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30/11/2021 às 16h41min - Atualizada em 30/11/2021 às 16h41min

Palmeiras conta com gol de herói improvável para conquistar a América

Na campanha vitoriosa, time superou equipes que venceram o Verdão nas decisões do ano e contou com brilho de Deyverson e estratégia de Abel Ferreira

Paulo Octavio
Palmeiras celebra conquista do tri da Libertadores, bi consecutivo. Foto: Juan Mabromata / AFP
Se a história do Palmeiras na Libertadores de 2021 fosse um filme cumpriria com êxito todos os requisitos da jornada do herói, o “esquema” usado pela maioria das obras cinematográficas de sucesso. E haveria dois  protagonistas: Abel Ferreira, um jovem vindo de longe e desconhecido, que recebeu o chamado para aventura e fez história.
 
O outro, Deyverson, totalmente contestado, assim como os atacantes do clube, tinha sido empresatdo e voltou ao clube para fazer o gol da vitória e por o ponto final na decisão.
 
Além disso, a equipe ainda superaria todos os adversários que o derrotaram nas finais da temporada. Flamengo, campeão da Supercopa do Brasil, e São Paulo, campeão paulista. Só o Defensa, campeão da Recopa, não foi derrotado pelo Palmeiras na campanha vitoriosa do título.
 
Confira a retrospectiva do torneio que teve um final apoteótico para os paulistas:
 
No sorteio da Libertadores, já houve a projeção de um grande jogo contra o Grêmio e logo a imprensa rememorou a partida de 1995, marcada pela briga entre os jogadores e a quase virada do Alviverde após derrota por 5 a 0 em Porto Alegre (o 5 a 1 no Palestra foi insuficiente para o Verdão avançar). Mas o Tricolor não fez sua parte. Até eliminou o Ayacucho (PER) na primeira pré classificatória, mas foi superado pelo Del Valle.
 
Na fase de grupos, o Palmeiras conseguiu a vaga sem sustos com duas rodadas de antecedência e três vitorias fora de casa -- a primeira contra  o Universitário, no ultimo minuto, após revés  por 2 a 0. O sossego só foi quebrado pelo Defensa y Justicia. Após a vitoria dos argentinos na Recopa, eles ganharam de novo no Allianz.  Mas a goleada de 6 a 0 no Universitário acalmou os ânimos.
 
A eliminação na terceira fase da  Copa do Brasil para o CRB -- antes mesmo das oitavas de final --balançou Abel no cargo e causou turbulência, mas ele manteve-se como treinador e aproveitou o período de pausa do torneio sul-americano, devido a Copa América, para superar esse problema.
 
No mata-mata, a Universidad Católica foi eliminada após duas vitorias por 1 a 0 sem grandes emoções. A dificuldade começou a aparecer nas quartas de final. Em mais um confronto contra um time que o derrotou em uma final. O São Paulo, que quebrou jejum de nove anos sem títulos na decisão do Paulistão, carregava um tabu de sempre eliminar o Alviverde na Libertadores. Tinha conseguido o feito em 94, 2005 e 2006 e nesses três vezes o tricolor chegou a decisão.
 
E até parecia que o clube do Morumbi conseguiria a vantagem para o jogo da volta. Vencia por 1 a 0 com gol de Luan até que De Paula empatou numa cobrança de falta. O volante tinha sido apupado pela torcida por ter ido em uma festa clandestina assim como Lucas Lima, que posteriormente foi emprestado para o Fortaleza.
 
Já no Allianz, com uma nova postura, o Verdão conseguiu despachar o rival com uma vitória importante por 3 a 0. Mas o são-paulino se pergunta ate hoje se o Pablo tivesse empatado o que teria acontecido.
 
Na semi-final outro embate contra brasileiro. O Atlético MG embalado pela boa campanha no Brasileiro e com reforços como Huck e Diego Costa, que o próprio Palmeiras queria. E Huck foi um protagonista dessa historia. Ele perdeu o pênalti em São Paulo, nessa que foi uma das raras chances de gol em uma partida marcada pela apatia ofensiva.
 
No Mineirão, Rony poderia ter aberto e depois dessa primeira chance o Galo teve mais volume e só não abriu o placar no primeiro tempo porque Weverton não deixou. Mas na cabeçada de Vargas aos seis do segundo tempo não teve jeito. No momento, Abel apontou o dedo para a cabeça e pediu calma aos jogadores porque o empate era do Palmeiras. E ele veio em uma das mexidas contestadas do português.
 
Veron entrou no lugar de Rony. E enquanto todos criticavam a alteração, o jovem passou por Nathan Silva e cruzou para Dudu empatar e dar a vaga na final. Deyverson quase estragou o momento por ter invadido o campo.
 
O atleta, assim como todo o ataque, foi criticado. Nenhum atacante camisa nove, de oficio se firmou. O próprio Deyvin, Breno Lopes, Willian e nem Luiz Adriano conseguiu cavar vaga de titular. Esse último inclusive entrou em crise com a torcida.
 
Classificado para final contra o Flamengo, o time esperou 60 dias para a decisão. E nesse meio tempo flertou com a crise. A sequência de jogos sem vitorias (principalmente as derrotas para o Bragantino, no dia da volta da torcida, e para o São Paulo, com  um time reserva) incomodou mais pelo desempenho do que pelo resultado. O Verdão não saiu do G4, mas jogou abaixo do que o torcedor esperava, principalmente, às vésperas de uma decisão
 
Enquanto isso, o Fla conseguiu boas vitorias, carimbou vaga na Libertadores antes mesmo da decisão, mas a eliminação para o Athletico na Copa do Brasil e o empate contra o Grêmio, após ter aberto dois a zero, mostraram que havia algo de ruim no reino da Gávea.
 
Na final, em um jogo nervoso, o Palmeiras abriu o placar com Raphael Veiga que foi candidato a herói, assim como Rony, que deu um belo chute defendido por Diego Alves. Mayke foi o candidato a vilão por não ter acompanhado o Gabigol no lance do empate. Justo ele que era alvo de dúvidas sobre se conseguiria substituir bem o Marcos Rocha, suspenso pelo terceiro amarelo.
 
 Mas o herói foi Deyverson. Contestado e criticado, o jogador foi decisivo na prorrogação. Roubou a bola de David Luiz com falta. No lance seguinte, aproveitou a falha de Andreas Pereira e teve frieza para encarar o goleiro e virar a partida. E ainda teve tempo para simular uma falta do arbitro em um dos momentos mais non sonse da história da Libertadores.
 
A vitoria contra Flamengo lavou a alma do torcedor que não via um triunfo contra os cariocas desde 2017 quando o mesmo Deyverson fez um dos gols. Nesses quatro anos, o Verdão perdeu a Supercopa para o rival, viu dois técnicos caírem após derrotas para o Fla e conviveu com inúmeras criticas da mídia.
 
Agora clube parte para o sonho de ganhar o Mundial e fazer história. Em fevereiro, clube enfrenta o vencedor de Monterrey x Al Ahly e o fantasma do torneio passado. No campeonato de 2021, o  também mexicano Tigres tirou os paulistas da final e os árabes venceram nos penaltis a disputa de terceiro. Agora Palmeiras tem a chance de dar o troco. Se passar, deve enfrentar o Chelsea na final dos sonhos do torcedor que já planeja viagem para Abu Dhabi.
 
PRÓXIMOS CONFRONTOS
 
Agora Palmeiras e Flamengo voltam as suas atenções para as últimas rodadas do Brasileirão. O Verdão, sossegado, pega o Cuiabá na Arena Pantanal nesta terça, (30) às 22h (Horário de Brasília; 21h no horário local). Já o rubro-negro encara o Ceará, também na terça, as 20h, no Maracanã. Se Fla não ganhar, o Atlético MG confirma o título nacional nesta noite.

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