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11/03/2021 às 20h44min - Atualizada em 11/03/2021 às 20h27min

Primeiro ano de ensino remoto e pandemia: o que aprendi

Sempre tive imaginação fértil, mas não o bastante para pensar que meu primeiro ano como calouro em jornalismo seria assim...

Hellen Almeida - Editado por Roanna Nunes
Ilustração: Aluno no ensino remoto/ Reprodução: Portal Anna Ramalho.
Se na virada para 2020 um desconhecido de máscara estivesse ao meu lado e falando tudo o que estávamos destinados a passar eu iria alegar insanidade de sua parte, mas após um ano, sabemos bem da triste realidade que nos rodeia...

2020, um ano que estava repleto de planos pessoais para esse jovem adolescente de 18 anos que os escreve (por sinal, Luiz, é um prazer te conhecer!). Meu primeiro ano cursando jornalismo, meu sonho desde que me entendo por gente, o ano em que alguns amigos casariam, que prometi a mim mesmo sair mais de casa, pois sempre fui isolado. E o maior objetivo: cuidar da minha saúde mental...
— Sobre os planos do Luiz na virada do ano, com os pés na areia e sonhos no coração: eu conto, ou vocês contam?

Mas, até os primeiros meses do ano eu consegui cumprir esses objetivos. Lembro que ao chegar a faculdade estava apavorado e extremamente encantado com tudo o que veria pela frente: o laboratório de rádio e telecomunicação, a biblioteca...tudo parecia um sonho se tornando real... Contudo, não demorou muito para tudo virar de cabeça para baixo.

Me recordo perfeitamente do dia em que eu e alguns colegas recebemos a notícia de que o isolamento havia chegado em nossa cidade: estávamos nos divertindo no shopping antes da aula, fomos ao cinema e na praça de alimentação conversávamos, sem máscara e sem distanciamento físico, sobre tudo e, ao mesmo tempo, nada. “Serão apenas 2 semanas, no máximo 1 mês!” falávamos em tom de tranquilidade, não sabíamos o tamanho do nosso equívoco.
E como em um piscar de olhos aqui estamos: isolados em nossas casas, alunos e instituição de ensino se adaptando ao ensino remoto. A angústia e o medo eram tamanhos que podiam ser sentidos no ar: como faríamos nossas matérias? Como entrevistar fontes? Como íamos aprender as técnicas de rádio, se ir até ela era inadmissível? Tantas perguntas e nenhuma resposta.

Aos poucos todos se adaptaram, não há dúvidas de que a tecnologia foi nossa maior aliada, fizemos nossos primeiros projetos de rádio e matérias via salas de encontro virtual, adaptamos os equipamentos necessários aos que tínhamos em nossas mãos. Todavia a situação estava longe de ser excelente, uma quantia considerável de alunos abandonou o curso, pois não se adaptaram ao ensino remoto, a carga de atividades ainda é exorbitante ao ponto de não distinguir mais o que é meu ambiente de descanso e ensino. Por sinal, descanso? Há semanas nas quais esqueço o significado dessa palavra e sua importância para minha saúde, já perdi a conta de quantas vezes iniciei os estudos às 10 da manhã e terminei apenas à meia-noite...

E não, esse não é um hábito admirável e de maneira alguma deve ser seguido. Sinto a preocupação da minha família com a rotina que tenho levado, às vezes eles têm que me lembrar que não sou uma máquina, preciso me alimentar e dormir. Eles também tiveram que se adaptar a essa nova rotina de estudos, no início foi um desafio pedir silêncio, muitas das vezes entravam no meu quarto em meio a aula, mas acredito que todos  aqui de casa se adaptaram.

No circo de horrores em que o mundo virou a psicanálise tem sido minha maior aliada para lidar com as angústias, incertezas, crises de ansiedade e carga acadêmica, se não fosse por essas duas horas semanais  nas quais me dedico totalmente a mim e minhas reflexões, não sei aonde ou como estaria. Acredito ser um privilégio de poucos, mas se puder, dê esse presente a si mesmo, ele nunca foi tão necessário quanto agora.

Hoje completo exatamente 1 ano no isolamento social e no ensino à distância e você deve estar pensando: “se tem sido tão difícil, por qual razão esse jovem insiste nesse caminho?” e eu lhe respondo: a rotina é desafiadora e o tempo escasso, mas nenhuma alegria é maior que a de ver um projeto finalizado e saber que apesar de todos os obstáculos desse louco mundo, fui capaz de criar algo que me traz tanto orgulho!

O vínculo entre alunos e professores se tornou mais forte, todos ajudando uns aos outros com muita paciência e compreensão. Além disso, priorizar um tempo de qualidade com os amigos e a família - à distância, obviamente- ajuda a levar isso com mais leveza. Afinal, uma hora tudo isso irá passar e sei que olharei com orgulho para os tantos obstáculos que superei.

Agora desejo falar diretamente com quem estuda neste pavoroso marco histórico: caso sinta que não está absorvendo nada, pare! A vida não é uma corrida e ao contrário do que nos fazem acreditar, temos todo o tempo do mundo. Porém, se você está conseguindo compreender e atingir os objetivos que lhe são dados, continue! O caminho é árduo e incerto, mas se apesar de tudo isso você ama o que tem feito, não há razão para desistir.

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