A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, no final de janeiro, a comercialização e o uso de Autotestes de Covid no Brasil. A decisão, unânime, ocorreu após votação da Diretoria Colegiada da agência que autorizou a utilização desse método de testagem no país. A permissão é uma das medidas do Ministério da Saúde para controlar o avanço da pandemia e ajudar no diagnóstico mais rápido da doença. Porém, algumas dúvidas são frequentes sobre esse novo meio para diagnosticar a infecção pelo Coronavírus no Brasil.
O que é autoteste, como funciona, quando procurar, quais os pontos positivos e negativos e seu impacto no controle da pandemia?
Autoteste é o produto utilizado pela pessoa com suspeita da doença para realizar os procedimentos da testagem, desde a coleta da amostra até a interpretação do resultado, sem necessidade de auxílio profissional e de acordo com as informações contidas nas instruções de uso (bula). Um exemplo bastante conhecido de autoteste é o exame de gravidez.
O autoteste é semelhante ao teste rápido de antígeno, mas pode ser realizado por leigos, em casa. Segundo o Ministério da Saúde, para a Covid-19, apenas os produtos aprovados com a finalidade de autoteste de pesquisa de antígeno é que poderão ser utilizados pela população em geral.
A infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que uma pessoa com suspeita de Covid-19 deve fazer o teste entre o terceiro e o quinto dia após o surgimento dos sintomas. Ela ressalta que um ponto positivo do autoteste de Covid-19 é a oportunidade do diagnóstico precoce, pois faz com que o positivado entre logo em isolamento.
“A pessoa já avisa aos seus contatos que o exame deu positivo para que eles fiquem atentos e alguns também precisarão entrar em quarentena. Outra vantagem dos autotestes é que desafoga as unidades de atendimento onde, muitas vezes, as pessoas esperam horas só para conseguir fazer um exame.”, afirma.
De acordo com a especialista, o lado desfavorável do autoteste é que o resultado pode ser negativo devido à coleta errada do material. Por isso, ela recomenda que a pessoa siga atentamente as orientações da bula para não ocorrer erros na coleta.
“Outro fator negativo é que, se a pessoa tem sintomas, ela deve fazer o autoteste a partir do terceiro dia, mas se der negativo ela precisa repetir o mesmo exame 48 horas depois ou fazer o RT-PCR para a confirmação.”, acrescenta.
A infectologista disse ainda que o falso negativo é uma possibilidade nos autotestes e geralmente acontece por coleta inadequada ou por colher as amostras fora do período indicado.
A estratégia do Ministério da Saúde é que os autotestes possam contribuir para o controle da pandemia através da expansão da testagem e, consequentemente, menor disseminação do vírus pelos infectados com a Covid-19 no Brasil.
“Desde que fosse uma política pública de saúde, a pessoa teria a oportunidade de fazer o autoteste sem sair de casa, sem contaminar outras pessoas e rapidamente teria o diagnóstico e já ficaria em isolamento evitando manter a transmissão.”, concluiu Raquel Stucchi.