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03/05/2021 às 09h24min - Atualizada em 03/05/2021 às 08h37min

Crise no mercado mundial de chips semicondutores.

A escassez de chips gera preocupação na indústria automobilística e tecnológica. EUA e China investem para conquistar a liderança no mercado de semicondutores

Leonardo Leão - Editado por Maria Paula Ramos

 Os chips semicondutores são essenciais em nossa sociedade, eles podem ser encontrados em inúmeros produtos que utilizamos, desde computadores até automóveis. Atualmente os semicondutores possuem a mesma importância que o petróleo no século XX, eles são o coração das novas tecnologias. Em janeiro deste ano, as vendas de chips alcançaram o valor recorde de US$ 40 bilhões.

 Mas uma série de fatores causaram uma preocupante escassez de chips no mundo inteiro. A seca em Taiwan e um crescimento inesperado da demanda, são alguns desses fatores. Para produzi-los é necessário grandes quantidades de água, e a seca em um dos principais produtores que preocupa o mercado. Outra preocupação está no fato das fabricantes de semicondutores não conseguirem atender à atual demanda.
 Segundo estimativas da TSMC, Intel e Nvidia esta situação pode durar até 2023.

 
Um dos mais prejudicados é o setor automobilístico. Algumas montadoras já anunciaram cortes de produção e perdas em suas receitas. Segundo Morgan Stanley, essa escassez poderá causar uma queda na produção mundial de veículos de 1,5 milhão em 2021. Já AlixPartners prevê um prejuízo de US$ 61 bilhões neste ano para o mercado global.

 Essa pandemia forçou muitas montadoras a diminuir sua produção, reduzindo a demanda desse setor por chips. A medida que as restrições diminuíam, a procura por automóveis cresceu de forma surpreendente, graças aos juros baixos e os estímulos propostos pelos demais governos.

 Mas enquanto a pandemia causava crises nas empresas automobilísticas, o setor tecnológico foi fortemente beneficiado com um crescimento nas vendas de produtos eletrônicos. Gigantes como Apple e Microsoft, ocuparam o espaço deixado pelas montadoras, causando uma escassez de semicondutores para o setor.

 Vale destacar que enquanto toda indústria automobilística gasta US$ 37 bilhões ao ano em microchips, a Apple sozinha investe US$ 56 bilhões, tornando o setor menos atraente para os fabricantes de semicondutores. Porém, a produção e os lucros das empresas de tecnologia também estão sendo impactados pela falta de chips.

 O Analista de Empresas de Tecnologia, Matheus Popst, destaca alguns fatores para a atual escassez. Primeiro, a proibição de vendas de chips da TSMC para a Huawei fez com que as empresas chinesas passassem a fazer pedidos maiores para estocar, caso haja uma nova proibição por parte do governo americano. O segundo são os eventos climáticos que prejudicam a produção. E por último, a crescente demanda por aparelhos eletrônicos durante a pandemia, mas ele ressalta que esta escassez não inclui os chips de alta geração.


A Guerra dos Chips

 


 
Taiwan é a meca do mercado mundial de chips, com 25% de marketing share. Em 2020 a produção de chips no país superou US$ 107,5 bilhões, o setor de semicondutores é responsável por 15% do PIB. Mas Matheus destaca que grande parte desses resultados é devido a TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company).

 A TSMC é a empresa de semicondutores mais valiosa do mundo, com um valor de mercado de US$ 636 bilhões. Líder em chips de última geração, com mais de 80% da fabricação de chips entre 10 e 5 nanômetros. Ela possuí estimativas de crescimento de 10% a 15% ao ano em seu faturamento, até 2025. A empresa também é responsável pela produção de processadores para os Iphones e Macs da Apple. Segundo Matheus, essa parceria com a Apple foi um importante ponto de virada na história da empresa.
 

 Essa dependência pelos semicondutores de origem taiwanesa preocupa os Estados Unidos. Para se ter uma ideia, a TSMC está envolvida na produção dos chips utilizados pelos caças F-35 da Força Aérea Americana. Os EUA pretende lançar um pacote de apoio a produção local de US$ 25 bilhões. A TSMC também anunciou que irá inaugurar uma nova fábrica no estado do Arizona, para fornecer semicondutores ao exército americano.

 Na disputa para decidir quem cria os menores e mais avançados chips do mundo, a gigante americana Intel tem levado a pior. O analista Matheus Popst relata que os novos modelos de semicondutores superaram a arquitetura Intel. A empresa não foi capaz de diminuir o tamanho de seus chips, afirma o analista.

 Enquanto TSMC e Samsung anunciaram as produções de chips de 5nm para este ano e de 3nm para 2023, a Intel ainda está planejando a entrega de seus chips de 7nm. Ela pretende alterar seu modelo de negócios, como destaca Matheus, através de uma Foundry, passando também a fabricar chips desenhados por terceiros. 

 Uma das grandes preocupações do mercado e do governo americano, é uma possível invasão chinesa à Taiwan. Isso poderia causar uma fuga de mentes e agravar ainda mais a escassez de chips no mundo. A China é a maior consumidora de semicondutores no planeta e irá investir US$ 100 bilhões para vencer essa guerra. O país é um dos maiores produtores, mas representa apenas 3% do mercado de chips de alta qualidade contra 42,8% de Taiwan.


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