Brechós e Bazares são empreendimentos que estão cada dia mais caindo no gosto dos consumidores, segundo levantamento do Sebrae, o número de brechós como empreendimento registrou aumento superior a 48% no primeiro semestre de 2021, o que representa um grande avanço para o mercado de reutilização de peças como um todo. Porém, apesar de serem negócios pertencentes ao mesmo mercado e com um fim em comum, esses dois empreendimentos têm características próprias que os diferenciam.
Entre brechós e bazares, a curadoria
“A gente tenta oferecer para o cliente peças em sua melhor versão possível”, afirma ela.
Dessa maneira, o processo de curadoria se inicia na avaliação das condições da peça. É analisado se ela é elegível para vendas ou se tem algum defeito, logo depois se tem sua higienização, seguida da execução de reparos necessários e até customizações. Durante a entrevista, Luciana comentou como a customização, estágio final da curadoria, transforma uma peça.
“Fazer a customização, e mudar a perspectiva da peça é um trabalho cuidadoso, às vezes você corta a manga de uma peça e coloca em outra, aplica tecidos e dali surge algo novo”, contou a empresária.
Desse modo, assim como cada peça de um brechó é singular, o conjunto de cuidados e mudanças que uma indumentária recebe em cada um desses locais é um serviço personalizado e minucioso, tendo como produto uma peça única.
Mexendo no bolso
Além disso, o fator preço também é um indicador decisivo para contrastar os dois negócios, no caso dos bazares se tem preços mais baixos, normalmente não excedendo duas casas decimais em seus valores. Os brechós, por sua vez, possuem preços mais altos, chegando a possuir valores próximos a valores de mercado.
Nesse sentido, após o crescimento da aderência a brechós, surgiu o termo “gourmetização de brechós” entre os consumidores destes. O termo se refere a um processo de encarecimento de peças de brechó apontado por seus clientes, que comentam que alguns preços são altos demais “para serem roupas de brechó”.
Contudo, dentro de um cenário econômico, é preciso levar em conta o caráter comercial do brechó, como um estabelecimento, que possui despesas e gastos. A dona de brechó Luciana Mendes falou um pouco sobre seu investimento em peças. A empresária costuma viajar para selecionar as roupas do seu brechó, e transportar de volta para sua loja, além de fazer ajustes necessários, e customizações.
Desse modo, todo o processo pelo qual passam as peças nos brechós antes de irem a venda, precisam ser reconhecidos como ações que custam um valor monetário, e esse valor, ao final do processo, estará atrelado à peça. Nesse contexto, se ter a diferenciação entre esses dois negócios em mente é muito importante para se efetivar a valorização do brechó como empreendimento, e seus processos, que são atividades que além de demandar tempo e dedicação, são manuais e artesanais, o'que por sua vez confere uma maior valorização às vestimentas.
Sucesso entre os jovens, na moda e no meio ambiente
Atualmente, brechós e bazares têm feito sucesso principalmente entre jovens da geração Z, que estão cada vez mais preocupados com o tema sustentabilidade. Segundo McKinsey & Company, empresa especializada em consultoria empresarial, só essa geração, que é composta por jovens nascidos a partir dos anos 2000, representa 40% dos consumidores globais de brechós e bazares.
O crescimento desse mercado modal, que influencia positivamente o crescimento também da moda sustentável é algo muito benéfico para o meio ambiente, pois viabiliza a reutilização de peças de roupas, evitando seu descarte, e a incluindo novamente no ciclo da moda, local onde tem mostrado uma grande influência na segmentação de tendências. Brechó ou bazar, o importante é que se continue incentivando a moda sustentável, e valorizando cada um desses empreendimentos, seus impactos ambientais positivos e suas lindas peças vintage.