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02/07/2022 às 19h37min - Atualizada em 29/03/2023 às 13h02min

Prejuízos causados pela pandemia na vida dos estudantes brasileiros

Isadora Neves - Editado por Ynara Mattos

De acordo com matéria publicada no G1 em agosto de 2021, a crise econômica intensificada pela pandemia, gerou um aumento no número de jovens que tentam conciliar trabalho com estudos. A maioria dos entrevistados, relataram que os pais ou responsáveis trabalhavam de forma autônoma antes da pandemia, como vendedores ambulantes e cabeleireiras, por exemplo. Profissões que foram diretamente afetadas com a chegada do Covid-19. Esses fatores acabaram limitando a renda dessas famílias. Assim, esses jovens tiveram que trocar a escola por trabalhos integrais para complementar a renda familiar.

Os entrevistados relatam que durante o ensino remoto, apesar de não assistirem às aulas, conseguiam entregar os trabalhos propostos pelos professores. Entretanto, com a volta do ensino presencial, os alunos terão que optar entre continuarem matriculados na escola ou trabalharem. Em vista disso, Pedro Henrique Gavioli, de 18 anos, entrevistado pelo G1, afirma que se pudesse com certeza voltaria á estudar, porém, o jovem hoje, é responsável por 70% da renda de sua família, que foi altamente afetada após o início da pandemia visto que, a mãe de Pedro Henrique trabalhava como
cabeleireira, o que impossibilita o jovem de parar de trabalhar nesse momento.

Acesso ao ensino superior

A entrada na universidade também ficou mais difícil para alguns jovens durante a pandemia. Segundo a pesquisa Juventude e Pandemia, divulgada pelo Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) e publicada pelo G1, seis a cada dez estudantes estavam procurando emprego durante o final de 2021. Além disso, aponta também que 11% dos estudantes do ensino médio não estavam conseguindo acompanhar as aulas remotas, enquanto outros 70% declararam não estarem se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Fatores que comprovam que a pandemia atrasou e impediu que uma parcela de jovens adentrasse na universidade.

Além da etapa escolar, o ensino superior também foi atingido pela pandemia. De acordo com uma pesquisa da Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação (Semesp), instituto que representa as mantenedoras do ensino superior no Brasil, obtida com exclusividade pela Globonews e publicada no ano passado, a taxa de evasão do ensino superior privado bateu recorde entre 2020 e 2021. Além disso, as taxas de inadimplência também subiram nas universidades privadas. Segundo a Semesp, pela primeira vez em 2020 a taxa de inadimplência quase chegou aos 10%.

Permanência na universidade

Além das universidades privadas, as universidades públicas também sofreram as consequências da pandemia. Desde o fechamento das instituições em 2020, o governo vem anunciando cortes consideráveis do orçamento destinado às universidades públicas no país. O mais recente anunciado em junho de 2022, decretou o corte de 7,2% do orçamento. Em matéria publicada pela CNN Brasil, a Andifes afirmou que os cortes somados a alta da inflação promovem uma situação crítica e até inviabiliza o funcionamento de alguns institutos federais. Vale ressaltar que, os estudantes das universidades públicas contam com auxílios de permanência, alimentação, alojamento, além de bolsas destinadas a pesquisas científicas. Os cortes orçamentários, portanto, acabam comprometendo até mesmo a permanência de jovens nas instituições, visto que muitos são de baixa renda e dependem desses auxílios para ocuparem o espaço acadêmico. Além de paralisar diversas pesquisas brasileiras. Esses fatores fizeram também com que vários alunos dessas instituições públicas tivessem que sair em busca de emprego para conseguirem se manter na universidade.

O Lab conversou com duas alunas da Universidade Federal de Juiz de Fora que tiveram que começar um novo emprego durante a pandemia e contam um pouco de como está a rotina depois da retomada das aulas presenciais.

Lorena Medeiros, de 22 anos, conta que durante a pandemia, a UFJF anunciou a diminuição do valor do auxílio e da bolsa de treinamento profissional que ela recebia e utilizava para se manter em Juiz de Fora, visto que, sua família mora em outra cidade mais afastada, na zona rural de Minas Gerais. Com isso, a aluna diz que ficou insegura e que o orçamento ficou apertado, por isso resolveu procurar seu primeiro emprego. Hoje, a estudante trabalha como vendedora, num shopping da cidade e relatou um pouco da sua rotina:

 

“Muito cansaço, não sobra tempo para me dedicar como queria para a faculdade, porque eu gosto muito do curso e fico triste de não poder me dedicar como antes. Depois do trabalho, por conta do excesso de interação e de demandas, não tenho energia para estudar nem para ter um pouco de lazer“.


Além de Lorena, o Lab conversou também com Paola de Araújo, estudante de Ciências Sociais da UFJF, e hoje também trabalha com mídias sociais. Assim como Lorena, Paola também se queixa do seu rendimento na universidade:
 

“Por mais que a bolsa da UFJF seja um incentivo, não é suficiente para que eu possa me manter na universidade, por isso parar de trabalhar não é uma opção. Apesar do meu trabalho ser home office, sinto que me prejudica no rendimento, tento ler todos os textos e prestar atenção na aula mas não é como antes“.


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