O sarampo, doença que havia sido erradicada em 2016 depois de um ano sem casos confirmados no Brasil, neste ano, já infectou mais de 245 pessoas só em São Paulo. A morte de uma criança sem histórico de vacinação foi confirmada pela Secretaria Estadual de Saúde. O estado foi o mais afetado pelo surto de sarampo no país em 2019, com 17.552 casos confirmados e 14 mortes.
Com tantos ocorrências, o país perdeu o certificado de erradicação do sarampo, expedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), após serem confirmados mais de 18 mil infectados em 2019, sendo o primeiro caso de um rapaz que havia voltado ao país depois de ir à um casamento em Israel. Ele foi internado em São Paulo, mas acabou infectando funcionários do Hospital das Clínicas. O infectologista do Hospital Fleury de São Paulo, Celso Granato, que participou do atendimento deste caso disse que “é difícil estabelecer com certeza, mas este rapaz foi considerado o caso número um da doença [em São Paulo em 2019]". O rapaz não havia tomado a vacina contra a doença.
O sarampo é uma doença altamente contagiosa provocada por um vírus chamado cientificamente de Measles morbillivirus. Os sintomas mais comuns da doença são: infecções nos olhos, tosse contínua, manchas vermelhas na pele e corrimento nasal. Já em casos graves pode causar lesão cerebral e infecções no encéfalo. A transmissão da doença acontece pelo ar, via tosse, fala ou espirro. A única forma de prevenção é a vacina, disponível para crianças e adultos de graça nos postos de saúde de todo o país.
Existem três tipos de vacinas que combatem a doença: dupla viral, que protege do vírus do sarampo e da rubéola; tríplice viral, protege do vírus do sarampo, caxumba e rubéola; e também a tetra viral, que serve para prevenir o vírus do sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora). O Ministério da Saúde lançou no mês de fevereiro a Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo, que vai até o dia 13 de março e tem como objetivo vacinar 3 milhões de crianças e adolescentes até 19 anos. Até o dia 2 de março havia menos de 30.000 pessoas vacinadas na faixa etária indicada, o que preocupa o governo.
Estudos feitos pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, mostram que o sarampo pode abrir portas para outras doenças. “Os pesquisadores conseguiram mostrar que o vírus do sarampo pode apagar, em média, 20% da memória imunológica do nosso organismo. Isso significa que pessoas que contraíram o vírus do sarampo têm risco aumentado de terem outras doenças infecciosas, inclusive doenças que o organismo já havia criado defesas. É como se o vírus do sarampo fosse a chave para liberar a entrada para novas doenças.”, diz o site do Ministério da Saúde do Brasil. Vale ressaltar que a doença pode causar complicações como pneumonia e até mesmo a morte.