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18/08/2020 às 18h33min - Atualizada em 18/08/2020 às 17h58min

PNAD aponta que mais 5 mil pessoas automedicaram-se contra o Coronavírus

Bia Britto - Editado por Camilla Soares
Foto retirada do banco de imagens Pixabay

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostrou que 2,4 milhões de pessoas sentiram perda de cheiro ou sabor, tosse, febre e dificuldade para respirar e dor no peito. Buscaram suporte em estabelecimentos de saúde 3,3 milhões de pessoas e outras 10 milhões de pessoas com sintomas tomaram outras providências. Dessas, 5.898 comprou ou tomou remédio por conta própria.

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (CREMERS), Doutor Carlos Isaia Filho, afirma que a automedicação é um tema que “preocupa muito em termos de saúde pública, porque nenhum medicamento é isento de efeitos colaterais e nem sempre ele possa ser eficaz para aquela patologia que o paciente tem e que não foi diagnosticada”.

Carlos lembrou das corridas nas farmácias de todo país em busca de hidroxicloroquina, cloroquina e ivermectina como prevenção ao COVID-19 que ocasionou um colapso. “A Anvisa interveio, colocou esses produtos que só poderiam ser vendidos com receita médica para que esses compradores não tivessem acesso antes, fizesse o teste e na presença da doença receitar ou não”, explicou.

A hidroxicloroquina e a cloroquina são medicamentos usados para tratamentos de doenças autoimunes e malária. Os estudos realizados com esses medicamentos são insuficientes, não apresenta benefícios e há alertas sobre os efeitos colaterais do medicamento. “Sem evidências científicas, eficácia e segurança desses medicamentos, a OPAS recomenda que eles sejam usados apenas no contexto de estudos devidamente registrados, aprovados e eticamente aceitáveis”, de acordo com o site informativo sobre o coronavírus.

 

Ainda segundo o site informativo, no caso da ivermectina a OMS e OPAS aconselham que não use como prevenção a doença. O estudo realizado em humanos, in vitro (laboratórios) ou in vivo (clínicos), publicados de janeiro a maio de 2020 concluiu que a medicação tem alto risco de viés, pouca certeza de evidências, e insuficientes para se chegar a uma conclusão sobre benefícios e danos.


Mesmo sem eficácia comprovada o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) continuou a defender o uso da hidroxicloroquina em uma rede social. Na publicação Bolsonaro disse que “a hidroxicloroquina é usada conforme recomendações do Conselho Federal de Medicina. A decisão é do médico e não pode ser por decreto, seja de quem for”. O presidente da república ainda completa dizendo que a  deputada estadual Clarissa Tércio (PSC-PE) faz relatos “daqueles que criticam, mas não oferecerem alternativas”.

Na mesma postagem está o vídeo em que a deputada Clarissa Tércio afirma que “médicos voluntários estão sendo perseguidos em Pernambuco por atender gratuitamente pacientes com covid-19 e receitarem, quando necessário, a hidroxicloroquina”.

 

Automedicação 


Segundo o presidente da Cremers, doutor Carlos a automedicação começou nos Estados Unidos quando “vitaminas e outros produtos foram acessíveis em supermercados, o problema começou a ser divulgado e hoje ocorre praticamente em toda a América”. 

 

Carlos explica que o principal fator causador dessa prática no Brasil é: “a deficiência do sistema de saúde pública”. Quando um paciente tem algum sintoma em vez de procurar um posto de saúde ou um médico “ele vai diretamente à farmácia, seguindo uma sugestão do balconista ou da farmacêutica, que são profissionais que não tem competência para receitar, e se automedica”. 
 

Uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), em 2019, por meio do Instituto Datafolha, constatou que a automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros que fizeram uso de medicamentos. Quase metade 47% se automedica pelo menos uma vez por mês, e 25%)o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana.

A pesquisa também registrou os medicamentos mais utilizados, antibióticos tiveram alto índice 42%, superado pelo percentual declarado para analgésicos e antitérmicos 50%. Em terceiro lugar ficaram os relaxantes musculares 24%.

Os principais influenciadores na escolha dos medicamentos usados sem prescrição são familiares, amigos e vizinhos 25%, embora 21% dos entrevistados tenham citado as farmácias como a segunda fonte de informação e indicação.


O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, doutor  Walter Palis faz um alerta. “Medicação está dentro de uma prática que contempla a realização do diagnóstico, depende de várias etapas.  O paciente será entrevistado, colhido seu histórico, realizado exames e se julgar necessário exames complementares e a partir disso ter uma prescrição”.

Walter reforça que esse processo é necessário porque toda “medicação ou praticamente todas têm riscos e benefícios e somente na consulta médica adequada é que isso pode ser avaliado corretamente. A automedicação sempre pode implicar em risco”. 


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