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12/08/2019 às 12h58min - Atualizada em 12/08/2019 às 12h58min

“Às quartas-feiras, nós usamos rosa!”

A rivalidade feminina em filmes e o papel da sororidade

Beatriz Evaristo
Foto do acervo do site Saraiva
A formula para quase todos os filmes é básica, uma mocinha, geralmente frágil e em busca de um amor (imagem masculina), um herói. Esse geralmente é o homem que a mocinha busca, másculo, bonito e herdeiro de alguma fortuna. Por fim, um vilão, esse tenta a todo custo separar o casal, com intrigas, mentiras e maldades, muitas vezes esse personagem é uma figura feminina.

Quantos filmes há com esse enredo? Seja ele de “contos de fada”, de comédia romântica e filmes teens. São inúmeros os títulos que retratam uma história que afeta a forma como a sociedade age.

“Inimiga”, “Recalcada” e “Falsa” são alguns dos adjetivos que mulheres dão a outras mulheres, pelo simples fato de que são ensinadas pela sociedade e incentivadas pelos filmes a fazerem isso.

Desde pequenas as meninas assistem a filmes de conto de fadas, que reforçam a ideia de que devem buscar uma figura masculina na própria vida e que as outras meninas não são amigas de verdade, que não podem contar com nenhuma delas, tornando-as rivais.

“Meninas Malvadas” é um filme teen norte americano que retrata exatamente o termo rivalidade feminina. Estrelado por Lindsay Lohan, o filme fez muito sucesso por mostrar diversas problemáticas em torno do comportamento juvenil, tais como hierarquia social e bullying. O filme tem como foco principal a competição entre as meninas, tanto em relação a homens quanto a popularidade. 

Laís Santos,19, é estudante de pedagogia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e luta a favor do movimento feminista. Em entrevista ela conta como os filmes reafirmam a existência de uma rivalidade feminina.

“Eu acho que essa rivalidade que é retratada nos filmes acaba que reafirma um fato social, a rivalidade feminina existe e predomina muito em bairros periféricos, então as vezes essas mulheres que são desses bairros, que não tem acesso a essa desconstrução, e nesses locais onde o machismo é extremamente predominante, a rivalidade acontece como uma coisa natural. Então, quando os filmes retratam isso e as mulheres assistem, torna-se mais uma afirmação do que já foi ensinado a elas.”

O termo rivalidade feminina é utilizado, muitas vezes, no cinema. Cria-se uma imagem de que as mulheres são rivais umas das outras, essencialmente em filmes teens.

Essa rivalidade acaba tendo reflexos na sociedade, criam-se ideias de que mulheres são falsas, invejosas e incapazes de serem amigas.

Esse ato está tão enraizado que mal se percebe, ele foi criado com o intuito de distanciar as mulheres, isola-las, já que é o modo mais fácil para impedir que elas se empoderem.
  
A mulher já nasce em uma sociedade que determina o que ela deve ou não fazer, como ela deve se portar diante de tal fato. Elas não são ensinadas a amar a próxima, e sim, enxerga-las como uma adversária. É em vista disso que grande parte das mulheres mais velhas não detém o conhecimento sobre o que é o feminismo e suas vertentes.  

A sororidade
O termo sororidade, embora seja pouco discutido, já é pauta para muitas feministas. O significado ainda não está disponível no dicionário da língua portuguesa, mas no ano de 2017, “o que é sororidade?” estava em quinto lugar no ranking de pesquisa do site.

O vocábulo significa - segundo o site significados - a união ou aliança entre mulheres, baseadas na empatia e companheirismo, cria-se então a noção de “irmandade” e é exatamente isso que a Tanara Tavares, 36, propôs no projeto dela no Instagram.

Tanara sofreu diversos abusos ao longo da vida, tanto físicos quanto psicológicos. Ela ia contra a ideia do feminismo, achava que não tinha relação com o movimento, contudo, ao conhecer realmente a proposta do feminismo e entender como ele funciona, ela se sentiu libertada.

Tendo em mente que precisava ajudar mais mulheres que passam pelos mesmos problemas que passou, Tanara criou uma conta no Instagram intitulada @sororidadebrasil que ajuda mulheres a compreender essa luta e a perceberem que não estão sozinhas.

“Fui tomada por uma vontade de levar essa força para outras mulheres e o @sororidadebrasil nasceu. Hoje, somos um coletivo com 12 mulheres e vertentes políticas diferentes, somando para alcançar mais mulheres e levar informação, conscientização e muita sororidade. Costumo dizer que somos a força de um sonho em comum, e que o nosso combustível é o amor. Não é um trabalho fácil, exige muito tempo, dedicação, surgem muitas críticas, mas aprendi que tenho que manter o olhar no alvo, no objetivo que são as vidas que estão mudando através da página.” Diz Tanara em entrevista. 

São mulheres como a Tanara e a Laís que lutam em prol do feminino, desconstruindo o patriarcado estabelecido na sociedade e incentivando a irmandade que ajudam a desmantelar a ideia de uma rivalidade feminina.

 Imagem: Reprodução do Instagram @sororidadebrasil

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