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23/10/2019 às 15h46min - Atualizada em 23/10/2019 às 15h46min

O futebol feminino do Brasil e suas fragilidades

A realidade brasileira expõe sua vulnerabilidade nos mais diversos casos

Lúcia Oliveira - Editado por Paulo Octávio
Garota luta por vaga na peneira da Federação Paulista. Foto: Ale Viana/FPF

O futebol feminino do Brasil é protagonizado por dificuldades e, longe da realidade internacional, a situação dessa modalidade se torna pior a cada dia. No país, as jogadoras sofrem muito com a ausência de investimentos, estruturas e visibilidade. Entretanto, o que tem de sobra nelas é a esperança. 

Em junho deste ano, a Federação Paulista de Futebol (FPF) promoveu a terceira edição da peneira feminina na categoria sub-17 com objetivo de selecionar garotas para atuarem em alguns clubes paulistas. Olheiros de várias equipes do estado observaram mais de 400 jogadoras que tinham entre 14 e 17 anos. Dentre essas, Maisa Gomes Ferreira foi selecionada para integrar o time Estrela de Guarulhos, com a promessa de que seria beneficiada com alojamento e alimentação. Entretanto, Ferreira não pôde ficar no alojamento, pois, segundo Guilherme dos Santos, diretor do time -- em entrevista ao Profissão Repórter, da TV Globo -- o lugar já estava lotado e ela ainda precisaria arcar com a alimentação. 

 


Primeira rodada do Paraense FemininoImagem: Ronaldo Santos/Rádio Lobo

Outro exemplo de desordem está no Campeonato Paraense de Futebol Feminino, que começou ontem (23) e, até o momento, só conta com três partidas confirmadas. Três dos dez times que compõem a competição não conseguiram regularizar suas atletas a tempo para o início da disputa. Situações como estas expõem o despreparo de muitos clubes espalhados pelo país. Campos irregulares, repletos de buracos, falta de salário e de estrutura são as condições que estão disponíveis para o futebol feminino do Sport Club do Recife. O time do nordeste brasileiro oferece o campo auxiliar da Ilha do Retiro, que não tem grama para que as jogadoras treinem, mas não tem uma preparadora de goleiras.


Imagem: Reprodução/TV Globo 

Ainda no nordeste, o União Desportiva Alagoas (UDA)  contava com um teto salarial de 300 reais. O clube é conhecido na região por revelar destaques para o mundo da bola, além de ser o único voltado exclusivamente para o futebol feminino. Atualmente, a agremiação já conta com patrocínio da Secretaria de Esportes do estado, fato que rendeu às jogadoras um lugar fixo para treinos e transporte para os jogos, o que antes não existiam.
 
Casos como esses, lamentavelmente, são frequentes no futebol feminino do Brasil. Todos os dias, alguma atleta sonhadora enfrenta as piores condições para ir atrás de seu sonho. Entretanto, nem todas conseguem as mesmas oportunidades. Essa realidade continuará presente caso as vozes de quem vivencia tais situações continuem silenciadas. Mas  cada vez que algum clube profissionaliza uma equipe feminina o futebol respira.

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