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14/06/2021 às 12h23min - Atualizada em 14/06/2021 às 12h11min

Pandemia causa prejuízos no desenvolvimento infantil

Rotina, atividades recreativas, dança e pintura são exemplos de práticas que podem atenuar impactos na infância.

Raphaella Teles - Revisado por Isabela dos Santos
Pesquisa divulgada pelo Banco Mundial aponta que 71% dos brasileiros, diante da pandemia de Covid-19, podem não aprender a ler. (Foto: Diário Cidade/Reprodução)

A adoção do ensino remoto é a medida prática mais cabível diante do atual cenário pandêmico, mas existem consequências que essa modalidade de ensino ocasiona, mais especificamente no desenvolvimento infantil.

A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) afirma que crianças com menos de 2 anos não devem ser expostas à telas, enquanto crianças com idade entre 2 e 5 anos podem, desde que esse tempo de exposição não ultrapasse 1h por dia. Entretanto, com o ensino remoto, a exposição às telas por parte das crianças é maior que o indicado, e fica evidente que as medidas adotadas no ensino online poderão gerar retrocesso na aprendizagem das crianças, segundo a SBP.

A tecnologia é uma aliada do ensino online, mas o uso demasiado das telas traz prejuízos para as crianças. A psicóloga Clínica Juliana Macêdo explica que o maior prejuízo causado pelo uso excessivo da tecnologia está vinculado à formação do imaginário infantil, pois “a capacidade imaginativa da criança só será ampliada se ela tiver contato com uma realidade concreta e não abstrata como é a tecnologia''.

A pandemia também afeta a saúde mental das crianças, uma vez que elas estão imersas no contexto de isolamento domiciliar e estresse emocional. Uma pesquisa feita pela da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Federação das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), mostra que 75% dos médicos que atendem crianças durante a pandemia, relatam que um dos maiores impactos em crianças está relacionado ao humor, por conseguinte vêm a irritabilidade, depressão, irritação, ansiedade, entre outros.

Danos à escolarização

Além dos prejuízos mentais que a pandemia pode causar nas crianças, existe, também, danos à escolarização. O Banco Mundial divulgou em maio de 2021 uma pesquisa afirmando que 71% dos brasileiros, diante do atual contexto, podem não aprender a ler. Um dos aprendizados mais básicos pode estar comprometido e um dos impasses que contribui para esse fato é a restrição ao acesso a internet, além do ensino remoto desestimular algumas crianças a participarem das aulas. Esse problema pode impactar no futuro dessas crianças, podendo afetar a absorção de conteúdos.

A psicopedagoga clinica e institucional Nívea Maria de Oliveira Castro entende que um dos problemas também está relacionado a atuação do corpo docente. “Apesar dos esforços, o corpo docente (não generalizando) está levando o ensino com o único intuito de cumprir as atividades escolares de forma a não perder o ano letivo. Desta forma, prioriza-se o cumprimento do calendário e não a aprendizagem em si. Na visão socioeducacional, compreende-se que toda essa fase pandêmica é de adaptabilidade e de aprendizado, nem tudo o que pode ser feito é feito e essa é a realidade dos educadores e das famílias. Por mais que se esforcem as lacunas do ensino remoto repercutirá anos afins, isso é notório”, afirma.

O que pode ser feito para minimizar os efeitos negativos no desenvolvimento das crianças?

O isolamento social exige que as pessoas estejam restritas às suas casas, quando necessário sair devido às demandas de trabalho ou por precisar de um serviço de emergência, o indicado é não ter contato físico e com isso, parte da interatividade se perde. Para as crianças, o isolamento social é ainda mais rigoroso, todavia, é importante “fazer com que a rotina se torne diversa mesmo estando em um ambiente limitado”, ratifica Juliana Macêdo.  Isso pode acontecer, por exemplo, por meio:

  • Da dança;
  • Dos jogos de memória e tabuleiro;
  • Das pinturas e desenhos;
  • Das leituras;
  • Da escrita.

Além disso, a execução de uma rotina é importante para as crianças. Ter horários delimitados, para os estudos, para as atividades recreativas e para atividades domésticas, pode amenizar os impactos que a pandemia pode causar no desenvolvimento das crianças. A constância de uma rotina corrobora positivamente no desempenho das funções por parte dos familiares, visto que quando as crianças possuem uma rotina que se encaixam com as demandas dos pais, o gasto exagerado de energia é acentuado e o estresse também. Afinal, “numa situação de pandemia esses papéis [crianças como alunos e pais como “professores”] serão afetados de alguma forma, mas não necessariamente elas serão prejudicadas completamente, ainda há a possibilidade de respostas adequadas para uma circunstância pandêmica”, diz a psicóloga.


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