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21/08/2021 às 19h18min - Atualizada em 21/08/2021 às 19h15min

Tropas norte americanas deixam o Afeganistão após 20 anos de ocupação

Retirada das tropas pode ser a decisão mais importante do governo Biden, aponta especialista

Daniel Souza Lopes - Editado por Maria Paula Ramos
Foto: Zabi Karim
No domingo, 15 de agosto, os militantes do Talibã, grupo islâmico sunita, voltaram ao poder pouco após iniciada a saída das tropas norte americanas do Afeganistão. O então presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, fugiu para os Emirados Árabes.

Como um dos principais programas de governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a retirada estava programada para acontecer até o dia 31 de agosto, quase 20 anos depois da ocupação.  Entretanto, o presidente afirmou que seu exército continuará no Afeganistão até a retirada com segurança de todos os cidadãos norte-americanos do país. Os EUA ocuparam o país em busca do líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, após os ataques de 11 de setembro.


 

"Se restarem cidadãos americanos, vamos ficar para tirar todos", disse Biden em entrevista à rede americana ABC




O Talibã, que na língua Pashto significa “estudantes”, é um grupo fundamentalista islâmico formado no final da Guerra-fria, quando a União Soviética invadiu o Afeganistão (1979 – 1989). O grupo defende uma rígida interpretação do Alcorão na administração do país.

Os Estados Unidos e a Arábia Saudita, aliada dos americanos, apoiaram e armaram o grupo islâmico, que ficou no poder de 1996 a 2001, até os Estados Unidos invadirem o Afeganistão.

 

“Em 1978, os socialistas tomaram o poder no Afeganistão durante a Revolução de Saur. Os EUA e seus aliados, como a Arábia Saudita, passaram a apoiar o movimento de resistência, armando diversos grupos islâmicos. Nesse mesmo contexto, os sauditas financiavam Madrassas, escolas religiosas no Paquistão para onde as famílias afegãs, especialmente da etnia Pashtu, enviavam seus filhos. Foram nessas escolas que se organizou o grupo que criou o movimento Talibã”, explica James Onnig, professor do Laboratório de Pesquisa em Relações Internacionais da Faculdade de Campinas (FACAMP).

 
Em 2001, após o ataque de 11 de setembro ao World Trade Center, o presidente dos Estados Unidos na época, George W. Bush, invadiu o Afeganistão. O Talibã foi acusado de financiar e esconder os responsáveis pelo ataque, incluindo o líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden. Bush deu início ao que ficou conhecido como “Guerra ao terror”.

Em 20 anos de conflito, mais de 4 mil militares americanos e de nacionalidade aliadas foram mortos e mais de 15 mil foram feridos. Entretanto, os civis foram os que mais sofreram. Mais de 50 mil afegãos morreram durante os conflitos.

Os afegãos já sofrem as consequências da retirada das tropas norte americanas. As forças de segurança afegãs, mais de 300 mil militares e policiais, não foram suficientes para reter o avanço do grupo até a capital, Cabul. Na última semana, presenciamos cenas de desespero e desamparo, com centenas de afegãos tentando deixar o país nas aeronaves norte americanas. Especialistas apontam que as mulheres afegãs serão as mais afetadas nessa transição. Elas temem perder os direitos sociais e econômico que conquistaram nas últimas décadas.

 

"Há muitas restrições agora. Quando eu saio, tenho que usar burca (traje que cobre completamente o corpo da mulher, com uma treliça estreita à altura dos olhos), conforme ordenado pelo Talibã, e um homem precisa me acompanhar", conta uma parteira de Ishkamish, distrito da província de Takhar, no Afeganistão.


 


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