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13/03/2022 às 21h35min - Atualizada em 13/03/2022 às 17h15min

Introspecção e sensações despertadas através de filmes

Filmes além de serem um meio de recreação, também podem nos levar a um estado de reflexões cabíveis sobre a vida.

Adriely Sousa - Editado por Larissa Bispo
Créditos/Reprodução: Google
Quem nunca se sentiu em êxtase, encantado, reflexivo ou chorão após e durante um filme? Quem não lembra de ao menos uma frase ou cenas mais cativantes de sua obra cinematográfica favorita? Você é daqueles fãs de carteirinha de um filme, e acaba por incorporar em sua vida o vestuário, alguns resquícios da personalidade e lições de vida do seu personagem amado? Sim, acredito que muitos de nós tenhamos as atitudes descritas. Os filmes, além de cumprirem esse papel de diversão, uma recreação diferenciada, também vem aliados de estética, impressões, identidade e meios para conseguirem essa nossa atração e, posteriormente, deixarem o seu legado no mundo do cinema.

Com isso, os filmes que serão mencionados — O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001), Lila (2014) e Matilda (1996) —  certamente cumprem com essa missão de nos fazer repensar nossas atitudes, em sermos mais leves, e ensinam o poder da gentileza e empatia pelas pessoas que nos cercam. Um dos principais motivos para a escolha desse tema está na semelhança de atitudes e personalidades das personagens. Por serem donas de uma aura de ingenuidade, acabam cativando o público de variadas faixas etárias e épocas, bem como são bastante reflexivas, sensíveis, inteligentes e sonhadoras. Tendo isso em vista, para exemplificar tais semelhanças, serão apresentados aspectos da estética, conceitos psicológicos ou sociais, tal como os elementos empregados como pontos-chaves para o sucesso dos mesmos.

Realmente, alguns filmes têm o poder de adoçar a vida e torná-la mais vívida!

O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001)

O filme é do gênero comédia romântica, dirigido por Jean-Pierre Jeunet, lançado em 2001. A película foi ambientada em Paris, em alguns pontos turísticos, e as cenas mais rodadas foram gravadas no bairro de Montmartre. Além disso, conta com uma estética inconfundível que perpassa desde as cores saturadas do filme — verde, amarelo e vermelho — até a trilha sonora de Yann Tiersen.

A história começa no ano 1973, com o nascimento da protagonista, Amélie Poulain (Audrey Tautou), e flashbacks de alguns momentos de sua infância. Amélie é uma garotinha inteligente, criativa e solitária. O desenrolar da trama, então, se inicia com a percepção do distanciamento afetivo dos pais, que após a morte trágica da mãe de Amélie tal visão se torna mais latente. Isso porque seu pai — um antigo médico militar —  ficou mais estranho e até depressivo e alienado. A vida da personagem nunca foi um mar de rosas: a mãe, uma professora, tinha uma personalidade um tanto histérica; o pai, muito frio e só se aproximava da garota durante as consultas que eram realizadas mensalmente — pelo fato de Amélie não ser acostumada com o contato físico, só do pai tocá-la, a alegria era bastante que seu coração começava a disparar aceleradamente. 

Assim, em uma dessas consultas o pai lhe deu o diagnóstico equivocado de que a filha sofria de uma doença cardíaca. Por conta desse acontecimento, a garota vive em mundo totalmente isolado, sem poder ir à escola ou ter relações fora de casa. O filme implica num tipo de existencialismo delicado, com Amélie na busca de suprir seus medos e solidão através de sua criatividade. Com a morte da mãe de Amélie, a única coisa que a personagem anseia é alcançar a maioridade e ir embora de casa. Após a sua maioridade, muda-se do subúrbio para o bairro parisiense de Montmartre, onde começa a trabalhar como garçonete. Certo dia, encontra no banheiro do seu apartamento uma caixinha com brinquedos e figurinhas pertencentes ao antigo morador do apartamento. Decide procurá-lo e entregar o pertence ao seu dono, Dominique, anonimamente. Ao notar que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e remodela a sua visão do mundo.

O ponto-chave da obra é sobre o poder transformador da gentileza, o desejo de mudar vidas! 
A partir de então, Amélie engaja-se na realização de pequenos gestos a fim de ajudar e tornar mais felizes as pessoas ao seu redor. Ela ganha aí um novo sentido para a sua existência. Numa destas pequenas grandes ações, ela encontra um homem, e então o seu destino muda para sempre. Com essa ruptura, a moça sai da segurança monótona para viver sua aventura através dos vínculos que cria. A metamorfose interna é radical e alcança o interpessoal e a interferência social. 

Ademais, entrando no contexto social e na maneira como a  sociedade machista impõe seus ideais às mulheres, até então, antes de sua partida de casa e pela busca por essas aventuras, Amélie vivia uma realidade atípica, muito silenciosa, superprotegida — uma vida apática. A moça era apenas uma observadora e, após essa caixinha, consegue sair da bolha a qual fora criada e vencer os velhos preceitos. Com isso, a protagonista torna mais evidente sua personalidade, opiniões, curiosidades e desejos ao invés de mantê-los reprimidos.

Lila (2014)

Lila é um personagem de um curta-metragem de 9 minutos, sendo a conclusão de uma trilogia temática. O filme é do escritor, diretor, ilustrador e animador Carlos Lascano. A protagonista é interpretada por Alma Garcia e tem um ar de sonhadora e imaginação. Com a sua delicada arte de desenhar, transforma seu cotidiano numa obra de arte através de sua perspectiva e, assim, tenta deixar tudo mais colorido e amoroso por onde passa. 

Além disso, assim como Amélie, a mocinha tem uma personalidade muito encantadora, ingênua e a obra tem toda uma metáfora visual estendida sobre como as pessoas se relacionam, a maneira como solucionam seus problemas e os pequenos atos de bondade. O filme é uma verdadeira mesclagem do cinema com arte digital. Apesar do curta não ser tão popular, a mensagem e identidade do filme são pertinentes e fluidas.

Matilda (1996)

Matilda é um filme de comédia e fantasia de 1996, dirigido por Danny DeVitto, com Michael Shamberg, Stacy Cher e Lucy Dahl na produção. A obra é adaptação cinematográfica de um livro do autor galês de literatura infanto-juvenil, Road Dahl. Ademais, a estética do filme de DeVitto recebe as cores fortes e exageradas, aposta nos contrastes e em personagens marcados e histriônicos. A gravação acontece em três universos: a casa da família de Matilda, a escola e o chalé com flores silvestres da professora Honey. Nessa perspectiva, as atuações e estéticas do filme são usadas para atrair o público infantil.

Matilda Wormwood (Mara Wilson) é uma criança brilhante, um prodígio de apenas 6 anos que possui poderes mágicos. A menina cresceu em um lar totalmente indiferente, com pais grosseiros e ignorantes. Na maior parte de tempo se refugia na livraria onde costuma estimular sua imaginação. Com a vida em meio a uma família trambiqueira e extremamente fútil, Matilda aprende a ler e escrever sozinha, e só depois dos 6 anos, após sua insistência para frequentar a escola e alguns acontecimentos intrigantes que fez ao pai, finalmente, ele cede e matricula a menina na escola.

Ao se deparar com sua realidade fora de casa, Matilda agora terá de enfrentar um verdadeiro dragão, a diretora de Cruchem Hall  — a sra. Agatha Trunchbull, de características "assustadoras" e violenta. Matilda se aliará aos colegas e contará com o apoio afetivo de sua professora, a srª Honey, para conseguir tornar sua vida mais alegre. As aventuras da garota também envolverão a canalização de sua revolta e tristeza, pois Matilda aprenderá a controlar seus poderes. A menina carrega todo um conceito intelectual e divertido, algo bem didático e lúdico, conseguindo atrair públicos de idades diferentes.


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