenimento ao continuar sua carreira e permanecer relevante mesmo após décadas de atuação, desafiando as noções convencionais de idade na indústria.




Madonna foi premiada como a Mulher do Ano em 2016, na cerimônia da Billboard. Em seu discurso, ela expressou: “Estou aqui em frente a vocês como um capacho. Quer dizer, como uma artista feminina. Obrigada por reconhecerem minha habilidade de dar continuidade à minha carreira por 34 anos diante do sexismo e da misoginia gritante, do bullying e abuso constante. As pessoas estavam morrendo de AIDS em todos os lugares. Não era seguro ser gay, não era legal ser associada à comunidade gay. Era 1979 e Nova York era um lugar muito assustador. No meu primeiro ano [na cidade] eu fiquei sob a mira de uma arma de fogo, fui estuprada num terraço com uma faca na minha garganta e tive meu apartamento invadido e roubado tantas vezes que parei de trancar as portas. Com o passar do tempo, perdi para a AIDS ou para as drogas ou para as armas quase todos os amigos que tinha. Como vocês podem imaginar, todos esses acontecimentos inesperados não apenas me ajudaram a me tornar a mulher ousada que está aqui, mas também me lembraram que sou vulnerável, e que na vida não há segurança verdadeira exceto sua autoconfiança".

Ela continua: "Eu me inspirei, é claro, em Debbie Harry e Chrissie Hynde e Aretha Franklin, mas meu muso verdadeiro era David Bowie. Ele personificava o espírito masculino e feminino e isso me agradava. Ele me fez pensar que não havia regras. Mas eu estava errada. Não há regras se você é um garoto. Há regras se você é uma garota. Se você é uma garota, você tem que jogar o jogo. Você tem permissão para ser bonita, fofa e sexy. Mas não pareça muito esperta. Não aja como você tivesse uma opinião que vá contra o status quo. Você pode ser objetificada pelos homens e pode se vestir como uma prostituta, mas não assuma e se orgulhe da vadia em você." Confira:
 

Discurso de Madonna ao receber o prêmio Mulher do Ano, pela Billboard, em 2016. (Reprodução / YouTube) 
 
Em 2023, Madonna também fez questão de se pronunciar no Dia Internacional da Mulher, por meio de uma mensagem compartilhada em suas redes sociais. “Quero me desculpar com todas as mulheres que chamei de ‘bonitas’ antes de chamá-las de ‘inteligentes’ ou ‘corajosas’. Sinto muito se fiz parecer que algo tão simples como aquilo com que você nasceu é algo do qual você deveria se orgulhar, quando você quebrou montanhas com sua engenhosidade. A partir de agora direi coisas como ‘Você é resiliente’ ou ‘Você é extraordinária’, não porque não ache você bonita, mas porque preciso que saiba que você é mais do que isso. Feliz Dia Internacional da Mulher, para todas as Mulheres Extraordinárias que foram desvalorizadas!"


 


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