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16/07/2019 às 15h13min - Atualizada em 16/07/2019 às 15h13min

Fim de taxa em Fernando de Noronha pode afetar qualidade ambiental do arquipélago, dizem especialistas

Autoridades ligadas à sustentabilidade defendem que cobrança ajuda a manter infraestrutura da região

Alexandra Machado - Editado por Jéssica Belo
Jancsik Andras
A crítica feita no sábado (13), pelo presidente Jair Bolsonaro à taxa cobrada para os visitantes que acessam o arquipélago de Fernando de Noronha, levantou discussão sobre a importância da cobrança do valor para a manutenção da infraestrutura do parque.
Ele afirmou que o preço designado aos turistas que visitam as praias e trilhas da ilha é um “roubo” e diz que irá rever a cobrança. Para o presidente, a “falta de turismo” em Noronha – apesar do recorde de visitação batido no último ano – se deve à cobrança da tarifa de entrada.

Os valores arrecadados, segundo o governo de Pernambuco, é totalmente revertido à preservação do distrito de Fernando de Noronha. Enquanto o governo federal cuida do parque nacional através do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (vinculado ao Ministério do Meio Ambiente), o governo pernambucano fiscaliza a área habitável, por isso o turista paga duas tarifas de visitação.
“Esses recursos são totalmente revertidos na preservação da ilha, na realização de obras de infraestrutura e na manutenção dos serviços públicos”, afirmou o governo, em nota.

Brasileiros pagam R$ 106 na taxa federal para entrar no Parque Nacional Marinho, onde ficam as principais praias, e R$73,52 da estadual por dia de estadia na ilha – a tarifa cobrada pelo governo federal permite que cada um fique até dez dias no arquipélago; o visitante estrangeiro paga uma taxa federal mais cara: R$ 212, mais o adicional diário do governo pernambucano.
A administração local, em entrevista ao portal G1, diz que o objetivo de cobrar as taxas é preservar a fauna e a flora do arquipélago.
– O que podemos dizer para o turista que chega na ilha é que ele tem que esperar algumas situações em que ele precisa se adequar a algumas normas necessárias de cuidado ambiental, pois o nosso principal foco, no momento, é a sua preservação – conta Guilherme Rocha, administrador da ilha.

Alguns passeios têm horário marcado para começar e terminar: a Praia do Leão, por exemplo, fecha às 18h30; durante o dia é possível visitá-la, mas é proibido subir até o ninho das tartarugas. A maior parte da regras é feita pensando na proteção da fauna marinha.


Foto: Projeto Tamar

Para especialistas, a extinção da cobrança de ingresso vai fazer a qualidade de vida do distrito pernambucano cair. "Fernando de Noronha é um arquipélago com fragilidades muito sérias, e um turismo maior vai prejudicar o local. A visitação tem que ser limitada", disse Claudio Maretti, vice-presidente da Comissão Mundial de Áreas Protegidas, ao Diário do Nordeste.

Para o professor do Instituto Oceanográfico da USP e responsável pela Cátedra Unesco para Sustentabilidade dos Oceanos, Alexander Turra, a isenção das tarifas é populista e pode trazer prejuízos ao meio ambiente da ilha (em entrevista ao portal O Globo). "O que compromete o turismo no Brasil não são as taxas, cujas cobranças são feitas em poucos parques. O problema do turismo é a falta de estrutura, saneamento, coleta do lixo, que é o que faz com que as praias percam qualidade e se tornem impróprias" afirma.

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