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20/08/2021 às 00h00min - Atualizada em 20/08/2021 às 00h01min

ONU aponta resultados do aquecimento global em relatório para os próximos 30 anos

A organização mostra que, se atitudes não forem tomadas, os danos podem ser irreparáveis

Daiane Obolari - Editado por Júlio Sousa
Reprodução/ Jornal de Brasília
Recentemente, em um esboço de um relatório do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), órgão consultivo da Organização das Nações Unidas (ONU), foi apontado o resultado do aquecimento global sem precedentes no planeta nos próximos 30 anos, mesmo que haja a redução da emissão de gás carbônico na atmosfera. Oficialmente, o texto só deve ser publicado no próximo ano, durante a conferência da ONU sobre o clima, a COP 26.
 
Outro ponto a ser destacado foi que, em 2021, o Dia de Sobrecarga da Terra - dia em que todos os recursos naturais produzidos pelo planeta para durar um ano acabam - aconteceu na data recorde de 29 de julho, enquanto em 1970 a data marcava 29 de dezembro. Isso significa que seria necessária 1,7 Terra para suprir a demanda de produção e consumo global em um ano. A partir de agora, vivenciamos o déficit ecológico até o fim do ano, totalizando cinco meses nesse período.
 
O documento mostra ainda os principais efeitos previstos para as próximas três décadas em razão da ação humana na Terra, são elas:
  • Colapso de ecossistemas
Os incêndios florestais e a seca podem transformar a Amazônia em um deserto, intensificando o aquecimento.
  • Extinção de espécies
Com o aquecimento, as espécies de diferentes ‘habitats’ como ilhas, montanhas e as marinhas, estão ameaçadas por conta do calor excessivo.
  • Aumento do nível e aquecimento de oceanos
O derretimento das geleiras em grande escala deve aumentar o nível do mar, causando inundações em áreas costeiras e forçando a migração de muitas pessoas. A previsão é de que praticamente todo o litoral seja afetado por ciclones, enchentes, seca, incêndios e ondas de calor.
  • Seca
“A água é uma das questões com que a nossa geração vai se confrontar muito em breve [...] Haverá deslocamentos em massa, migrações em massa e precisamos tratar tudo isso como um problema global”, relatou à AFP Maria Neira, diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Caso haja um aquecimento de 2º C, cerca de 410 milhões de pessoas enfrentarão a escassez extrema de água.
  • Fome
A África e a Ásia enfrentam a maior probabilidade, com 80% da população em risco extremo de fome até 2050. A diminuição da produção de alimentos, atrelada ao aumento de até um terço do valor dos mesmos, será crucial para milhões de pessoas. 
  • Doenças
O aumento das temperaturas pode acelerar a proliferação de mosquitos, fazendo com que, até 2050, grande parte do mundo enfrente doenças como a zika, dengue e febre amarela. Além de outros fatores como a contaminação da água e alimentos por toxinas marinhas e doenças relacionadas à má qualidade do ar. 
  • Calor extremo
Por fim, o calor extremo, que já vem sendo notado - como aconteceu recentemente no hemisfério norte, onde temperaturas altíssimas como nunca vistas antes foram registradas -, foi apontado no relatório, inclusive com complemento de que, a cada cinco anos, 1,7 bilhões de pessoas devem ser afetadas por ondas de calor.
 
Todos os elementos citados acima estão diretamente ligados ao avanço do aquecimento global. O IPCC trouxe ainda, no relatório, ações que devem ser adotadas imediatamente para evitar o colapso iminente do clima. Preservar e restaurar florestas, tanto emersas quanto marinhas, reduzir pela metade o consumo de carne e aumentar o consumo de vegetais, castanhas e frutas, trocar meios de transporte individuais por coletivos ou bicicletas e a reciclagem são exemplos de atitudes eficazes. 
 
Caso os alertas emitidos pelos especialistas continuem sendo negligenciados, isso pode significar o fim para a humanidade. Como um último apelo a todas as pessoas, o documento aponta:
"A vida na Terra pode se recuperar de uma drástica mudança climática, evoluindo para novas espécies e criando novos ecossistemas. Os seres humanos não podem".
 

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