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18/06/2021 às 14h28min - Atualizada em 11/06/2021 às 11h46min

Snapchat aposta na gamificação da moda e investe em provador de realidade aumentada

O Snapchat apresentou o RA Shopping e procuramos entender o impacto dessa ferramenta na indústria da moda.

Danielle Vaz - Editado por Larissa Barros
ThisIsEngineering / Pexels



Convencer criativos e marcas a explorarem as suas possibilidades de forma rentável é o novo objetivo da plataforma Snapchat. Durante sua conferência anual dedicada aos colaboradores, a empresa divulgou a chegada ao mercado do e-commerce e do RA Shopping, um provador de realidade aumentada. 

A atual proposta de provadores digitais na plataforma, a partir da inteligência artificial, permite que os usuários registrem medidas de seus produtos no aplicativo, proporcionando uma maior divulgação e acesso às marcas de moda. 

Não é novidade para quem gosta de consumir dessa indústria que, desde sua criação, o aplicativo de vídeos instantâneos virou o queridinho de marcas de moda e digitais influencers da área. Em 2016, era comum nos depararmos com as tags de desfiles nos destaques, ou modelos compartilhando seu dia nos backstages das semanas de moda. 

O sucesso foi tão grande que, em 2013, o Facebook chegou a fazer uma oferta bilionária pela plataforma, que acabou não aceitando a oferta. A disputa atraiu a atenção do Instagram, que após três anos acabou incorporando o recurso de stories.  Anos após esse embate, o Snapchat foi praticamente esquecido e substituído por outro semelhante, mas tudo pode mudar. 

Em março deste ano, a Snap, dona do aplicativo de vídeos, anunciou a compra da startup alemã, Fit Analytics, especializada em inteligência artificial para e-commerce de moda. A Snap também adquiriu a funcionalidade de Screenshop, que funciona para encontrar peças de roupas a partir das fotos dos usuários. 

Para mostrar o quanto está apostando nesse mercado, a dona do app apresentou o Spectacles, novos óculos de realidade aumentada, disponíveis tanto para criadores quanto marcas, com o intuito de oferecer maior conforto para desenvolver a criatividade dentro do aplicativo. A utilização desses recursos pode ser chamado de Gamificação da moda, e está cada vez mais presente.


De acordo com a jornalista de moda, pesquisadora e representante latino americana da Première Vision, Olívia Merquior, tudo que estamos percebendo na indústria da moda é apenas o início de uma grande mudança, explicando até o porque grandes marcas de moda estão apostando nesse artifício de gamificação.


 

“Todas as transformações e negócios que estamos observando nos games é apenas o início de um mercado que vai crescer exponencialmente. O game não é apenas entretenimento, ele vem acostumando às novas gerações a um tipo de interação e comunicação muito diferente do que vivemos até hoje. Na verdade, vejo os games como um artifício das grandes empresas de tecnologia para ‘educar’ o cérebro das novas gerações”, explica. 


Ela destaca também que, com essa etapa de adaptação prévia, essas gerações vão mergulhar no mundo 5G com mais naturalidade. Para ela, os grandes conglomerados de moda já entenderam essas mudanças e por isso também estão experimentando novas formas de criação e negócios dentro dos games. “Essa vem sendo a melhor maneira de testar recursos e interatividades que passarão a permear, em breve, o mundo da internet das coisas e realidades expandidas”, declara Olívia.

 A Gamificação é a junção de características de jogos virtuais para engajar ou motivar comportamentos em diversas áreas. Para a moda, a coleção de 2018, da linha Tommy Jeans Xplore, da Tommy Hilfiger, é um dos maiores exemplos, pois trazia etiquetas inteligentes que mediam a frequência com que a roupa era utilizada, permitindo ganhar prêmios como ingressos de desfiles futuros, para quem mais circulava com a peça.


A desenvolvedora de jogos, Lu Di Pietro, afirma que o mundo dos games e a indústria da moda se conectam muito bem, pensando nas experiências dos usuários e dos consumidores de moda. Já que, desde a faculdade é ensinado a lidar com luz, sombra, cores, pontos e traços, justamente para trazer a experiência ao jogador, para fazer com que sinta além do digital.
 

 “Eu não costumo ver e pensar sobre a moda no meio dos desenvolvedores, pensar sobre moda e sobre moda diferente, sabe? Não só uma questão estética (...). Uma questão de experiência mesmo do usuário assim. E quanto aquela roupa pode fazer diferença nele, a tecnologia ajuda a enxergar isso, não só a facilidade do marketing da loja, mas como a user experience, a experiência da pessoa a usar as tecnologia, tanto um sistema (...) um produto se alinha,” declara a desenvolvedora.


Lu di Pietro comenta ainda que há vários jogos com a temática da moda no mercado, sendo, por muitas vezes, o principal objetivo do game. Durante a entrevista, recordei dos jogos mobile das irmãs Kardashians, com o “Kim Kardashian: Hollywood”, que permite criar um avatar e vesti-lo conforme a ocasião e assim, subindo de nível, enquanto socializa com celebridades.


A moda como entretenimento e comunicação, está em constante movimento e mudança, a gamificação é percebida apenas como mais uma ferramenta de inovação e praticidade para o consumidor. Cabe ao produtor e ao usuário se adequar ao novo cenário.

 


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