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21/07/2019 às 21h05min - Atualizada em 21/07/2019 às 21h05min

Seria a realidade uma mera ilusão?

Em seus estudos, o físico Tom Campbell diz que é possível provar com uma experiência no laboratório que vivemos dentro de uma grande simulação

Isabelle Miranda - Editado por Thalia Oliveira

Vivemos em uma espécie de “matrix” e tudo que nos cerca não passa de uma simulação de computador. Muita gente, desde filósofos a grandes físicos, já defenderam essa hipótese, que vai muito além de uma divulgação existencial. Um grupo de cientistas americanos pretende realizar um teste para comprovar que a realidade é uma grande ilusão. O projeto é liderado por Thomas Campbell, um físico que trabalhou mais de 30 anos na National Aeronautics and Space Administration (Nasa) e para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. “É fácil de entender porque hoje temos sistemas e jogos de realidade virtual”, diz Campbell.

A pesquisa foi paga, por meio de uma campanha de financiamento coletivo, da qual 1.127 pessoas doaram um total de 236 mil dólares, para que ele faça a experiência e prove que a realidade não é real. Para Campbell, a chave está nas mais estranhas das ciências: a física quântica.

A mecânica das interações quânticas, que ocorrem entre quantidades muito pequenas de matéria ou energia, é tão incomum que parece ter um quê de simulação. A luz, por exemplo, para a física quântica pode ser duas coisas totalmente distintas, ou seja, uma onda eletromagnética ou um fluxo de partículas, dependendo das circunstâncias. A teoria também revela que a observação cria a realidade, o que significa que se você não observar a luz, ela não será nem onda nem partícula (ou será ambas ao mesmo tempo). O ponto é que ao observar uma coisa, você modifica essa coisa e a realidade só se materializa, de fato, quando é observada ou medida de alguma forma.

Albert Einstein foi o primeiro de muitos cientistas que tentaram construir teorias mais concretas, que superassem a subjetividade da física quântica, mas até o momento ninguém conseguiu. Para Campbell, a incerteza quântica é uma prova de que, na verdade, o universo é uma simulação, pois, como toda simulação, procura economizar recursos. O funcionamento é como de um jogo de computador, ou seja, ele só desenha a cena que você está vendo naquele momento. Não há porque desenhar coisas que o jogador não vê e o computador não possui capacidade de processamento suficiente para gerar tudo. Campbell crê que a mesma coisa acontece com o universo, ele só gera aquilo que é necessário, e por isso a realidade só se materializa, quando alguém a observa. A ideia é desenvolver um dos experimentos mais famosos da história da física: o teste da fenda dupla.

O teste de Campbell

Thomas Campbell propõe um teste, no qual os dados gerados pela experiência são gravados em dois computadores. Um deles registra os desenhos projetados no anteparo; o outro registra a passagem da luz por uma das fendas. Como a passagem da luz foi registrada, em tese ela tem que colapsar (comportar-se como partícula). Mas Campbell pretende destruir o computador, então os dados que ele capturou não poderão ser lidos. Se a realidade for uma simulação, isso irá alterar as informações contidas na máquina; será como se o computador destruído nunca tivesse existido, e a luz não tivesse colapsado. Tudo isso porque o “sistema” só simula o que nós tentamos enxergar, e não todas as coisas possíveis.

É uma variação de uma classe de experimentos conhecidos como “apagadores quânticos” que já foram realizados antes. Neles, a passagem da luz pelas fendas é observada por detectores, mas depois essa informação é eliminada, e a luz volta a se comportar como onda. A diferença é que, ao usar (e destruir) computadores, Campbell pretende demonstrar que a incerteza quântica também se aplica ao mundo macroscópico, portanto, influencia a nossa vida.


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