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28/05/2022 às 11h30min - Atualizada em 28/05/2022 às 00h23min

Balenciaga leva a temporada de Primavera/Verão 2023 ao coração do capitalismo

A marca escolheu Nova York para a primeira apresentação nos EUA após 20 anos

Maria Eduarda Soldera - Editado por Beatriz Seguchi
Foto: Reprodução/Instagram (@wwd)

Após 20 anos sem se apresentar em terras estadunidenses, Balenciaga levou o desfile de Primavera/Verão 2023 ao coração do capitalismo: a Bolsa de Valores de Nova York, em Wall Street. A locação escolhida chamou atenção na internet (ao menos na bolha da moda), assim como a ideia de distribuir dinheiro fake como convite – na mesma semana que a marca  anunciou que começará a aceitar criptomoedas como pagamento. Tudo isso faz parte da narrativa entregue por Demna Gvasalia, diretor criativo da marca nessa apresentação.

O desfile, que ocorreu no último domingo (22/05), abriu ao som da trilha sonora sombria criada por BFRND e foi dividido em duas partes. A primeira parte conta com silhuetas clássicas que conversam diretamente com o workwear, como trench coats, vestidos midi com meia-calça, sobretudos exagerados, camisas de seda com laços, blazers, ombros exagerados combinados com saias de couro e ternos muito bem cortados – uma estética bem diferente da qual as redes sociais tem relacionado a marca, mas que certamente deixaria os trabalhadores de Wall Street bem mais fashionistas. Porém o que realmente chamou atenção foi o fetichismo que Demna trouxe a coleção ao cobrir os corpos dos modelos em látex, como se traduzisse pelas roupas o fetiche por dinheiro.



Ao fundo, nos monitores de ações que entram em completa pane, aparecem logos de empresas como Visa, The Walt Disney Company, Coca-Cola, Pfizer e Twitter – essa última aparece em destaque pela recente queda das ações provocada por Elon Musk.

No início da segunda parte uma colaboração entre Balenciaga e Adidas é revelada enquanto o streetwear toma conta do pregão. Agora a coleção ganha alguns pontos de cor e até as máscaras de látex, que continuam cobrindo a identidade dos modelos, se tornam coloridas. Os looks seguem pela mesma estética que já conhecemos da Balenciaga de Demna: conjuntos de moletom e agasalhos oversized, calçados pesados, peças em jeans e camisetas extremamente grandes, só que desta vez tudo contém as famosas três listras da adidas ao lado do nome da balenciaga – até a icônica bolsa Hourglass ganhou a logo da marca esportiva.

 
Assim que o último modelo cruzou a passarela, as peças da parceria com a Adidas foram colocadas imediatamente à venda, decisão que apenas reforçou o que poderia ser o lema desta coleção: o dinheiro. O que pode soar até hipócrita, já que Demna manteu a narrativa da apresentação em torno de uma crítica ao capitalismo e a fetichização ao dinheiro, mas ele adora uma polêmica, e pode ser considerado corajoso o suficiente para fazer uma crítica ao capitalismo quando ele faz parte de uma das peças desse sistema.


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