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22/10/2020 às 19h03min - Atualizada em 22/10/2020 às 18h02min

Moda Genderless: Além de estereótipos, esse estilo fala sobre liberdade

Esse estilo busca desagregar a ideia de roupas feitas para homem ou mulher

Mylena Campos - Editado por Larissa Barros
(Foto/Reprodução: Lunelli)

A moda genderless pode ser chamada de vários nomes, entre eles estão os termos sem gênero, unissex, androginia. Provavelmente, você reconhece alguma dessas palavras, e todas elas se referem ao fenômeno de fazer com que as pessoas se sintam livres de limitações ao reafirmar que gênero não determina tipos de roupas, e que qualquer peça pode se encaixar no tanto no vestuário masculino quanto no feminino. 

A estilista Coco Chanel apresentou ao universo feminino algumas roupas que, até então, eram usadas apenas pelos rapazes. Ela foi a primeira mulher a se vestir e criar modelos femininos utilizando calças e blazers, no início do século XX. O feito revolucionou a indústria da moda na época e, em pouco tempo, modificou a maneira como as mulheres se vestiam.

Mas se engana quem acha que a moda genderless é apenas pegar uma peça oversized ou um moletom do namorado, por exemplo. Ela vem do conceito de que todas as peças devem possuir o mesmo tipo de modelagem, indo além de roupas em tons neutros, e se encaixando em ambos os corpos.

De acordo com a designer de moda, Thalyta de Souza, 24 anos, a proposta da moda genderless é fazer com que as roupas não tenham essa obrigatoriedade de atender a um público ou a outro.

 

“Quando ocorre essa separação de gênero nas marcas, automaticamente ocorre uma limitação no que pode ser explorado dentro da moda. É como se colocasse um freio em algo que poderia estar em constante avanço”  diz a Thalyta.

 

Melissa celebra aniversário de 90 anos do Mickey Mouse em coleção Unissex (Foto/Reprodução: Divulgação Melissa)

Melissa celebra aniversário de 90 anos do Mickey Mouse em coleção Unissex (Foto/Reprodução: Divulgação Melissa)

No Brasil, apesar das marcas não defenderem tão constantemente a moda genderless, algumas empresas como Zara, C&A, Farm, Lunelli já chegaram a lançar coleções aderindo a esse conceito. Além delas, a loja Melissa foi além, e mesmo sendo conhecida por produzir apenas para o público feminino, incluiu em seu catálogo desde o ano de 2015, para a maioria de seus modelos, tamanhos até o 44.

Para o influenciador digital Wes Franco (shade_arruda), se as marcas não focam nas roupas sem gênero isso é um reflexo da sociedade. “Afinal, o interesse deve partir do público, e o mercado se adequa com o que o público quer e exige. Quando as pessoas começarem a abrir a mente, o mercado vai começar a mudar”, explica.

Esse estilo tem seus desafios, pois, não é fácil produzir algo que pode quebrar um tabu e agradar tipos de públicos diferentes. A C&A foi duramente criticada devido a sua campanha televisiva,  onde enaltecia a moda sem gênero. E trazendo para o mundo dos famosos, Jaden Smith, que é constantemente alvo de comentarios maldosos por ser adepto a moda genderless. 


Para Wes Franco, ser um corpo livre sempre será um desafio, pois a sociedade não está acostumada a isso. Com a internet, ele encontrou um local onde tem como objetivo fazer as pessoas entenderem que: os corpos são livres, qualquer peça de roupa é válida para qualquer corpo existente.
 

Em 2019, o Mercado Livre se tornou o primeiro marketplace da América Latina a lançar uma seção exclusiva para a moda sem gênero.  A gerente de marketing do Mercado Livre no Brasil, Danielle Crahim, afirmou em nota oficial que a companhia entende que "todos têm a liberdade de se vestir como quiserem. O importante é se sentir confortável, por dentro e por fora. A moda sem gênero é um convite para isso", afirma. A nova categoria também fez parte das comemorações de 20 anos do Mercado Livre.


Para muitos, a moda sem gênero é uma novidade, no entanto, há quem defenda que ela sempre existiu. O fato é: ela transmite a liberdade. Não apenas a liberdade de ser quem é, de expressar seus sentimentos, mas como também, a liberdade de dar início a uma revolução no mundo da moda. 

O estereótipo de que menino necessita vestir azul e que menina necessita vestir rosa, como foi defenfido recentemente pela Ministra da Mulher e da Familia, Damares Alves, e que é passado de gerações em gerações, ainda entra em pauta. Não é uma tarefa fácil, mas também, não é impossível. O que a sociedade precisa entender é que as peças agênero serão cada dia mais incorporadas nos guarda roupas e no dia dia. 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em seu Instagram, Wes se mostra adepto a moda genderless.
 

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