Por volta de 1940, na conservadora e tradicional Cuiabá/MT, uma figura se destacou e gerou polêmica para os padrões sociais e comportamentais da época. Vista até mesmo como uma figura folclórica, uma mulher cujos registros oficiais de nome, nascimento e morte não se tem notícia, e o pouco que se sabe a seu respeito foi passado por meio da oralidade através das gerações. No entanto, sua passagem pela capital foi tão marcante a ponto de uma praça e estátua serem dedicadas a ela.
Retirante nordestina, negra, alta, magra, de cabelos curtos, fumava cigarro de palha, trabalhadora independente e muito conhecida na localidade, Maria Taquara está no imaginário do povo cuiabano pelos contos populares e boatos que correm sobre ela até os dias atuais. Com semblante sério e de pouco papo, Maria trilhava o próprio caminho com uma "trouxa de roupas" na cabeça para lavar no rio, contam alguns que viveram na mesma época. Existem relatos de que ela residia em um rancho onde fica hoje o então Shopping Goiabeiras, próximo ao 44º Batalhão.
O apelido Taquara veio pela semelhança “física” com a planta, pois sendo alta e magra chamava atenção por onde passava. Era falada na cidade por seu estilo de vida ir contra aos padrões sociais vigentes: não era casada, não tinha filhos, andava sozinha, tinha o próprio trabalho, fumava e bebia quando queria, e além de tudo, sua vestimenta era um escândalo para a época. Taquara teria sido a primeira mulher na capital a vestir calças compridas, peça que até então era utilizada somente por homens.
Existem vários boatos sobre o que motivou que ela utilizasse as calças, um deles diz que foi vestida com ela, outro de que pegou das roupas que lavava, e até mesmo que chegou a ser presa por utilizá-las. Alguns especulam mais ainda sobre sua vida: se era moradora de rua, dependente do álcool ou até mesmo prostituta, demonstrando preconceitos e suposições com o estilo de vida que levava. No entanto, mesmo com o que ouvia nas ruas, Maria pouco se importava e ainda retrucava quem a provocasse, segundo relatos.
Apesar do comportamento e modo de vida que fugiam às normas sociais, nunca levantou algum tipo de bandeira feminista ou movimento, apenas agia da forma que queria, sendo ela mesma.
Quem passa pelo cruzamento da Rua Clóvis Huguenei com a Avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha) pode observar a estátua alta e prateada em sua homenagem. Pelas formas corporais, a estátua retrata a lavadeira vestindo calça e com a trouxa de roupas na cabeça que se destaca. Feita de bronze em 1989 pelas mãos do artista Haroldo Tenuta, e restaurada em 2009 por Fred Fogaça, a estátua já foi ao chão com as chuvas, ventos, foi retirada, reformada, recolocada, mas permanece na praça que leva seu nome e conhecido ponto de ônibus da capital.