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26/10/2019 às 23h19min - Atualizada em 26/10/2019 às 23h19min

A ostensiva turca contra os curdos sírios

Isabela Vilela - Editado por Naryelle Keyse
(Foto: AFP)

No último dia 7 de outubro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou em suas redes sociais a retirada de cerca de 1000 soldados americanos que se encontravam no noroeste da Síria, em combates, juntamente com o exército curdo, contra o grupo terrorista Estados islâmico. Após 2 dias do anúncio, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou uma investida contra a população curda que habita a região. Desde a retirada dos soldados, cerca de 500 pessoas foram mortas em bombardeios consequentes da ofensiva. 

Os Estados Unidos apresentavam-se como principal aliado do povo curdo que habitam o norte da Síria, cerca de 2 milhões de pessoas. A decisão repentina do presidente americano, colocou em risco a permanência desse povo, que também são vistos como uma ameaça terrorista aos países europeus, dentre eles a Turquia. Em meio às desavenças, em acordo histórico assinado em 17 de outubro, EUA e Turquia firmaram um cessar-fogo na região, que envolve a expulsão dos curdos do noroeste sírio, rompendo categoricamente com a aliança e proteção dada pelo exército americano aos curdos até então. Outro acordo envolvendo a população curda envolvendo a Rússia, propõe facilitar a expulsão das milícias, em troca de uma divisão na influência sob a região.


Os curdos representam uma população de aproximadamente 40 milhões de habitantes  sem Estado definido. Calcula-se que os curdos vivem na região, que hoje divide-se entre Irã, Iraque, Síria e Turquia, a cerca de 7 mil anos. A investida de países europeus contra esses povos, que apesar de possuírem mesma origem étnica possuem ideais heterogêneos, é histórica. Sob a prerrogativa estereotipada de  combater a milícia curda “a perseguição a eles hoje é justamente porque eles apresentam uma ameaça à identidade deste país (Turquia). Por exemplo, na Síria eles representam de 7 a 8% da população. Na Turquia eles representam em torno de 15 a 20% da população. Só que eles não se veem como turcos. Os que estão na Síria não se veem como sírios”, explica Geraldo Modesto, professor de história do canal Terra Negra.

Apesar dos acordos e do cessar-fogo assinado, o presidente turco diz que poderá atacar caso algum deles falhe. Com a expulsão dos curdos, o objetivo de Erdogan é criar uma zona de segurança de cerca de 400km de extensão na fronteira Turquia-Síria e abrigar refugiados da guerra civil do país vizinho.

“Isso gera um grande problema na Europa claro, a questão dos refugiados. Tanto que a UE chegou a liberar um volume de milhões de dólares para que o governo turco não deixasse os curdos passarem para a Europa.”, comenta Modesto.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, as Forças Democráticas Sírias, composta por curdos deixou, na manhã do dia 24 de outubro, a fronteira turca síria após a pressão russa sobre a região.

 

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