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20/11/2021 às 13h02min - Atualizada em 20/11/2021 às 10h58min

Após restrições, países liberam a entrada de vacinados com a CoronaVac

Entenda os motivos por trás da resistência contra a vacina chinesa e conheça quais são os países que passam a aceitá-la nos últimos dias

Julia dos Santos - Editado por Ynara Mattos
Exemplares da CoronaVac fabricados pelo Instituto Butantan (Reprodução: Instituto Butantan/Divulgação/Arquivo)

Originalmente fabricada pela biofarmacêutica chinesa Sinovac, a CoronaVac é, na atualidade, a vacina mais usada no mundo contra a Covid-19. Hoje, estima-se que mais de 1,8 bilhão de doses da marca tenham sido produzidas e distribuídas a territórios de todos os continentes. No Brasil, o Instituto Butantan é o principal distribuidor desse modelo do imunizante, produzido a partir de insumos importados originalmente da China. No entanto, apesar de todos os índices positivos envolvendo a marca, a vacina chinesa sofreu grandes preconceitos por parte da população e de líderes governamentais de diversos países. Agora, com a ajuda da ciência, esse estigma começa a ser finalmente erradicado.

 

Em um contexto diplomático, as diferenças políticas entre a grande maioria das potências econômicas ocidentais e o governo chinês fizeram com que, desde a criação das vacinas, o incentivo da compra desses imunizantes fosse menor em relação a modelos fabricados por indústrias europeias e estadunidenses. Somado ao fato de que, em fevereiro de 2020, a pandemia teve seu primeiro epicentro na cidade de Wuhan, na China, esse foi um dos fatores que mais contribuíram para a aversão popular e a desconfiança relacionadas à CoronaVac.

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Apesar da resistência que emergiu em países desenvolvidos, autoridades como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) afirmam que esse modelo da vacina sempre foi eficiente, e deve ser aplicado na população sem receios. Segundo dados levantados por pesquisadores das universidades federais da Bahia e de Ouro Preto, da Universidade de Brasília, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, da London School of Hygiene & Tropical Medicine e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz):

 
 

Uma pesquisa realizada com 60,5 milhões de brasileiros vacinados entre janeiro e junho de 2021 mostrou que a CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac, tem uma efetividade superior a 70% para evitar casos graves, internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e mortes causadas por Covid-19, inclusive entre idosos. [...]

Do total de pessoas avaliadas que haviam completado o esquema vacinal com CoronaVac (ou seja, tomado às duas doses), 72,6% apresentaram menor risco de hospitalização, 74,2% menor risco de admissão em UTI e 74% menor risco de morte. Em relação às pessoas entre 60 e 89 anos, a efetividade da vacina foi ainda melhor: 84,2% contra hospitalizações, 80,8% contra internações em UTI e 76,5% contra mortes. Instituto Butantan


Para a maioria dos órgãos sanitários europeus, os índices positivos não foram suficientes para que a CoronaVac fosse aceita como um imunizante válido nos certificados de vacina de turistas e estrangeiros com destino à Europa. Os tão esperados anúncios de abertura das fronteiras do velho continente decepcionaram milhares de pessoas com esquema vacinal completo que, por diversas razões, tinham compromissos marcados no exterior. Bélgica, Croácia e Dinamarca estão entre os países que, mesmo após todos os testes de eficácia realizados com o imunizante, ainda não aceitam a entrada de estrangeiros vacinados com o modelo chinês em seu território.
 

“Cada país tem suas próprias entidades de regulamentação sanitária, assim como o Brasil tem a Anvisa. No entanto, impedir o trânsito de pessoas com base na vacina que tiveram disponíveis para elas no contexto da maior crise sanitária do século XXI é xenofóbico, considerando que a eficácia da Coronavac foi aprovada pela OMS e os altos índices de vacinação da população brasileira já configuram menor índice de transmissão da doença", afirma Ana Luísa Pisani, estudante de Ciências Sociais da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) vacinada com o imunizante da Sinovac/Butantan.
 

Países que liberaram a entrada de vacinados com a CoronaVac

Demonstrando avanços em relação a decisões anteriores, França e o Reino Unido são dois dos territórios que flexibilizaram suas respectivas regras em relação à CoronaVac. Na França, a entrada de turistas vacinados com esse imunizante é permitida caso seja realizada a aplicação de uma dose de reforço posterior à chegada no país. Já no Reino Unido, a entrada de pessoas totalmente vacinadas com qualquer imunizante aceito no Brasil passará a ser permitida a partir do dia 22 de novembro, sem necessidade de quarentena após a chegada na ilha.

Além desses países, alguns dos destinos populares que também liberaram a entrada de turistas vacinados com a vacina chinesa são:
 

  • Estados Unidos, mediante apresentação de comprovante de esquema vacinal completo;
  • Espanha, para pessoas com esquema vacinal completo;
  • Holanda, para pessoas com esquema vacinal completo;
  • Portugal, para pessoas acima de 12 anos, mediante apresentação do Certificado Digital Covid-19 da União Europeia (UE) ou comprovante de realização de testes com resultado negativo, feito até 72 horas anteriores à hora do embarque, no caso do teste laboratorial molecular (RT-PCR), ou até 48 horas antes do embarque, no caso do teste rápido de antígeno.
 

Apesar de a maioria dos governos ainda não ter demonstrado avanços em relação a suas decisões, a expectativa é de que, até meados de 2022, a CoronaVac seja bem-vinda aos olhos de todas as autoridades ao redor do planeta. Afinal, o imunizante cumpre sua proposta, portanto, a ciência comprova não haver motivos para que as discriminações continuem.


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