*Esta matéria foi feita em dedicação a todas as meninas e mulheres negras que sofrem opressões voltadas para seu cabelo natural ao longo da vida.
Toda menina do cabelo crespo ao cacheado já questionou o motivo de ter nascido com o cabelo liso, assim como as mulheres que são representadas diariamente em diversas mídias de entretenimento. Atualmente, apesar desse tipo de opressão ter se tornando mais leve, com um crescimento da representatividade na sociedade, ainda é possível notar a presença de um racismo em relação à estética negra.
Termos preconceituosos vistos como “brincadeiras” insistem em ver o negro como caricato. Sendo assim, processos dolorosos de alisamento dos fios são aplicados cada vez mais cedo em mulheres que buscam uma beleza padrão. No Brasil, diversos artistas vem aceitando e esbanjando seus cabelos naturais, influenciando os fans. Como por exemplo, a atriz Taís Araújo.
No entanto, essa luta ganha outro ponto de vista quando uma artista internacional assume a briga contra um sistema opressivo. Desde o álbum sonoro e visual ‘Lemonade’, lançado em 2016, a diva pop Beyoncé vem se tornando um símbolo de representatividade por meio das suas obras, e de luta contra o racismo. A cantora tem mostrado então toda sua força e garra como mulher preta, em uma indústria ainda considerada extremamente machista e preconceituosa.
Em 2019, a personagem Nala do live action ‘O Rei Leão’ foi dublada pela cantora. O filme é conhecido por se passar no continente africano, e trás fortes lições sobre a vida ao contar a história de uma alcateia de leões.
O lançarem o longa, Beyoncé foi decidiu anunciar o lançamento do álbum ‘The Gift’, como produtora e compositora, contando em cada faixa um pedaço da história de Simba, e servindo de apoio à trilha sonora do filme. Ainda inspirada pela produção de O Rei Leão, a cantora anunciou um novo projeto ligado ao filme e ao seu álbum, em julho de 2020, intitulado ‘Black is King’.
Em cada trilha a diva do pop aparece com roupas icônicas, cabelos impecáveis e apresenta coreografias fortes, em um filme cheio de surpresas e repleto de representatividade, tanto nos atores e dançarinos escolhidos, quanto na produção composta por africanos e afro-americanos.
A maioria dos penteados usados por Beyoncé durante o filme ‘Black is King’ são considerados grandes símbolos de resistência da cultura preta, como por exemplo os trançados. De acordo com a colunista Juliana Henrik, do site Las Pretas, o estilo da trança se atribui principalmente a religião, tribo e idade, entre outras características. Além disso, elas não se tratavam apenas da identidade transpassada nos desenhos, mas também na transmissão dos valores culturais e do estreitamento de laços entre as gerações.
Durante o período de escravidão a trança se tornou um símbolo de resistência por reforçar suas raízes, representar um mapa que auxiliava na fuga dos quilombos e por várias vezes servir como esconderijo de grãos para alimentação, segundo a colunista. Por isso, a questão da apropriação cultural é questionada quando pessoas brancas, que não sabem ou não entendem o peso e a importância desse penteado utilizam a técnica apenas por estética. Ao mesmo tempo em que mulheres pretas são reféns de um estereótipo relacionado à higiene e beleza dos trançados.
Inspirado nisso, o hair stylist Neal Farinah, que já havia atuado em diversos outros trabalhos com Beyoncé foi responsável pelos cabelos utilizados por ela em ‘Black is King’. Ele auxiliou a cantora na transação em ‘Lemonade’ na representação de cabelos naturais. Em seu perfil do Instagram, Farinah compartilhou alguns penteados recriados por ele.
Horned Head