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10/07/2021 às 21h07min - Atualizada em 10/07/2021 às 20h12min

Sneakerheads e a paixão por colecionar tênis

Das ruas ao lifestyle: conheça a história destes colecionadores

Danielle Barros - Editado por Daniel Magalhães
Reprodução/ Unsplash
Nos últimos anos, substituir calçados tradicionais por tênis tornou-se habitual. Mas isso não foi uma novidade para os sneakerheads, adeptos e colecionadores de sneakers – que na tradução literal significa tênis. Para esse grupo, o tênis é mais que um calçado, ele representa um estilo de vida.

A expressão surgiu nos Estados Unidos, na década de 1960, mas só ganhou notoriedade depois de 1980. No Brasil, o sucesso é mais recente e só se popularizou nos anos 90. Como praticamente toda tendência urbana, os sneakers são produtos das ruas, que ganhou fama com jogadores de basquete e rappers.

Apesar dos preços elevados da maioria dos modelos de sneakers, para ser um apreciador e colecionar o calçado não é necessário pagar caro. Para Felipe Paulino, educador físico e sneakerhead, a intenção ultrapassa o valor. “Eu acho que vai muito além de tênis hypados, caros e diferenciados. É amar os tênis desde um mais simples a um mais famoso. É se envolver na cultura por trás disso, buscar entender os conceitos e ideias por trás dos modelos e não só os que você gosta, mas sim da história que tem por trás”, explica Paulino.
 


Mas quando começa essa paixão?

Um sneakerhead pode dedicar horas em seu dia para estudar sobre a história dos sneakers, buscar curiosidades, descobrir os próximos modelos a serem lançados e negociar com outros colecionadores. No entanto, cada um iniciou sua relação de um jeito diferente.

Para Thiago dos Santos, gerente de loja e sneakerhead, foi por meio da mídia que a paixão despertou “Minha relação com os tênis começou quando eu acompanhava os videoclipes que rolavam na MTV, o extinto programa “YO! Raps”. Através do programa, usava as tendências de fora para serem adaptadas aqui, pois, na época não encontrava com facilidade os modelos que os rappers usavam, sendo eles modelos atléticos, basquete ou casuais”, explica o gerente.

Mayara Lima, auxiliar administrativa, não se considera uma sneakerhead, mas é uma fangirl da marca Adidas. Ela conta que o gosto vem de família “Minha paixão por tênis começou cedo pela influência do meu pai que sempre apreciou e me ajudava a escolher os mais estilosos. Ele sempre gostou da Adidas e nisso fui “entrando na onda”. Foi amor à primeira vista!” conta Mayara.
 


Já para Felipe foi diferente. Tudo começou quando a mãe e a avó compraram um tênis para o educador trabalhar quando ele tinha 17 anos. Foi após essa situação que Felipe passou a gostar dos sneakers. “Depois que me formei, comecei a comprar vários sneakers, sempre os mais comuns e baratos, e achados de outlet também. Eu queria variedades e modelos diferentes. Conforme fui ganhando mais e desenvolvendo mais gosto fui procurando modelos com hype e conceito”, compartilha Paulino.

Cada um com suas loucuras

É provável que você já tenha escutado por aí histórias de colecionadores que se envolveram em situações fora do normal para conseguir o tão sonhado item que falta em sua coleção. Com os sneakerheads não é diferente.

Há modelos de tênis que são lançados em quantidade limitada, ou que não são distribuídos para todos os países. Se for de alguma collab - colaborações de marcas realizadas com estilistas ou celebridades - o desejo de adquirir aumenta e é provável que o produto esgote rapidamente.

“Rodei Nova York inteira atrás do Yeezy Zebra quando teve restock, não consegui achar. Comprei um Pharrel um número menor para suprir minha vontade, risos. Depois vendi pra comprar esse mesmo Yeezy no Brasil que um amigo conseguiu e no final ficou apertado, risos”, explica Felipe.


Thiago conta que como qualquer outro sneakerhead cometeu algumas loucuras, como dormir em fila de loja para conseguir seu par de tênis. “Mas com certeza a história mais impressionante foi sair de onde moro, na zona sul de São Paulo e ir à cidade de Jundiaí trocar um tênis com um amigo, em horário de pico. Mas no final valeu a pena, pois, era um tênis que eu queria muito, e pela sensação de calçá-lo valeu cada minuto!” diz o gerente.
 

Sentimentos e comunidade

Talvez você não entenda a paixão que há por trás desse hobby, que para muitos, como Thiago, também é trabalho. Mas, para os sneakerheads existem sentimentos e o senso de comunidade é bastante presente.

Mayara explica que além dos tênis casuais, os tênis esportivos da Adidas têm espaço importante em sua vida. Ela descobriu sua paixão por um esporte por meio da marca “Faço parte de comunidades da Adidas que o foco é corrida como lifestyle. Corremos por vários lugares de São Paulo com o propósito de praticar um esporte com muita alegria e prazer para todos!” diz a fangirl.

É com ajuda das redes sociais que Felipe encontra o que precisa e acompanha esse universo. “Faço parte de umas três a quatro comunidades no Facebook, onde é mais fácil achar alguns tênis, negociar outros e trocar informações. Além de vender os antigos para trocar por novos, também tem alguns perfis de Instagram legais para seguir”, compartilha.

Thiago descreve que são muitas as experiências e que vale a pena. “Através do universo Sneaker fiz inúmeros amigos. Já me emocionei, já sorri, já chorei de raiva e muitas outras situações. Mas é até clichê dizer isso, mas como diz o rei Roberto Carlos “O importante é que emoções eu vivi".” brinca Thiago.

A minissérie do Netflix, “Sneakerheads”, conta de forma divertida a história de dois amigos que cometem loucuras para conseguir pares de tênis exclusivos. A narrativa explora a paixão e o comércio envolvido no mundo dos sneakers.



Para ser um sneakerhead não é necessário ter todos os lançamentos, ou, comprar tênis de uma única marca. Podem ser dos básicos aos mais coloridos, colecionar tênis também é colecionar histórias, conhecimento e momentos.

 
 
 
 
 
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