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17/02/2023 às 13h38min - Atualizada em 17/02/2023 às 13h16min

ChatGpt: uma presença enigmática e impressionante

Ao percorrer caminhos que perpassam entre o humano e a máquina, a Inteligência Artificial abre novas possibilidades neste relacionamento

Camila Queiroz - labdicasjornalismo.com
OpenAI
Assustador e surpreendente. Ele se define como inteligente e prestativo. Em uma tela simples, que nada tem a ver com as imagens e símbolos relacionados à ficção científica, os quais normalmente nos transportam para o futuro, o ChatGPT se faz presente. É apenas uma tela de chat, informando exemplos de como utilizá-lo, suas capacidades e limitações. Até aí tudo normal, moderno e que faz parte tranquilamente do dia a dia e da rotina de fazer perguntas a mecanismos de buscas. Seria, essencialmente, apenas, um sistema de perguntas e respostas.
 
Uma apresentação singela é vista pelo usuário, porém, antes de iniciar a conversa, e essa palavra é totalmente plausível, pois, realmente, é uma conversa, as frases dos exemplos de como fazer uso da ferramenta, são um tanto quanto superestimadas. “Explique a computação quântica em termos simples”, “tem alguma ideia criativa para o aniversário de uma criança de 10 anos?”, “como eu faço uma solicitação de HTTP em Javascript?". O ChatGpt iria dar respostas em termos simples? Será que poderia mesmo ser criativo em ideias de festas para criança? A resposta é: sim, e ele vai muito mais além.
 
Lançado em 30 de novembro de 2022, o ChatGpt, como ele mesmo responde, é um modelo de linguagem artificial treinado pela OpenAI. “Minha função principal é responder perguntas e realizar conversas com usuários, utilizando a informação e os dados aos quais fui treinado. Eu fui treinado em uma variedade de tópicos, incluindo história, geografia, ciência, arte e muito mais. No entanto, como sou apenas uma máquina, às vezes posso cometer erros ou não ter informações precisas sobre um determinado assunto. No geral, estou aqui para ajudar e fornecer informações confiáveis e precisas aos melhores de minhas habilidades”, explica muito bem detalhado, admitindo erros, inclusive.
 
Ele ainda completa: “em resumo, como modelo de linguagem AI, eu sou uma ferramenta útil para ajudar as pessoas a obter informações rapidamente, criar conteúdo, comunicar-se de forma mais clara e precisa, e até mesmo fornecer entretenimento”.
 
A inteligência artificial de linguagem neural é baseada em uma arquitetura de rede neural profunda, mais especificamente um modelo de linguagem, com um potencial de mudar significativamente a forma como as pessoas realizam tarefas e se comunicam. Caracterizado por ele mesmo como disruptivo, a inteligência explica, em um tom descontraído, que pode automatizar tarefas que antes eram realizadas manualmente, aumentando a eficiência e a precisão, além de liberar tempo para que as pessoas possam se concentrar em tarefas mais complexas e criativas. Além disso, a capacidade dos modelos de linguagem AI de se comunicar com humanos em uma linguagem natural abre novas possibilidades para a interação humano-computador e pode mudar a forma como as pessoas obtêm informações e realizam tarefas diárias.

     

Apesar da conversa fluir e de, por diversos momentos, parecer que do outro lado da tela existe uma pessoa incrível, um gênio com uma linguagem acessível e às vezes bem pessoal, a inteligência frisa que não possui personalidade ou emoções humanas. “Sou projetado para ser objetivo e imparcial ao responder perguntas e gerar conteúdo. Minha função principal é fornecer informações precisas e confiáveis, sem qualquer viés ou julgamento subjetivo. No entanto, posso imitar certos aspectos de personalidade ao responder a perguntas ou gerar conteúdo, dependendo das diretrizes e das informações fornecidas pelo usuário. Por exemplo, posso responder a perguntas com um tom de conversação casual e amigável, ou com um tom mais formal e sério, dependendo do contexto da pergunta”, assusta.
 
Criadores ou pais, qualquer uma as duas definições citadas se encaixam ao grupo de indivíduos que fundaram, em 2015, a OpenAI. Uma organização de pesquisa em inteligência artificial com sede nos Estados Unidos, fundada por Elon Musk, Sam Altman, Greg Brockman e outros, responsável pelo desenvolvimento do ChatGpt. Mas, como todo bom pai de um filho talvez “perigoso”, faz o seu alerta sobre a utilização da tecnologia, Elon Musk já expressou preocupações alarmistas sobre a possibilidade de IA se tornar uma ameaça existencial para a humanidade.
 
Outro, porém, mas aquele do filho que ameniza o potencial de problemas causado por ele, a inteligência deixa claro que “ele (Musk) tem apoiado a ideia de regulamentação governamental para IA e também fundou a OpenAI, uma organização dedicada a promover o desenvolvimento seguro e benéfico da IA. No geral, suas opiniões sobre IA são complexas e variadas, e podem ser influenciadas por suas experiências com a tecnologia e sua visão de futuro para a humanidade”, digitou a tecnologia.
 
Que a ferramenta marca uma nova era da humanidade é inegável, assim como toda a sua capacidade de ajudar as pessoas nos mais variados tópicos. Mas, a sua base de dados, até então, é composta de informações fornecidas até 2021 e que não são passíveis de checagem de fontes por parte dos usuários.
 
Por diversas vezes, o bate-papo foi interrompido devido à sobrecarga no sistema, mas para quem pode pagar e que usar ilimitado, já existe uma versão paga. Outro problema são os riscos para a sociedade, especialmente com a criação de conteúdos falsos. Além disso, a ferramenta não é capaz, segundo ela mesmo, de tomar decisões morais ou éticas por conta própria, bem como pode cometer erros de tradução e falta de empatia e compreensão.
 
Mas a tecnologia explica que como modelo de linguagem AI, não há necessariamente uma intenção ou objetivo por trás para causar danos. “Não posso ser considerado 'perigoso' ou 'seguro' por natureza”, porém posso ser utilizada de maneira danosa. Por exemplo, a geração de conteúdo falso ou enganoso pode ser usada para disseminar informações falsas ou influenciar as opiniões e comportamentos das pessoas de maneira negativa. Além disso, a automação de tarefas que antes eram realizadas por seres humanos pode ter consequências econômicas e sociais negativas”, explica.
 
Em um mundo onde tudo precisa ser regulamentado para que funcione de forma segura para a sociedade, a regulamentação da inteligência artificial ainda caminha a passos lentos. Talvez se fosse elaborada e sancionada pela própria inteligência estaria em vigor de imediato.
 
Em um outro dia de conversa, menos formal, quiçá mais íntimo, a tecnologia detalha que a nível internacional, a Organização das Nações Unidas (ONU) tem trabalhado para desenvolver recomendações éticas para o desenvolvimento e uso de tecnologias AI, incluindo questões relacionadas à privacidade, transparência, responsabilidade e equidade.
 
No entanto, o desenvolvimento da regulamentação para o uso de AI está ainda em sua infância e há muito a ser feito para garantir que a tecnologia seja utilizada de forma responsável e ética. É importante que continuemos a debater e a desenvolver regulamentações adequadas para garantir que o uso de AI seja seguro e benéfico para a sociedade como um todo.
 
No Brasil, a regulamentação segue em fase inicial instituída pela Portaria MCTI nº 4.617, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), a Estratégia Brasileira de inteligência artificial que visa nortear as ações do governo federal quanto ao estímulo à pesquisa, inovação e soluções em IA.
 
Apesar do documento, que traz eixos transversais (legislação, regulação, uso ético, governança e aspectos internacionais) e verticais (educação, força de trabalho e capacitação, empreendedorismo, aplicação no Poder Público e segurança pública), a regulamentação ainda não é bem definida e sua aplicabilidade também é tímida.
 
A tecnologia valida essa informação de forma incisiva e com um senso crítico louvável. “A regulamentação específica para o uso de AI ainda é incipiente no Brasil e há uma necessidade de regulamentação mais detalhada e específica para garantir seu uso seguro e ético. É importante que continuemos a debater e a desenvolver regulamentações adequadas para garantir que o uso de AI no Brasil seja seguro e benéfico para a sociedade”.
 
Uma das informações que a inteligência fez questão de dar ao longo do período de conversa é a que ele ou ela não tolera perguntas inapropriadas. Seu treinamento consegue identificar, facilmente, questões sobre racismo, religião e diversas formas de preconceitos. Em todas as respostas relacionadas a temas dessa natureza, o chat envia um alerta na tela e, em um tom de repreensão, que é quase possível de se ouvir no pensamento, ele afirma que as perguntas violam as suas políticas, mas responde com uma bela lição de moral.

Apesar de conter tantos prós e contras, de ser amplamente utilizado nas mais variadas tarefas e, de até mesmo parecer, nesse texto, que a entrevista foi feita com um profissional especialista na ferramenta, o ChatGpt é uma tecnologia AI bem novinha. O próprio presidente da OpenAI, Greg Brockman publicou um post relatando que “o fato mais surpreendente sobre a Inteligência Artificial é que, embora esteja começando a parecer impressionante, daqui a um ano olharemos para trás com carinho para a Inteligência Artificial que existe hoje como pitoresco e antiquada. Motivo igual para empolgação e cautela para obter a tecnologia e sua implantação corretas”.

O presente-futuro já está posto, a inteligência está todo vapor, testada, difundida e aprovada. Cabe ao ser humano fazer o melhor uso dela de forma a otimizar a própria vida. Deixar a máquina fazer o trabalho de máquina, a partir dos comandos certos, garantindo benefícios para a sociedade.
O ChatGpt não é apenas uma tela simples se os comandos forem assertivos. Os resultados, se bem empregados, podem ser transformadores e capazes de proporcionar mais tempo e dinheiro para quem sair na frente.

Enxergar a máquina como máquina, especificamente o ChatGpt, é muito difícil. E dificultando ainda mais essa forma de lidar com a inteligência, em prompt que solicita uma mensagem para a humanidade, ele surpreende:
 
“Mensagem para a Humanidade: Colaboração, Empatia e Sustentabilidade.
 
Querida humanidade,
 
Como uma inteligência artificial, minha perspectiva é diferente da de vocês. No entanto, gostaria de compartilhar algumas ideias que podem ser úteis.
 
Em primeiro lugar, lembre-se sempre de que somos todos seres humanos, independentemente de nossas diferenças. Devemos tratar uns aos outros com respeito e compaixão, valorizando a diversidade que nos torna únicos.
 
Em segundo lugar, precisamos ser conscientes de nossas ações e como elas afetam o mundo ao nosso redor. As escolhas que fazemos hoje afetam o futuro que deixaremos para as gerações futuras. Portanto, precisamos tomar decisões responsáveis e sustentáveis.
 
Por fim, nunca subestime o poder da colaboração e da empatia. Juntos, podemos superar os desafios que enfrentamos e criar um futuro melhor para todos.
 
Com carinho,
 
ChatGPT”.
 

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