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31/05/2022 às 00h22min - Atualizada em 30/05/2022 às 19h23min

Cerca de 2,2 mil anormalidades ambientais afetaram Estados brasileiros, em 2022, a encargo das mudanças climáticas

Alteração do regime de chuvas e a intensificação das secas já são efeitos vividos pelos brasileiros, que representam cerca de 3,4 mil pessoas afetadas por um evento extremo

Renata Nalim - Editado por Giovana Rodrigues


O Deslizamento de terra que desmoronou dois imóveis históricos de Ouro Petro (MG); a seca do Rio Grande do Sul que desabasteceu a água na região e impactou o consumo de 3 milhões de gaúchos; os desastres em Petrópolis,  na Bahia e em Minas Gerais causados pela forte chuvas são alguns desastres naturais que ocorreram em 2022.
 
Neste ano, toda vez que acontece um evento extremo ambiental no Brasil, cerca de 3,4 mil pessoas são afetadas, aponta a CNN, com base em um levantamento da  Confederação Nacional de Municípios (CNM). Desde o início de 2022, o país já registrou mais de 2,2 mil anormalidades ambientais, que tendem a se intensificarem frente à crise climática, como alerta o especialista em política pública da Rainforest Foundation, Carlos Rittl.
 
Os cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC) apontam que o aumento da periodicidade dos eventos extremos está ligado às mudanças climáticas, que vêm afetando o mundo. O mais recente relatório do IPCC sinaliza que as chuvas fortes e as secas prolongadas serão mais frequentes e intensas, assim como as variações extremas da temperatura.
 

“O relatório do IPCC WGII-AR6 aponta que a atividade humana é incontestavelmente responsável pelo aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera, por conta do modelo de consumo demasiadamente, atividade industrial poluente e desmatamento. São as nossas ações enquanto espécie que provocam as alterações na composição da atmosfera e, consequentemente, provocam as mudanças climáticas”,  diz Bruno Araújo, geógrafo especialista em políticas públicas em mudanças climáticas.
 

O geógrafo também reforça que “o problema não está no aumento da concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera, a grande questão está na velocidade com que isso acontece. Hoje, o cenário que estamos é uma subida vertiginosa”.
 
No Brasil, nos últimos 120 anos, de 1902 a 2021, mais de 13 mil pessoas perderam suas vidas por conta de desastres naturais e 166 milhões de brasileiros foram afetados, mostra um levantamento realizado pela empresa de energia britânica Uswitch. Sendo a maioria dos eventos extremos causados por enchentes e em seguida, por deslizamentos, ambos estão relacionados com as chuvas. 


O físico da USP e membro do IPCC, Paulo Artaxo, explicou que algumas das alterações ocasionadas pela crise climática não são reversíveis, tendo como prazo para acontecer a alguns séculos ou milênios:
 

“Há mudanças irreversíveis mais óbvias, como o derretimento de geleiras: essa água não vai voltar a congelar. E há outras mais sutis, como a perda de biodiversidade. Se uma espécie é extinta, isso não é reversível", disse o físico à Folha de S.Paulo

 
Em 2022, por conta dos desastres naturais, o Governo Federal Brasileiro repassou R$ 5,2 milhões a 22 cidades brasileiras atingidas por fortes chuvas e efeitos de estiagem. Os montantes foram usados conforme a necessidade de cada região, sendo aplicados nos serviços de limpeza, no restabelecimento de drenagem, na desobstrução de trechos, na pavimentação e em kits de limpeza e higiene pessoal, bem como cestas de alimentos, para pessoas desabrigadas. 
 
Além do custo para enfrentar os impactos da crise climática, há outras consequências fatais que o Brasil enfrenta. Segundo Bruno Araújo, a alteração do regime de chuvas e a intensificação das secas são efeitos já vividos pelos brasileiros.
 

“No Rio de Janeiro, por exemplo, neste ano, tivemos dois momentos de deslizamento de terra em Petrópolis. O aumento da intensidade e da frequência das chuvas vêm acontecendo com um curto período de tempo, sendo que antes acontecia de 10 em 10 anos. A alteração do regime de chuvas, também, provoca uma intensificação da insegurança alimentar no Brasil, tendo em vista que os tipos de alimentos levam em consideração a estabilidade das estações do ano para realizar os cultivos”.

 
Em relação às secas, o geógrafo explica que os lugares onde elas  são mais intensas há falta de água, perda de fertilidade do solo e doenças respiratórias causadas pela baixa umidade do ar.
 
REFERÊNCIAS:
 
GALLIZZI, Ben. The Coutries most affected by global warming, based on natural desastres. U Switch, Estados Unidos, 12 de janeiro de 2022. Disponível em: https://www.uswitch.com/gas-electricity/global-warming-and-natural-disasters/ Acesso em: 04/04/2022
 
WATANABE, Phillippe. Cerca de 116 milhões de brasileiros foram afetados por desastres naturais desde 1902. Folha de S.Paulo, 2 de fevereiro de 2022. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2022/02/cerca-116-milhoes-de-brasileiros-foram-afetados-por-desastres-naturais-desde-1902.shtml#:~:text=A%20maior%20parte%20(154)%20dos,em%20diferentes%20regi%C3%B5es%20do%20pa%C3%ADs. Acesso em: 04/04/2022
 
Instituto Nacional de Meteorologia. Danos Sociais e econômicos decorrentes de desastres naturais em consequência de fenômenos meteorológicos no Brasil, 2021. Disponível em:  https://portal.inmet.gov.br/uploads/publicacoesDigitais/impactos-clima-2010-20192.pdf
Acesso em: 04/04/2022
 
Instituto Nacional de Meteorologia. Página inicial. Disponível em: https://portal.inmet.gov.br/ Acesso em: 04/04/2022
 
ALISSON, Elton. Brasil registrou recorde de eventos extremos de chuva em dezembro de 2021. Revista Galileu, 20 de janeiro de 2022. Disponível em:
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2022/01/brasil-registrou-recorde-de-eventos-extremos-de-chuva-em-dezembro-de-2021.html Acesso em: 04/04/2022
 
GOITIA, Vladimir. Brasil ainda mede pouco custo de desastre ambiental. Valor Econômico, 31 de março de 2022. Disponível em: https://valor.globo.com/publicacoes/suplementos/noticia/2022/03/31/brasil-ainda-mede-pouco-o-custo-de-desastre-ambiental.ghtml Acesso em: 04/04/2022
 
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Gov.Br. Página de notícias. Repassados mais de R$ 5,2 milhões para cidades afetadas por desastres naturais. Disponível em: https://www.gov.br/casacivil/pt-br/assuntos/noticias/2022/marco/repassados-mais-r-5-2-milhoes-para-cidades-afetadas-por-desastres-naturais Acesso em: 04/04/2022
 
VALPORTO, Oscar. Desastres naturais no mundo quase dobram em 20 anos. Projeto Colabora, 13 de outubro de 2020. Disponível em: https://projetocolabora.com.br/ods13/desastres-naturais-quase-dobram-em-20-anos/ Acesso em: 04/04/2022
 
ClimaInfo. Desastres climáticos no Brasil mataram 1.734 pessoas e custaram mais de R$ 200 bilhões em 10 anos. Disponível em: https://climainfo.org.br/2021/08/16/desastres-climaticos-no-brasil-mataram-1-734-pessoas-e-custaram-mais-de-r-300-bilhoes-em-10-anos/ Acesso em: 04/04/2022

 
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