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10/04/2023 às 21h33min - Atualizada em 10/04/2023 às 21h14min

Belchior: O atemporal rapaz latino-americano

Com um visual memorável e voz única, Belchior foi e continua sendo um fenômeno que marcou a história da MPB

Gean Rocha - Revisado por Flavia Sousa
Belchior deixou uma extensa trajetória musical de sucesso. Foto: Reprodução / Telepadi UOL
Nascido em Sobral, no Ceará, em outubro de 1946, Antônio Carlos Gomes Belchior, cursava medicina em Fortaleza, mas abandonou a faculdade para se dedicar ao sonho de ser músico.

Desde de sempre sua vida esteve atrelada à música, sua mãe Dolores cantava no coral da igreja e logo cedo ele foi apresentado às músicas de artistas como Ângela Maria e Cauby Peixoto.

Foi a partir de 1962 que o rapaz latino-americano como ficaria conhecido no futuro deu seus primeiros passos na música como artista profissional. Até a década de 1970, ele participou de festivais de música, shows amadores e programas de rádio e TV, dividiu o palco com colegas como Fagner e Ednardo.



No Rio de Janeiro, participou do IV Festival Universitário da MPB e conquistou o primeiro lugar com a música “Na Hora do Almoço”, lançou o compacto Na Hora do Almoço / Quem Me Dera pelo selo Copacabana e passou a compor trilhas sonoras para curtas-metragens e se apresentar em praças e programas de TV, mas sem deixar de compor canções ao lado de artistas cearense.
Sua consagração venho com o sucesso “Mucuripe” que foi escrita em parceria com Fagner e ficou conhecida na voz da consagrada Elis Regina. Com todo o sucesso da música, Belchior teve portas abertas e se estabeleceu como um dos principais artistas brasileiros.

Com seu primeiro LP: A Palo Seco, que foi lançado em 1974, o músico encontrou certa resistência da mídia que considerava suas canções muito críticas, mas vários interpretes regravaram suas músicas.

Em 1976, Belchior lança “Alucinação”, considerado sua maior obra-prima, canções presentes no álbum como: Apenas Um Rapaz Latino-Americano, Como Nosso Pais e Velha Roupa Colorida se tornaram grandes clássicos e fazem sucessos até hoje.
Foram 14 álbuns lançados ao longo de 25 anos, sem contar as inúmeras coletâneas, parcerias e discos ao vivo. Hoje, Belchior conta com mais de um milhão de ouvintes mensais no spotify.

Belchior foi um músico que sempre se reinventava, gravou dois CDs com versões em espanhol das suas composições: Eldorado, em 1998, e La Vida Es Sueno, em 2001. Em português, o último álbum de Belchior foi Auto-Retrato, uma coletânea de sucessos lançada em 1999.
Durante sua carreira, o astro enfrentou algumas polemicas, ele enfrentou um processo trabalhista e dois processos judiciais relacionados às suas filhas, tendo seus carros e contas bancárias bloqueados e se tornando um foragido da polícia.



Em 2009, o cantou desapareceu saindo de um hotel no Uruguai sem pagar as despesas. A revista Época, apontou em uma reportagem que o músico viveu uma vida errática durante dez anos, sendo procurado pela polícia e morando de favor na casa de fãs e amigos.

Com uma carreira de sucesso e com altos e baixos, em 2017, a voz grave do poeta e cantor, que havia conquistado milhares de corações e optado por um autoexílio silencioso nos seus últimos anos, calou-se de vez.

O cantou morreu aos 70 anos devido ao rompimento de um aneurisma da aorta. Sua morte causou uma comoção nacional e levou o governo do Ceará a decretar luto oficial de três dias. O cantor foi velado em sua cidade natal, Sobral, e sepultado em Fortaleza, como era o seu desejo.

Seis anos depois de sua partida, Belchior ainda vive e viverá para sempre, presente em cada momento da música popular brasileira.

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