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26/11/2019 às 22h30min - Atualizada em 26/11/2019 às 22h30min

O futuro incerto dos cobradores de ônibus

Governador João Doria pretende extinguir função devido ao alto custo de manutenção

Barbara Honorato - Editado por Mário Cypriano
Cobrador sentado em um coletivo - Foto: Félix Zucco / Agencia RBS

No dia 12 de setembro, a Prefeitura de São Paulo anunciou uma nova possibilidade em relação ao pagamento de passagens em transporte público. Cada ônibus na capital será equipado com máquinas de pagamento por cartão de crédito, débito ou pré-pago. Esse avanço poderá impactar na vida dos cobradores, já que a introdução da máquina poderá diminuir a necessidade desses funcionários, possibilitando sua demissão. Atualmente, segundo consta nas estatísticas divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego caiu de 12,5% para 11,8%, todavia, o desemprego ainda atinge 12, 6 milhões de brasileiros.

Com futuro incerto, a situação do cobrador de ônibus é cada vez mais preocupante. Durante uma entrevista, o funcionário Matheus Morais, de 20 anos, que está no cargo há dois anos, afirma estar com medo da nova circunstância, pois esta ação resultaria em mais desemprego. “A verdade é que a prefeitura está fazendo de tudo para tirar os cobradores, então eles estão procurando métodos para isso. Só que eu não acho certo, né, para um país que tem tanto desemprego. Além de que os motoristas passarão a fazer duas funções, dirigir e cobrar a tarifa”, desabafa.

De acordo com a Lei Municipal 13.207/2001, a função do cobrador é assegurada ao determinar a presença de mais de um funcionário, além do motorista, nos ônibus da cidade de São Paulo. 

João Doria (PSDB), atual governador de São Paulo, afirmou em entrevista para a Folha de SP que “nenhuma cidade civilizada do mundo tem cobrador dentro do ônibus” e fez menção do alto custo para manter a função, contabilizanddo aproximadamente R$800 milhões ao ano. E ainda, segundo o governador, a mudança ocorrerá de forma gradativa, ao longo de quatro anos, e os funcionários que estão incluídos neste meio serão absorvidos pelo sistema, como motorista ou no plano administrativo. 

Matheus relata que para se tornar motorista de ônibus é necessário ter no mínimo 24 anos de idade, e que muitos não tem condições para trocar a carta para a categoria D ou E, além dos procedimentos das aulas e o curso de transporte coletivo, “até porque aumentaria a frota de ônibus se houvesse mais motoristas, e eu não acho que eles aumentariam, porque eles estavam tirando ônibus”. De janeiro de 2017 até setembro deste ano, 163 linhas de ônibus foram extintas no governo de João Dória

A forma como a transição ocorrerá não foi informada aos cobradores.

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