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05/08/2019 às 13h19min - Atualizada em 05/08/2019 às 13h19min

Até se entupir!

“Maratonar” séries se tornou um novo vício da sociedade

- Beatriz Evaristo
Por: Beatriz Evaristo
O streaming é uma tecnologia que permite realizar transmissões contínuas, tornando as conexões mais rápidas. Essa tecnologia está presente na sociedade desde o ano de 1995, mas só agora está ganhando mais visibilidade.

As plataformas de streaming estão se sobressaindo quando o quesito é cinema. Atualmente, a forma de consumir filmes e séries está se modificando, já que essa tecnologia possibilita o acesso a produções cinematográficas em qualquer momento do dia. A Netflix é um importante exemplo desse fenômeno. Reconhecida mundialmente por ser uma plataforma na qual há inúmeras produções importantes e ainda possuir as próprias produções, tanto no formato de filmes como em séries.

A grande diferença entre serviços de streaming e consumo televisivo é que a linearidade estabelecida nos canais televisivos não está presentes nessas plataformas, sendo assim, dão a liberdade para o usuário adequar os horários e escolher quando, como, onde e o que irá assistir, facilitando a vida do mesmo e sendo o principal motivo para preferirem essas plataformas (54% segundo pesquisa da Universal TV).

De acordo com a pesquisa da Universal TV, cerca de 51% da população consome séries de alguma forma. O estudo ainda revela que o meio pelo qual mais assistem as séries é a própria televisão (86%).
Por: Beatriz Evaristo

Por: Beatriz Evaristo



Um novo vício
O termo “maratonar”, para quem não está familiarizado, é novo entre os indivíduos. Ele se refere ao ato de assistir vários episódios de uma série até finalizar todas as temporadas disponíveis, o mais rápido possível. Segundo um estudo feito pela própria Netflix, a média dos usuários que maratonam é de três dias, ou seja, terminam uma série inteira em apenas 72 horas. Essa compulsão já estava presente em países como Estados Unidos, tornando o termo “maratonar” a tradução mais próxima de binge watching, usada frequentemente nos estados americanos.

O pesquisador Humberto C. Rezente, no artigo “Maratonas de vídeo e a nova forma dominante de se consumir e de produzir séries de televisão” analisa o binge watching. “O que hoje chamamos de binge watching ou um assistir compulsivo demandaria de três pilares básicos, um deles é a tecnologia com a facilidade de acesso, o espectador escolhe o que e quando assistir o conteúdo. A outra é o comportamento do consumidor mais ativo, que busca informações e “evita spoilers” em redes sociais e sites ou blogs, formando nichos sobre atrações. O terceiro pilar seria a complexidade das narrativas. A forma de se contar as histórias mudou. E mudou porque a natureza do negócio audiovisual permitiu isso com essas novas tecnologias que alcançaria, então, esse espectador mais pesquisador, detetive de mistérios.”, destaca.

Beatriz Tereza, 19, é estudante de pedagogia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e segundo ela, maratonar tornou-se sim, um novo vício da sociedade. Além de analisar dados do sedentarismo como uma consequência desse ato, ela também diz que esse hábito é uma forma que os usuários buscam para “fazer nada”. Ela diz ainda que “quem tem essa prática como hábito e não como hobbie acaba sendo afetado negativamente, pois isso influência a saúde do indivíduo, que troca a prática de um esporte por assistir interminavelmente uma série, digo isso por experiência própria.”

Outro fator que influencia ainda mais esse hábito são as próprias plataformas, já que elas utilizam ainda mais recursos para conseguir prender os usuários. Um exemplo desse fato está na própria Netflix, assim que um episódio acaba ela automaticamente coloca um recurso de dar sequência a série, o que instiga o consumidor a assistir mais.

A especialista e pesquisadora Beatriz Mello, do canal “Mixido”, no Youtube, explica um pouco mais sobre essa influência “Consumir conteúdo audiovisual, tornou-se acelerado e incentivado pelos serviços de streaming, que influencia não só na nossa maneira de assistir filmes e séries fora destas plataformas, mas até mesmo no formato das produções atuais. Produções que antes lançavam episódios, semanalmente, hoje têm uma temporada inteira despejada no aplicativo que cabe até em um celular e que ainda oferece opção de download para assistir em qualquer lugar.”

Por fim, essa nova forma de consumir produtos audiovisuais é uma consequência de um trabalho bem estruturado dos próprios serviços de streaming de induzir o usuário a querer mais. Talvez, futuramente, esse seja o maior vício já visto na sociedade.


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